Uma Declaração Não Preparada

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Seonghwa havia fugido.

Era exatamente isso, sem nenhuma outra desculpa. Após expôr para todos presentes, inclusive para Kang Yebin, que gostava de Yeosang, muitas perguntas começaram a surgir e alguns olhares nada agradáveis vindo de um certo alguém, que, felizmente, não era seu amado. Ainda assim, o desespero tomou conta de seu corpo e tudo o que ele pôde fazer foi fingir que seu pai estava o ligando e que precisava ir embora urgente. Não foi uma escolha corajosa, tampouco a mais sábia, mas era melhor do que nada. Ainda, provavelmente, veria Yeosang pela tarde e então teria a chance de explicar tudo. Até lá, precisava treinar cada fala sua, já que teria de se declarar de um jeito ou de outro.

Seonghwa correu pelas ruas de Seul até encontrar um ponto de ônibus e pegou o primeiro que fosse em direção a sua casa. Tentou relaxar um pouco, agora estava sozinho e podia parar de pensar em todos os olhares confusos de seus amigos e aquele olhar indecifrável de Kim Hongjoong. Seong e Hong eram amigos há anos também, se conheceram no último ano do ensino médio e eram tão próximos quanto Wooyoung e Yeosang. Hongjoong provavelmente não sabia dos sentimentos que o Park nutria por Yeosang, já que nunca disse nada sobre o assunto, diferente de Wooyoung. Em uma pequena hipótese, talvez Hongjoong realmente gostasse dele, já que... O relacionamento dos dois era conturbado.

No primeiro ano da faculdade, Seonghwa se assumiu gay para Hong, mas afirmou que não pretendia expôr aquilo para mais ninguém, pois ainda tinha medo do seu pai. Enquanto o Kim pareceu entender e não se importar muito por alguns dias, Seonghwa sentia que havia algo diferente. Se passaram três meses e, então, Hong o chamou para uma festa. Se arrependimento matasse, já não restaria nem mesmo os ossos de Park Seonghwa debaixo da terra. O que aconteceu naquela noite, ele não gostava de lembrar; tanto ele quanto o amigo ficaram extremamente bêbados e então transaram loucamente a noite inteira. Quando acordaram, infelizmente lembrando de tudo, as coisas ficaram estranhas. Depois de uma semana, Hongjoong disse que as coisas estavam bem, mas então deu uma ideia não muito boa. Hongjoong não se dava bem em relacionamentos, então ele perguntou a Seonghwa se poderiam ser "amigos com benefícios". Se não envolvessem sentimentos, estava tudo bem.

Naquela época, Seonghwa não pensou direito. Como sabia que nunca daria certo com Yeosang e precisava seguir em frente, acabou aceitando aquilo sem pensar duas vezes. Hoje, entendendo melhor a situação, talvez Hongjoong tenha se sentido usado naquela época e, muito provavelmente, seus sentimentos pelo Park eram reais demais e aquilo estava o machucando. Pensar naquilo deixou Seonghwa irritado e ele resmungou do assento traseiro do ônibus, alto suficiente para um trio de senhoras idosas reclamarem do barulho.

Quando chegou em casa, o garoto pensou que a situação iria melhorar e que todo o estresse que passou naquele dia não iria passar de um simples sonho, que poderia descansar e até treinar para mais tarde, se tudo tivesse acontecido realmente. Entretanto, assim que abriu a porta, viu uma figura sentada em seu sofá, mexendo calmamente no celular. Vê-lo ali fez o Park engolir em seco, pois já sabia o que viria pela frente.

— Pai. — Foi tudo o que saiu de seus lábios, a voz tremendo como se estivesse realmente a ponto de morrer.

— Seonghwa. — Seu pai ergueu o olhar, sua voz saiu fria demais.

— O... O que está fazendo aqui? Deixou a empresa sozinha?

— Eu precisava conversar com você.

Seu pai levantou do sofá e foi em sua direção com passos lentos. As mãos colocadas nos bolsos daquela calça social o fazia parecer alguém perigoso e o sorriso em seus lábios deixava qualquer um com medo. Seonghwa não pensava em nada que pudesse levar seu pai até seu apartamento, tão cedo daquela forma, visto que ele somente pensava em trabalhar. O homem tirou o celular do bolso novamente e, devagar, desbloqueou a tela.

Sob as Estrelas | SeongSangOnde histórias criam vida. Descubra agora