street love

inesperado

Any POV

Sinto cada parte do meu corpo congelar ao ouvir a palavra de quatro letras sair com grande entonação da menina de cabelos negros.

Ele tem uma namorada.

Meus olhos quase saltam do rosto, odiaria que meus empregados ou qualquer outra pessoa visse a expressão que estou fazendo agora. Me sinto vulnerável.

Por que? Talvez seja inveja de ela ter alguém para se apoiar e confiar. - tento me convencer disso.

Entretanto, a verdade é uma só, ninguém é confiável.

Estou mais segura sozinha com meus próprios pensamentos. Assim me protejo e não deixo ninguém perceber a minha dor.

Ela chega para todos quando percebemos que as pessoas não são confiáveis.

Sinto minha inveja se transformar em pena. - ou assim me convenço. - Me afasto com passos rápidos, evitando ser abordada com uma série de perguntas.

"Quem é ela?"

É a última coisa que ouço antes de me afastar a uma distância impossível de ouvi-los. Gostaria de ouvir a resposta de seus lábios...

Me repreendo. Será que eu estou perdendo completamente minha sanidade?

Entro no carro e encontro Jefrey roncando. Mas será possível?!
Suspiro alto, porém não o suficiente para despertá-lo de seu sono. Encosto o corpo na poltrona e tento repassar as cenas anteriores na minha mente. Gostaria de me entender, porque parece que eu não estou agindo com a cabeça agora.
Em outro tempo, uns dias atrás, eu gritaria com Jefrey e o faria tremer ao acordar, ordenando-o dirigir em direção a minha casa. Agora o invejo em seu sono tranquilo. A sensação de que seus temores vão embora e que tudo está bem. Provavelmente em belo sonho com coisas das quais nunca desfrutaria, mas mesmo assim nos iludimos achando que o mundo real é o dos nossos sonhos. E os pesadelos nunca virão. Nunca mais tive a sensação de descanso completo. Não sei o que é relaxar. Estar em paz. Isso nunca veio para mim e bem antes de encontrar o menino de olhos cor esmeralda.

Volto meu rosto em direção a calçada que em alguns minutos estava sentada. Está vazia, eles já se foram.

Fecho os olhos na tentativa de relaxar, mas sou surpreendia com os roncos de Jefrey.

Suporto tudo, menos isso!

— JEFREY, ACORDE AGORA! — dou com minha bolsa em seu peito.

Ele levanta num pulo.

— Se... se... senho... senhorita... — ele segura o volante, seus dedos brancos e trêmulos.

— Anda logo, seu imprestável! Acha que está fazendo o que?! Rápido. — tento assumir uma postura convincente, mas ele está tão assustado que nem percebe que não consigo mais ser persuasiva e dá partida com o carro.

...
Dispenso por hoje qualquer obrigação que não me seja agradável o suficiente. Entro na empresa e já descarto a presença de minha assistente, mandei tirar um dia de folga. Tenho assuntos "pendentes" a resolver.

- Andrew, você já sabe do que temos de tratar hoje, não é mesmo?! - digo ao CEO da "minha" empresa, enquanto abro a porta e a fecho no mesmo momento.
Olho para seu rosto e ele está ajoelhado em meus pés, com um diamante que brilha mais que o sol lá fora. Viro a nossa volta e seu escritório está coberto de rosas por todo canto. Enfim, me deparo com a parede coberta de vidro escrita com o batom mais vermelho possível:

"Quer me aguentar até ficarmos velhinhos?"

★★★