Me despeço de meus pais e de Gabriel em frente à porta de embarque. Os três choram um pouco enquanto se despedem de mim e isso faz meu coração derreter. Nunca desistiria de meu intercâmbio por conta disso, porém, posso dizer que sentirei muita falta da minha zona de conforto.
Enquanto espero o horário do meu voo, lembro que tenho um celular e não o chequei desde a hora em que acordei. Tiro o objeto retangular de minha bolsa e começo a ler todas as mensagens de boa sorte que recebi de meus amigos. Eu sei que terei uma vida nova lá fora, porém, não consigo me imaginar com amigos melhores dos que eu tenho agora.
Vou respondendo mensagem por mensagem até chegar em um nome muito importante para mim. Matheus sempre foi um dos garotos dos quais eu sempre tive uma quedinha, quero dizer, uma quedona. Desde o início desse ano, nós nos aproximamos muito e eu acabei descobrindo que ele não é apenas um rostinho bonito, e sim, um garoto incrível. Leio sua mensagem de boa sorte três vezes antes de reponder e, enquanto escrevo minha resposta, só consigo me lembrar de nós dois juntos, abraçados, como se nada mais importasse.
Com certeza esse garoto foi o único que realmente mexeu com a minha cabeça em toda minha vida e só de pensar que eu passarei seis meses longe de seus braços, me dá arrepios.
Começo a lembrar da primeira vez em que ficamos. Foi muito bom, eu queria tanto que aquele beijo acontecesse, porém, não tinha certeza de como seria e, foi perfeito.Já dentro do avião, passo horas imaginando como será minha vida nova. Tento ao máximo afastar pensamentos negativos, porém eles são inevitáveis. Ao analisar todos os fatos que terei que me acostumar, esqueço o mais importante: A LÍNGUA.
Sempre falei inglês, e fui alfabetizada em escola bilíngue, ou seja, o inglês é como uma primeira língua para mim, porém, não o uso com frequência fora da escola. Será que entenderei tudo, assim como eu entendo no Brasil? Sinto um arrepio subir por mim mas o afasto. Vai dar tudo certo Giana. Relaxa.Sou acordada de meus pensamentos e de minha soneca, quando o piloto anuncia que pousaremos em poucos minutos, e precisarei voltar a poltrona na posição vertical. Pra que isso?
Pelo menos consegui descansar um pouco no avião e não vou parecer tão zumbi quando encontrar minha host family pela primeira vez. MINHA HOST FAMILY. Tinha esquecido que encontraria-os agora. Meu Deus.
Começo a pentear meus cabelos obsessivamente e uma velhinha começa a me encarar. Não sei se estou pronta para conhecer minha host family, olha meu estado. Será que eles já chegaram? Será que eles estão me esperando?
Desço do avião e ainda tenho que passar por uma longa jornada até pegar minhas malas e poder enfim encontrar minha nova família. Odeio ter que passar pela a imigração do aeroporto, sempre demora e é um tédio.
Após empilhar minhas malas em um carrinho feito para isso, decido enfim sair. Eu gelo totalmente ao olhar ao meu redor e ver várias famílias esperando seus entes queridos. Em minha cabeça, só consigo ver o rosto da mulher simpática e de seu marido que me atenderam varias vezes por ligações de vídeo. Pelo o que eu sei, eles têm três filhos: uma garota e dois garotos, sendo que, um dos garotos tem praticamente a idade de meu irmãozinho. Já estou com saudades dele. Encaro tudo ao meu redor até, meus olhos se encontrarem com os olhos da mulher da qual eu conversei por chamadas de vídeo. Ela é bastante simpática e foi muito amorosa comigo em todas as vezes que nos falamos. Seu marido parece ser mais fechado, porém, também parece ser legal.
— Querida! Que bom te conhecer finalmente.- Wendy diz enquanto me abraça. Não lembrava seu nome, até ler a correntinha da qual ela carrega em seu pescoço.
