PRÓLOGO:

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Mais uma vez, suas mãos estavam suando. 

 Não aguentava mais sentir isso toda vez que ouvia o mínimo barulho de pessoas conversando. Mas, ele não podia se culpar. 

Sempre que esse barulho vinha, Youngjae sabia que, com isto, viriam insultos a ele. Contudo, era inevitável sua turma se calar. 

Bastava o professor virar as costas que começava a conversa. Em um lado da sala, um grupo conversava sobre o que teve num programa de variedades, na noite passada. Outros, conversavam sobre jogos de vídeo game. Youngjae gostava de ambas as coisas, mas não arriscava conversar com ninguém sobre isso. 

No fundo da sala, um grupo de colegas zoavam um garoto estranho que se sentava no fundo. 

Youngjae se sentiu mal por isso, todavia, estava aliviado por não ser com ele. Mesmo assim, não conseguia deixar de ficar nervoso. Seu professor virou-se para perguntar algo para a turma. Sua melhor amiga, Seulki, notou o desconforto de Youngjae. 

 – Tá tudo bem? – ela perguntou, baixinho.

 Youngjae balançou a cabeça. 

 – Acho que preciso de um pouco de ar, apenas. – ele respondeu. Na mesma hora que sua turma se calou. Seu professor olhou diretamente para ele. 

 – Está interessante a sua conversa, senhor Choi? – ele perguntou, irônico. 

Todos pararam para observar Youngjae. Alguns, ele notou, seguravam a risada. Youngjae permaneceu calado. 

 – Venha até aqui. Quero que resolva no quadro. – o professor chamou. 

 As mãos do garoto estavam tremendo. 

Ele mal conseguia controlar a respiração. 

 Não era porque não sabia.

 Ele resolveria aquilo rápido, em casa. 

Na sala, na frente de todos os que o odiavam? Aquilo seria impossível. 

 Contudo, ele levantou-se e foi.

 Chegando lá, sua mente deu um branco. Ele não sabia o que responder. 

Parecia que todo o conhecimento que ele havia adquirido durante toda a sua vida tinha sumido. Não sabia o que responder. 

Foi seguindo seus instintos. 

 Respondeu. 

 – Está errado. – o professor falou. – Vou levá-lo à diretoria e ligar para os seus pais. Não pode ficar conversando... – mas ele não ouvia nada que o professor falava. 

 Estava ocupado, prestando atenção em seus colegas. 

Todos riam dele, faziam piadas. 

 " Ele é tão burro, não consegue nem resolver uma coisa simples. Como tira notas tão altas?" 

"Esse viadinho é mesmo um inútil. Não vai conseguir nada na vida." 

 "Nossa! Eu me matava depois dessa. Na real, eu me matava se tivesse nascido desse jeito." 

 Não podia aguentar aquilo. 

Sua mente já não controlava mais seu corpo. 

 Ele correu da sala. 

 – Senhor Choi! – o professor gritou. – Volte aqui agora! Mas ele ignorou. 

 – Francamente, professor! – Seulki bateu na mesa e levantou-se da cadeira. – Ele falou comigo porque estava passando mal! Agora uma conversa inofensiva é mais importante para o senhor do que seus alunos fazendo bullying? – ela perguntou para o professor, mas não esperou resposta. Correu atrás do amigo. 

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