Lembranças do passado

Preparativos

Dias depois...

Me apoei na cadeira do salão enquanto meu cabelereiro Bill, arrumava meus longos cabelos para o dia do casamento.

Bill passava os dedos por entre meus cabelos, cacheados levemente nas pontas. Ele prendeu meus cabelos com duas presilhas de prata, que juntas formavam várias flores prateadas. Enquanto isso, as manicures aproveitavam e pintavam minhas unhas com um tom vermelho ofuscante.

— Minha princesa finalmente vai se casar.

— Estou muito ansiosa Bill, parece tudo um sonho — Digo a ele.

— Pelo que vi nas fotos ele parece ser um bom partido, se deu bem garota.

Solto uma leve risada, de repente estamos rindo sem parar, trocando risadas entre nós mesmos. Os minutos passam rapidamente, conversamos sobre assuntos indeterminados.

O telefone começa a tocar, cortando os devaneios da nossa conversa Atendo a chamada  de Jonas rapidamente, no terceiro toque e o congratulo com minha voz suave.

— Amor, ligou por qual motivo?.

— Liguei para avisar que estou indo para a igreja já, como de costume a noiva tem que atrasar um pouco. Acho melhor colocar o vestido na minha casa, já que está mais próximo a igreja , brevemente minha mãe vai ir te buscar na sua casa.— diz Jonas do outro lado da linha.

— Quando arrumar meus cabelos, irei para casa esperar sua mãe.

— Está bem amor, agora tenho que desligar, estou dirigindo — Trocamos beijos pelo celular antes de ele desligar.

Momentos depois, Bill finalmente havia terminado os toques finas para fazer meus cabelos voltar a ser como era antes a vinte anos. Expio no espelho rapidamente e o resultado é incrível. Minha feição se torna mais jovem, as longas mechas caiam junto aos ombros, cacheado nas pontas.

O sol já estava para se por, quando eu me retiro do salão, agradecida pelos resultados, indo em direção a minha residência, esperar a chegada de Carly.

Finalmente chego em casa, aconchegada e contente. A inquietude é tremenda de mostrar meus cabelos a alguém, mas estou sozinha em casa. Minha mãe provavelmente já estava na igreja espetando ansiosa por minha entrada triunfal.

Seguro em minhas mãos, o vestido de casamento, guardado em uma fina caixa de presente.

Quinze minutos depois, sou surpreendida pela campainha.

Abrindo a porta, encontro uma Carly ansiosa e sorridente. A umidade emoldura seu cabelo formando pequenas gotas de suor sobre a testa.

— Vamos — Ela recua, indo em direção ao carro, sem ao menos me cumprimentar.

A ponta do vestido verde-lima dela se arrastava na calçada, enquanto ela entrava dentro do veículo branco.

Rapidamente, tranco minha casa e vou em direção ao carro. As rodas eram cromadas de um tom prata e por dentro, parece ser ainda mais reconfortante.

Antes de engatar a marcha, ela se vira para mim e diz :

— Parabéns por ser alguém tão especial para o meu filho. Ele está realmente contente com isso.

Sem hesitar e com o sistema nervoso conectado à mão direita, Carly encaixa a marcha ré e gruda os olhos na estrada. Conforme percorremos a sinuosa estrada que dá  acesso a igreja, as sombras do final da tarde se alongam.

Escolho os ombros.

— Eu amo muito ele.

— Você acha que ele é realmente especial na sua vida? — Pergunta ela.

— Algumas pessoas fazem o mundo especial só de estarem nele, e o Jonas é uma dessas pessoas.

— Mas tome cuidado, já chamei pessoas próximas de amigo e descobri que não eram. Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais pra mim.

— Eu sei — concordo.

— Chegamos em casa — Diz finalmente Carly.

O carro vai parando na medida em que aproximamos de sua casa. Telhados de um material indecifrável, reveste o teto, junto com um forro de vidro, utilizado para abafar som. A porta vai se abrindo.

Entro na casa e sou surpreendida por uma extensa sala de estar que refletem nossos rostos em toda a volta. Uma imensa tela de televisão, inútil, mas brilhando suavemente, ocupa uma parede do comodo.  Cadeiras estofadas e sofás  estão espalhadas em volta da sala. É onde nós nos reunimos, afundando os pés nos tapetes macios e me envolvendo em um acolchoado de pele de ganso.

Carly, aparentando estar pressa, pega o vestido na mesa e dirigi ele à mim. Ela me leva por entre um longo corredor, chegando em fim ao que aparenta ser um closet.

— Se troque aqui dentro, irá facilitar.

Assusto-me ao ver tantos diferentes tipos de roupas e sapatos, amontoados delicadamente em cores e tamanhos diferente. Sem dúvidas, Carly deve ter contratado uma arrumadeira para por em ordem tudo isso.

Me ponho em frente ao espelho, observando meus cabelos e minha maquiagem delicada. Lentamente, vou colocando o vestido, medindo parte por parte. Algumas partes do vestidos ficam apertadas, mas nada que me incomode. Calço os sapatos brancos como se fosse a Cinderela. Olhando no espelho, literalmente pareço uma princesa de contos de fadas, que está esperando beijar seu príncipe.

Carly está do lado da porta, à minha espera. Ela apenas passa um pó no meu rosto e parte em retirada.

Minutos depois, novamente estamos no automóvel, agora a ansiedade toma conta, quase que o pulmão não consegue puxar o ar. A mulher ao meu lado no carro, percebe minha inquietação e tenta ao minimizar isso.

Olhando pelo vidro, nota-se que a luz da tarde fica fraca, e de repente o céu  se tornou escuro e prazeroso. De alaranjado foi para azulado, assim como eu, de menina calma foi para ansiedade em pessoa.

— Quantas pessoas fazem você se sentir rara, pura e especial ?.Quantas pessoas fazem você se sentir extraordinária por um longo tempo? — Ao invés de tentar me deixar calma, ouvir a voz de Carly me deixa mais nervosa ainda.

— O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade em que acontece. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.

— Jonas é único em sua vida? — sua voz muda bruscamente.

— Cada pessoas que passa em nossa vida é única. Sempre deixa um pouco de si e leva um pouco de nós. Há os que levam muito, mas não tem os que não deixam nada. Por isso, cada pessoa que passa em nossas vidas são raras, puras e especiais, uma do seu geito.

No resto do percurso, ficamos em silêncio apenas segurando a ansiedade dentro de nós. Ao longo do horizonte, vejo as pessoas se aglomerado dentro da imensa igreja e  meu coração palpita.