— É um prazer conhecer você também!- Eu digo tentando ser simpática e ela abre um sorriso.
— Esse é meu marido Martin, acho que você lembra dele.- Ela diz enquanto eu estendo a mão para o homem alto que se encontra a minha frente.
— Prazer em conhecê-la.- Ele diz com uma feição simpática. Já gostei dos dois.
— E esse é o Tyler. O caçula.- Wendy diz quando um garotinho dos olhos claros aparece. Assim que o vejo, lembro de meu irmão, é praticamente impossível não comparar os dois.
— Prazer Tyler.- Eu digo enquanto estendo a mão em sua direção e ele a aperta com vergonha. Vou ensinar muitas coisas para esse garotinho.
Enquanto meus "novos pais" me ajudam a levar minhas malas para o carro, mando uma mensagem para minha mãe para avisa-la de que cheguei. Ela responde em segundos e já começa a fazer perguntas, depois eu respondo.
— Está cansada querida?- A mulher loira, um pouco gordinha, mas do sorriso acolhedor me pergunta enquanto me acomodo dentro de seu carro.
— Um pouco. Mas não foi tão cansativo como eu imaginava.- Eu respondo e ela ri.
— Estou tão feliz que você chegou.- Wendy diz num tom tanto quanto aliviado.
— Também estou feliz por estar aqui.- Eu respondo enquanto encaro as ruas que me rodeiam. Estou vivendo um sonho.
— Ainda temos quarenta minutos para chegarmos em casa. Pode descansar se quiser.- Martin diz pela primeira vez desde que entramos. Apesar da postura durona, ele parece ser bem legal.
— Nós estamos em Los Angeles, porém nossa casa é em Santa Mônica.- Wendy diz explicando e eu sorrio. Meu Deus, eu estou em Los Angeles.
— Ainda não me caiu a ficha, de que eu estou aqui.- Eu digo enquanto continuo vidrada nas paisagens que me rodeiam.
— L.A é enorme, se você quiser, podemos vir pra cá algum dia. Tem varias coisas para fazer aqui.- Ela diz ao me observar deslumbrada com a paisagem.
— Lauren pode trazê-la qualquer dia também. Se ela quiser claro.- Martin diz com uma voz simpática. Se me lembro bem, Lauren é a filha deles.
— Lauren faz faculdade aqui. Na verdade, ela já está praticamente morando. Ela fica pouco em casa.- Wendy diz e sinto sua voz falhar. Ela deve sentir falta da filha, por isso se candidatou para receber uma intercambista.
— Que legal! Quantos anos ela tem mesmo?- Eu pergunto e ela ri.
— Ela vai fazer vinte e dois, e o Ethan faz dezoito semana que vem.- Ela diz sorrindo e eu me surpreendo. Eu achava que o garoto fosse mais velho que todos, mas pelo jeito não.
— Eu também mãe.- Tyler diz e eu levo um pequeno susto. Não lembrava que ele estava ali.
— Sim filho, você também- Ela diz rindo.
— Quantos anos você vai fazer semana que vem?- Eu pergunto e ele me mostra sua mão cheia com cinco dedos. Ele é um pouco mais velho que meu irmão.
— Inclusive, nós vamos acampar semana que vem. Sempre vamos durante a semana de aniversário deles.- Martin diz. Que legal isso.
— Acaba sendo bem divertido. Nós pegamos nosso trailer e vamos até Yosemite.- Nunca gostei de acampar, porém, a ideia de ir até Yosemite me anima.
— Lá é muito bonito. Tenho vontade de ir.- Eu respondo-os e eles concordam. Tudo está indo tão bem. Por enquanto, estou amando, quero que continue assim até o fim.______________
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Talvez não era para ser
RomansaGiana é uma garota louca por novas experiências. No auge de seus 16 anos, a garota decide fazer um intercâmbio ao Estados Unidos para cursar seu segundo ano do ensino médio. Festas, bebidas, amassos e amizades coloridas, são algumas das coisas muito...