destroços

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Noah POV

— Larry, deixa eu te explicar...

— Não quero as suas explicações, Noah. Volte para o trabalho agora ou já pode se considerar desempregado.

— Mas, se você me ouvisse iria entender-me. Por favor. — implorei.

— Você está brincando com a sorte, né?! — pude perceber o seu maxilar travado. — Fale logo, antes que eu me arrependa.

— É a minha mãe, eu não sei o que aconteceu. Estou com uma sensação muito ruim no peito. Por favor, deixe-me ir vê-la.

— Eu não acredito, que veio até a mim para dizer que estar com uma "sensação". — ele fez aspas com os dedos. — Eu não sei o que vou fazer com você, Noah.

— Tenho quase certeza que aconteceu alguma coisa com ela. Só preciso confirmar. Me deixa conferir, se estiver tudo bem volto no mesmo instante.

Quero acreditar nisso, mas algo me diz que era bem o contrário.

Ele estreitou os olhos, balançou o rosto em sinal de descontentamento e por fim, concordou.

— Tudo bem. Mas caso eu descubra que você está querendo me fazer de otário é melhor nem voltar, senão eu mesmo farei algo acontecer com você, ouviu bem? — ergueu uma sobrancelha.

Não pude deixar de sorrir e lhe dar um abraço.

— Muito obrigado, cara! — despejei um beijo no seu rosto e sai correndo antes que ele me esmagasse ali mesmo.


★★★

Entrei no bairro Porto Belo, faltando uma quadra para entrar no bairro do lixão. — como se aquilo pudesse ser chamado de bairro. — As pessoas como sempre, me olhando com pavor. Provavelmente julgando que vão ser assaltadas. Desde quando as suas roupas revelam qual o seu caráter? Algumas atravessaram a calçada e outras andaram mais devagar. Enquanto eu andava praticamente correndo.

Virando a rua, entrei na que é chamada pelo resto da população — exceto os que moram nela —  de "destroços dos pedintes". Nós chamamos de 'nossa comunidade'. Não é nada parecido com favelas, se é o que você está pensando. É mesmo um lixão. Ao lado esquerdo é onde fica o que os garis despejam, a rua no centro e do lado direito as casas. Sim, existem pessoas que moram no meio do entulho. É porque não tiveram como herança o barraco de seus pais. — se é que isso pode ser chamado herança. — Ou, porque veio morar na rua a pouco tempo, o que às vezes é o caso de pessoas que foram expulsas de casa e não tem para aonde ir.

Assim que entrei, me deparei com todos os barracos destruídos. Algumas pessoas em cima de papelões, outras em cima de roupas ou entulhos. Não pude deixar de reparar que estava pura lama em todo o lugar. Vi alguns homens e mulheres buscando papelões para terem onde se deitar.

— Nonô, voxê chegou! — Isadora sorriu para mim e avistei uma janelinha em seu dente. Peguei-a no colo.

— Como minha princesinha está? — fiz cócegas em sua barriga.

— Ai, Nonô! Pala! — pediu, soltando altas gargalhadas.

— Tudo bem. — A coloquei no chão, e me abaixei para ficar do seu tamanho.

— Nonô, voxe viu o que acontexeu? — olhei ao redor e não pude deixar de sentir um leve aperto em meu peito. — A suva distuiu a casa de todo múdu.

Nesse momento senti minha cabeça doer, cenas de uma noite chuvosa começou a vir na minha mente.

— Princesa, você sabe onde tá sua mãe?

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