Capítulo 28 - Vivência

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Dois meses se passaram e eu consegui voltar ao normal, ia na terapeuta três vezes na semana e tentava não ficar só em casa, terminei meu curso de aquarela em casa pois não tinha condições nenhuma de ver outras pessoas sem chorar e ter ataques de pânico. Ainda tinha alguns pesadelos com o Jack e toda aquela confusão que nos envolvemos, mas confesso que eram águas passadas.

Processamos o hospital e toda equipe médica por fraude, danos contra minha saúde e corrupção, fui em todas as audiências de cadeira de rodas, evidenciando o erro médico para que todos pudessem ver o que tinham feito comigo. Meus dois fisioterapeutas assumiram o erro e se declararam culpados, ambos foram conduzidos para a penitenciária e o resto dos réus permaneceram em silêncio, negando todas as evidências de que minha perna estava saudável e, principalmente, negando o fato de terem recebido dinheiro sujo para esconder tudo. O plano do Jack tinha sido certeiro, as pessoas foram pagas com uma grande quantidade de dinheiro que facilitaria e muito a vida deles, mas ninguém contou com a astúcia da mãe de Jack, que foi depor contra sua família, contando tudo o que tinham feito, planejado e de como haviam criado o filho. Era simplesmente assustador a maneira de como ela havia se comportado depois de todos aqueles anos, ela vivia em uma prisão domiciliar com seu marido louco e seu filho psicopata. Era espancada dias após dias pelos dois, era silenciada e ameaçada a todo tempo por medo e repreensão deles. Criaram um filho doente e maníaco, pensaram que o Exército e a Guerra fossem o suficiente para ajeitar aquela cabeça desajustada, mas muito pelo contrário, só ajudou a alimentar mais e mais a doença do filho.

Quando Jack foi aceito no Exército e teve seu primeiro combate, o pai dele foi a loucura e surtou em casa. Móveis foram quebrados e arremessados, pilhas de livros e jornais foram incendiados e ela era espancada todos os dias, era proibida de sair de casa antes de limpar tudo é pasmem, era obrigada a transar com outros caras na frente do marido só para depois ele bater nela alegando traição. Uma família louca será?! Ela contou tudo nos mínimos detalhes e me implorou perdão, meus pais estavam com tanto ódio que não deram ouvidos aos pedidos de desculpa dela, mas agi diferente deles e a escutei, ela se ajoelhou bem na minha frente, na verdade na frente de todos, assumiu a culpa que ela tinha e eu a perdoei. Tive que perdoá-la para poder seguir em frente em paz, ainda mais depois de ganhar uma bolada de dinheiro de uma vez só. Saí daquela audiência de cabeça erguida e com um sorriso de orelha a orelha.

Recebemos uma visita do Leonard em casa, ele me entregou alguns papéis sobre nossa antiga casa e nossos passaportes, que foram confiscados quando estávamos sob investigação. Tivemos uma longa conversa, tomamos algumas xícaras de café e demos apertos de mão como despedida, mas eu continuava a ter o número dele gravado nos meus contatos do celular, qualquer emergência, ligaria para ele, como ele mesmo insistiu.

As semanas seguintes passaram super rápido, meus pais estavam planejando uma viagem surpresa para nós duas, eles mais do que ninguém sabiam que nossa vida era viajar mundo a fora, conhecer novas culturas, novos lugares para abrir nossas empresas e desafiar os gringos a mudança eminente. Nosso destino seria o Brasil, mais precisamente Rio de Janeiro. Ficaríamos 3 meses lá, levaríamos até o Buddy, que já estava todo faceiro por voltar do pet shop bem cheiroso e com uma gravatinha borboleta azul piscina, para combinar com seus olhos lindos.

Meus pais sentaram e conversaram com a gente, tínhamos algumas metas a cumprir, abrir duas empresas sendo uma delas de tatuagem, com cursos avançados de aquarela - já que eu tinha me especializado nessa área -, desenho realista e cartoon. Encontraríamos empresários bem sucedidos para se juntar a nós e nos divertiríamos com todas as situações. Meus pais nos ensinaram bem a como se portar em reuniões com pessoas de cabeça dura, escutá-los e propor nosso ponto de vista, eles eram muito bons empresários e conhecidos mundo a fora, e agora era nossa vez!

Estava tudo pronto para a nossa viagem, já tínhamos conseguido dar uma bela entrada no nosso novo apartamento de frente à Praia de Copacabana, compramos a cobertura, com vista para o posto 01 ao posto 06. O primeiro piso da nossa cobertura contava com uma sala ampla em 3 ambientes, o chão todo de mármore, com quatro quartos, sendo três suítes, com banheiros sociais e hidromassagem neles. O segundo piso contava com uma sala ampla para 4 ambientes, escritório, banheiros sociais, terraço, sauna e uma varanda maravilhosa com vista para o mar. O terceiro, e último, piso contava com mais um terraço com churrasqueira, cozinha de apoio, piscina aquecida, hidromassagem e banheiro com chuveiro quente para que a gente não pegasse sereno quando saísse molhada do ambiente. Espetacular tudo! Moraríamos no paraíso! O Buddy ganharia uma suíte só para ele, nós reformaríamos algumas partes da cobertura, mas isso também não seria nada demais.

De malas prontas, Buddy já estava em sua caixa de transporte devidamente sedado para aguentar todas as horas de voo, até eu queria estar sedada, mas né não podia... Loren e eu nos despedimos dos meus pais e caminhamos em direção ao embarque internacional, ouvi minha mãe gritar lá de longe para nos divertimos e ter muito sucesso, acho que ela estava orgulhosa de nós e fico muito feliz por isso, tudo o que passamos, os lados bons e ruins ficaram na história e na lembrança.

A viagem levou um total de 13 horas, contando com a parada em São Paulo e a chegada no Rio de Janeiro no aeroporto Santos Dumont. Do aeroporto até nossa linda cobertura deu 12 minutos, desembarcamos do táxi e recebemos ajuda do porteiro, todas as nossas bagagens foram colocados nos elevadores de serviço e nós duas, junto com o Buddy, fomos no elevador social até nossa linda casa. Escolhemos nossas suítes, que já estavam todas mobiliadas, coisa de minha mãe, desfizemos as malas e deixamos o Buddy em sua própria suíte, ele continuava dormindo, estava calmo e sereno, dava umas resmungadas, mas era normal por estar sonhando!

Desencaixotamos algumas caixas e avisamos meus pais que havíamos chegado bem, mas com o fuso horário, eles deviam estar dormindo e era o que nós duas iríamos fazer, já que não parávamos de bocejar. Seguimos para nossos respectivos quartos, demos boa noite uma para outra e caímos no sono.

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