Capitulo 15 - De volta a realidade

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Eu e Loren aproveitamos muito a viagem, mas tivemos que voltar antes pois eu tinha médico, ele queria ver com estava, se a cicatrização não tinha ferrado e se eu continuava sentindo as dores. Nossa despedida de Creta foi banhada a muita diversão e coquetéis, algumas festas e beijo na boca - me refiro a Loren! Eu fiquei sossegadinha, só queria me divertir mesmo!!!

Só sei que dormi muito no avião, no trajeto do aeroporto até em casa e mais algumas horas na minha cama. Acordei renovada e fui caminhar no jardim, andei por todo aquele verde antes de ser chamada para a minha consulta, meus pais sempre preferiram em chamar os médicos em casa do que ir até o hospital mais próximo, parecia que éramos da década antiga, mas facilitava muito a minha vida. O Dr. que havia chego não era o mesmo que me acompanhou durante todo o tratamento, fiquei meio insegura, mas não quis demonstrar.

- Onde está o Doutor Lincon? - meu pai perguntou, ele estava um tanto quanto incomodado.

- O Dr. não pode vir, passou mal e me liberou em seu lugar! Me chamo Pablo, o braço direito do Dr. Lincon! - o médico "novo" explicou. Meu pai ficou mais calmo e confiante, o levou para a salinha de fisioterapia e eu fui atrás, sentei na maca e deixei ele me examinar. - Dói aqui? E aqui? - ele foi pressionando meu membro em vários lugares e eu fui respondendo, no final da avaliação ele disse - Essas dores que você sente é porque seu músculo está cansado, minha recomendação é fazer menos esforço, descansar um pouco mais e fazer algumas compressas frias e quentes, intercaladas, de 15 em 15 minutos.

- Beleza! - respondi para ele, pegando minha muleta e deixando a prótese na salinha de fisioterapia. Já que tinha que forçar menos, comecei por ali, sem precisa colocar força no meu músculo. Os últimos dias eu só fiquei em pé, mal descansei, então precisava de uma folga mesmo.

Meu pai pagou o Dr. Pablo e ele foi embora, deixando uma receita para comprar remédios para dor. Meu pai me entregou a receita e avisou que teria uma reunião importante, me despedi dele e fiquei vendo filme comendo salgadinho no sofá. Minha mãe chegou logo depois, correndo, atrasada com algumas coisas e mal me viu no sofá.

- Apressada ela! - dei uma risadinha, batendo as mãos uma na outra para tirar o acúmulo de farelo do salgadinho.

- Oi filha! Como foi a consulta? - ela perguntou pra mim, sentando no sofá e pegando salgadinho do pacote.

- Tenho que descansar mais, deixar o músculo relaxado e daí não terei dores! - expliquei pra ela, enquanto mudava o canal da televisão, pois o filme tinha acabado. Nós conversamos rapidamente sobre a viagem e ela já teve que sair novamente, tinha que fazer pilates e exame de sangue para ver como estava a diabetes. Nos últimos dias ela não tinha passado muito bem, mas nada que eu tenha que me preocupar, como ela mesma diz!

Aproveitei aquela casa como nunca havia aproveitado, até tomei um banho demorado de banheira, com direito a muitas bolhas e sais de banho. No meio do meu banho, fiz massagens nas minhas pernas e notei que meu celular estava vibrando, era uma ligação por vídeo do Loren, sequei rapidamente minhas mãos com a toalha e atendi a ligação.

📱Loren: AMIGAAA, COMO VOCÊ ESTÁ? Olha essa praia MARAVILHOSA!!!
📱Lexy: Ooooiiiiiiii, tomando banho de banheira! E você como está?
📱Loren: Amigaaa!!!! Como eu queria você aqui comigoooo...
📱Lexy: Que praia maravilhosa! Tá onde amiga? Não me diga que foi pra Austrália ver como estão as coisas...
📱Loren: Amiga eu vim, estou dividindo o quarto com duas pessoas, uma mina holandesa e um cara ucraniano, são bem gente boa! O hostel é bem simplesinho mas fofinho e cativante, você iria gostar!
📱Lexy: Se divirta aí amiga e muito cuidado, andei pesquisando e o bombeiro não é muito quisto pelas mulheres daqui... Tem algumas reclamações contra ele, inclusive dentro do quartel no Exército. Tô é chocada, de verdade...
📱Loren: Que babado! Fiquei chocada também... E eu achando que ele era seu príncipe encantado! Que doce ilusão...

