O Cintilar de um Coração Partido

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Estava todos presentes; Kaito, Maki, Himiko, Tenko, Miu, Hinata, Kirigiri...Todos estavam, exceto aqueles que não sobreviveram nos jogos anteriores. Enquanto Saihara estava no Altar esperando sua *amada*, minha mente rodava em remorsos e tristezas amargas ao ver a realidade que este casório não foi feito para mim, que aquele amor não vai ser dado à mim, que aquele sorriso, não vai ser abençoado à mim. Tudo isso ecoava em minha mente enquanto encarava entendiado a noiva chegar e mover-se até o altar. Todos presentes se levantaram para a observar, exceto, eu.

Apoiava minha cabeça sobre minha mão, para os demais aquela era uma cena deslumbrante, magnífica ou emocionante, mas esse tipos de advérbios estavam distante para desenha-los em um guardanapo qualquer; aquilo doía mesmo, ao perceber que aquela pessoa estaria *o tomando de mim*.

- Por favor, sentem-se. - Anunciou o Padre após a chegada de Kaede no altar, ficando ao lado de Saihara.

Aquilo me dava ódio e uma adocicada tristeza.

- Espero que todos saibam que os últimos tempos para a humanidade, foi tensa. Por conta de todo o desespero que reinou por anos e durante esse período, grupos de adolescentes, crianças e adultos foram levado ao uma profunda obscuridade desesperadora. - Continuou, apoiando ambas as mãos sobre o pilar que estará a bíblia. - Mas entre anos e anos, essa luta deu-se fim por conta de Makoto, Kirigiri, Bayakuya, Irumu, Hinata, Sonia e outros diversos alunos, inclusive os recém-casados. - Todos riram por conta do orgulho e pela vitória conquistada.

O padre continuou.

- E claro, por uma estudante que agora não está entre nós, Chiaki Nanami. - Aqueles que a conhecia, aos poucos os sorrisos desapareciam de seus rostos. - Não irei perder o tempo de vocês lendo a Bíblia, pois sei que após viver aqueles momentos em prantos, esse momento deve ser comemorado a cada segundo; por isso...

Saihara olhou para o Kaito, que era o padrinho de honra. - Foi escolhido pelo mesmo por ser seu melhor amigo, sinceramente não o vi se levantar para acompanhar a noiva junto com a madrinha. - E pegou uma alinhada, virando-se para Kaede.

- Shuichi Saihara, você aceita Kaede Amakatsu como sua legítima esposa?

Kaede direcionou a palma de sua mão até Saihara para que este pudesse colocar a aliança em seu dedo. Ele a olhou sorrindo.

- Eu aceito. - Disse.

- E você, Kaede Amakatsu, Aceita Shuichi Saihara, como seu legítimo esposo?

Kaede se virou para Miu, que segurava a aliança como o Kaito, pegando-a e fez a mesma coisa quando Saihara direcionou sua mão para ela.

- Eu aceito. - Disse, sorrindo.

- Eu os declaro, marido e mulher. Pode beijar o noivo, Kaede. - Riu.

E assim fizeram. Kaede foi seca quando o beijou, todos se levantaram e aplaudiram os noivos que agora, estavam casados; aquilo me dava vontade de chorar, não pelo fato de alegria, mas sim pela tristeza que formigava meu coração. Eu tinha inveja daquilo, tinha pura inveja da Kaede em si.

Algumas horas se passaram após aquela entrada toda, agora estávamos festejando no salão de festa que tinha ali, Kirigiri teve a sorte de pegar o buquê na famosa parte que a noiva joga o tal. Enquanto todos festejavam a alegria e orgulho pelos casados, eu já estava na minha quinta taça de champanhe, estavam mais sóbrio do que eu queria estar, aquela tristeza amarga interna ainda formigava em minha garganta, martelava em meu coração e dominava totalmente a minha mente, chegava a ser insuportável minha existência naquela cerimônia. Conhecendo bem, alguns nem se quer queria que eu estivesse aqui, nem *eu queria* estar aqui.

Suspirei, dei o último gole para enfim pôr fim nisso tudo. Levantei da mesa e fui andando até a saída, mesmo que a melancolia adocicada presente, tinha um trabalho para fazer, um grupo para liderar e não ia ser por conta *disso* que eu ia me rebaixar tal nível, eles precisariam da minha presença mais que tudo, e não vai ser isso que vai me parar, até sentir uma mão em meu ombro chamando-me atenção, virei para o indivíduo.

- O-Ouma-Kun! - Reconheci sua cabeleira levemente arrumada e azulada entre a multidão que impedia de se aproximar, era Saihara. - Me disseram que... Já estava de saída. - Deixou sua postura ereta para me encarar levemente abatido.

- Ni-shihihi Saihara-chan! Ah sim, sim, minha organização precisa de mim, temos que ir ao Brasil para efetuar o nosso trabalho! - Abri um sorriso largo e animado.

- O-Oh entendo...Bem, fico feliz que compareceu...Sua presença teve um grande valor pra mim. - Saihara retribiu o sorriso. - Sei que deve ir, eles precisam mais de um grande lider n--

Enquanto o olhava, lágrimas surgiram em meu rosto enquanto aquilo tudo transbordava lentamente em minha cabeça; Saihara e Kaede estavam casados, seriam uma família feliz, coisa que eu não daria isso á ele. Poderiam ter uma filha ou um filho, ou talvez os dois. Animais de estimação? Provavelmente, mas não muda o fato que ele sim seria feliz com ela, algo inalcançável perto de mim, isso que no fundo me magoava.

- O-Ouna-kun você está chorando...?! - Saihara estava encarando-me preocupado, evidente que não sabia o que fazer.

Abri um sorriso largo após me retirar dos meus devaneios, rapidamente as lágrimas pararam de se formar, afastando as mãos do maior que estava se aproximando de meu rosto.

- Brincadeirinha!~ - Ri ao ver a expressão dele antes preocupada, agora confusa. - Deveria ver a sua cara, foi hilária!

- O-Ouma-kun! - retrucou.

- Mas não posso chorar Saihara-chan, esse é um dia espacial para você...Então não posso chorar, é algo para se comemorar! - disse, fazendo o outro arregalar os olhos. - Espero que seja feliz com a Kaede Saihara-chan, e que talvez, um dia a gente se veja por ai!

Dei as costas ao ver que ele iria perguntar se era uma mentira ou uma das minhas brincadeiras, mas no final das contas eu não pude mentir dessa vez, estava realmente transbordando tudo, cada passo que dava para longe daquele salão se formavam em lágrimas quentes e dolorosas que escorriam sobre minhas bochechas. Isso doía, doía de mais, porém essa é a vida bela que as pessoas acreditam, essa é a realidade que eu detesto.

Agora, eu tenho que viver em um sonho destruído, um sonho, incapaz por conta de uma covardia.

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