II

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Eu tinha quatorze anos quando fui mandado pra cá. Digamos que aprontei muito nessa época e esse foi meu castigo. Cinco pessoas vieram comigo, Dora, que ficou apenas um ano em Darly; Pietro, que teve um surto e quebrou as mesas do refeitório seis meses depois de chegar, acabou sendo expulso; Bob, aquele que consegue drogas se você pagar bem; Luana, que é de longe a mais inteligente da escola; e finalmente ele, Kayle Prince, o garoto que revirou a cabeça de todo mundo.

Mia já estava lá a um ano quando eu cheguei, mas nossa amizade demou mais um ano pra começar. antes de nos aproximarmos eu conversava mais com Bob, que sempre foi meu porto seguro aqui, enquanto ela se empenhava em chamar a atenção de Kayle. todas as garotas e alguns garotos queriam ter uma chance com ele. Kayle despertava o interesse das garotas e a inveja dos garotos, que o odiavam. Ele era bonito e forte pra sua idade, aqui em Darly nunca tinha nada pra fazer, então o pessoal desenvolveu bastante  a libido. O bonitão aproveitou, é claro, lá fora nunca teve tantas garotas se jogando assim pra cima dele, certo?

Três anos depois e cá estamos nós na mesma. Kayle continua sendo o mais bonito e desejado, segundo uma pesquisa entre as garotas, seguido por Derek, Tiago e Tadeu, nessa ordem. Das garotas a Carla é a rainha, seguida por Bety, Tânia e Samara. Desse grupo o Kayle é o único solteiro, ele diz que tem muito pra aproveitar antes de se amarrar a alguém. Mia acha que se se esforçar o suficiente, ela será a guerreira capaz de domar o coração do cavalo selvagem e te-lo para todo o sempre, mas todos sabemos que no final do ano, vamos estar livres da escola e uns dos outros e talvez nunca mais ninguém veja ninguém. Talvez ela tenha mesmo razão e depois que saírem daqui eles se casem e tenham, sei lá, três filhos.

Mia é baixinha, deve ter um e sessenta no máximo, cabelos cacheados e pele negra. olhos castanhos claros e uma voz, que as vezes, só as vezes é levemente irritante. Mas apesar de suas loucuras eu amo ela. Kayle tem cabelos loiros e pele clara, possíveis um e noventa de altura e um corpo muito bem definido, a natação lhe rendeu benefícios afinal, olhos verdes, ombros largos e por aí vai . Bob é menor, não muito, uns dez cenimetros talvez, cabelos cacheados e volumosos, pretos, magro e de olhos castanhos, sempre animado e por perto. nossa amizade nasceu ainda no ônibus e nunca morreu. Conheci a mia, porque ela aceitou ficar com ele um tempo, ele tava animado com a ideia, mas ela só queria fazer ciumes pro outro. Terminaram, mas a amizade formou o trio.

Os olhares que percebi na festa, são os mesmos olhares que eu percebia quando Kayle estava se relacionando com alguém. Tenho receios de até aonde isso pode nos levar, por isso prefiro manter distancia. As brigas entre garotas por causa do Kayle são constantes, agora não serão mais somente sobre ele, ao menos isso.

Domingo é um dia livre. Podemos fazer qualquer coisa desde que não saiamos da propriedade. Por sorte ela é grande o suficiente para que possamos ir longe sem nos preocupar e naquele dia iríamos fazer trilha. Bob estava animado, bateu na porta do meu dormitório as oito da manhã me apressando para decermos. Fiquei pronto em menos de vinte minutos e depois de tomarmos café fomos para o pátio encontrar a turma com quem nos juntariamos para a aventura.

Sete pessoas nos esperavam ali, entre eles Mia e, muito provavelmente por causa dela, Brendon, com aquele sorriso tão bonito. Faltava alguém pra vir então teríamos de esperar mais um pouco, o que deixou Bob um tanto impaciente. Brendo me cumprimentou depois de Mia me libertar de seu abraço demorado. Ele apertou minha mão formalmente e sorriu, de novo. Ele gostava mesmo de sorrir.

-- Você foi embora cedo da festa ontem. -- Disse como se esperasse uma resposta.

-- Eu... -- O que eu devia dizer? -- Estava cansado.

-- Estou ansioso para a próxima dança.

Suas palavras me pegaram desprevenido, eu não soube mesmo o que dizer e nem o que significavam. Apenas sorri e assenti. Qual era a desse cara? Percebi o olhar de mia se voltando pra nós dois no instante em que ele pronunciou as palavras. Ela pulou no pescoço dele, fazendo-o se desequilibrar um pouco.

Querido espelho meuOnde histórias criam vida. Descubra agora