Continuamos conversando por duas horas, desligamos porque ela estava no meio da trilha e já estava escurecendo. Eu terminei meu banho, me enrolei no roupão e sequei meu cabelo, coloquei pijama e fui em direção a sala de jantar, comi alguma coisinha e fui para o quarto. Dormi mais algumas horas e acordei com o meu celular cheio de mensagens, dos meus pais, da Loren e até do Dan. Nossa, ele lembra ainda da minha existência!

📱Dan: Oi sumida, tudo na paz? Encontrei a Loren no aeroporto! Ficamos sabendo que quebrou o pé, tá de molho então?! Os pias estão com saudades das maluquices de vocês! Vamos dar um rolê quando melhorar!

Depois eu respondo, agora vou aproveitar minha mordomia em casa, já que era sábado e meus pais tinham planos comigo. E já estavam a minha espera lá em baixo, levantei da cama e fui me trocar, deixei a prótese de lado e fui aos pulinhos como o saci até o guarda roupa, coloquei roupa de treino combinadinho, prendi o cabelo e passei protetor solar com cor, rímel e só. Peguei a prótese em mãos e desci a escada pulando cada degrau, minha mãe só riu da minha cara, avisando que nosso café da manhã seria um piquenique 🧺 no parque central da nossa cidade. Meu pai estava correndo, colocando tudo dentro do carro, não esquecendo de nada, nem das minhas novas próteses.

- Quer ajuda querida? - ele perguntou, passando por mim, sorri e falei que não precisava, já estava terminando de arrumar minha prótese na perna.
- Vamos? Sua mãe já está no carro!

E nós fomos, o pai trancou a casa, nos ajeitamos no carro e seguimos até o parque, estava um dia maravilhoso, o sol brilhava demais e não tinha uma nuvem no céu, estava perfeito. Estacionamos o carro, descarregamos ele e achamos um lugar perfeito para ficarmos, era bem a baixo de uma árvore linda frutífera. Ajudei a mãe a estender a toalha do piquenique, separamos nossos sanduíches e não fizemos cerimônias, comemos tudo o que tínhamos direito e depois de fazermos a digestão, fiquei vendo meus pais jogando frisbee, eles estavam muito felizes, como eu nunca havia visto! Me senti agradecida por ter eles na minha vida e aqui comigo.

A mãe estava sorrindo à toa, feliz, com um sorriso largo de orelha a orelha. O pai então, parecia estar no paraíso. Acho que eles tinham algumas coisas para me contar, coisas maravilhosas. Estava tão vidrada neles que mal consegui ouvir o choro de um cachorro, sabe quando o dono tá brigando ou ameaçando bater e o cachorro solta um som agudo como se gritasse "Aí" ou "Não!", tenho um radar dentro de mim que apita quando algum animal emite esse som. Olhei ao redor para poder tentar encontrar o cachorro mas não vi nada, mas continuava a ouvir o cachorro, então me coloquei de joelho e fui olhar atrás da árvore em que estávamos, encontrei o dono ameaçando o cachorro com uma bola furada e o cachorro dando umas mancadinhas para trás, ele devia estar com algo na pata.

Acho que meus pais perceberam e vieram até mais perto de mim, mas eu não podia deixar aquele cachorro ali naquela situação, peguei a vergonha que ainda restava na minha cara e pisei, fui em direção ao cara e me meti na frente do cachorro dele, que já estava encolhido de medo.

- VOCÊ NÃO TEM NOÇÃO! - gritei em sua cara, quase que dei uma dedada ainda, mas me contive com o berro. O cara quis se fazer de desentendido pra cima de mim ainda. - Você acha mesmo que sou cega? Surda? Eu espero mesmo que isso nunca aconteça com você, ser maltratado desse jeito por um ser desprezível onde deve só dar amor e carinho!

- VAZA DAQUI QUE ISSO NÃO É PROBLEMA TEU! - o cara gritou de volta e ainda me deu um empurrãozinho pra trás - ESSE CÃO SARNENTO SÓ ME DÁ PREJUÍZO MESMO...

- SE VOCÊ ENCOSTAR MAIS UMA VEZ EM MIM, VOCÊ VAI SE FODER! - nunca tinha xingado na frente dos meus pais, mas no calor do momento não deu pra segurar. O cara ainda veio tentar querer fazer mais alguma coisa comigo, mas eu já parti pra autodefesa usei minha mão com os dedos apontados e colidi com sua garganta, fazendo-o engasgar e ter uma leve falta de ar. Continuei olhando feio para ele, que não fez mais nada, além de xingar o cachorro e eu, principalmente. Pegou suas coisas ainda cambaleando e nos deixou ali, o cachorro nem chorou por ele ter ido embora, só se enfiou entre minhas pernas e ficou balançando o rabo.

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