1. Te encontro em sonhos

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Notas iniciais:

Essa história é contada quase totalmente sob o ponto de vista de Emma. 

No quarto fracamente iluminado por tochas colocadas em suportes perto da porta, uma mulher escova seus longos fios louros vagarosamente, enquanto observa sua imagem refletida no espelho da antiga penteadeira. Seus olhos verdes vagueiam incertos até encontrarem no reflexo do espelho uma cama dossel de madeira rodeada por um cortinado de linho branco preso por laços nos pilares do luxuoso leito.

Ela volta-se para sua própria imagem e percebe que está usando uma camisola azul transparente que desce até os tornozelos. A peça possui um decote em V, deixando exposto o colo alvo pintado por pequenas sardas de pigmentação castanha e circulares.

Pendurado ao seu lado, num mancebo de madeira, há um penhoar branco de seda. Num gesto automático, a jovem alcança a peça com a intenção de cobrir um pouco sua nudez parcial.

Ela se levanta e caminha na direção da ampla janela que tem do outro lado do quarto. A noite está linda, o céu repleto de estrelas e as copas das árvores balançam levemente por causa da suave brisa. Ao longe, um lobo solitário uiva para a lua cheia escondida atrás de uma diáfana nuvem.

Tudo ao seu redor parece remetê-la a um tempo antigo, uma época onde existia castelos medievais rodeados por paisagens bucólicas como aquela que seus olhos contemplam agora, e a jovem não tem a mínima ideia do que está fazendo ali.

Ela sente angústia, temor, porque tem a impressão que alguma coisa vai lhe acontecer dentro daquele quarto e não imagina o que seja. Sua atenção se volta para a porta dupla do dormitório e uma vontade de correr para fora do cômodo a toma no mesmo instante.

A moça caminha titubeante em direção a atrativa saída, porém seus passos estancam ao ver a maçaneta girar. Um frio sobe pela sua espinha quando a porta finalmente é aberta e uma mulher de cabelos negros entra na alcova como uma anunciação.

— Desculpe-me pela demora! — a recém-chegada fala num tom rouco. — Não era minha intenção fazê-la esperar tanto, minha esposa.

"Esposa?", a jovem fica ainda mais confusa. Olha para a mão esquerda e no seu dedo anelar uma aliança em ouro dourado reluz, confirmando o que a morena acabou de dizer. Em seu íntimo, a loura sente que é comprometida com alguém, porém não com essa bela mulher que continua parada na soleira da porta, vestindo uma comprida camisola negra de cetim com um robe de seda aberto sobre a peça e a olhando de uma maneira muito intensa.

Tranquilamente, a outra mulher fecha a porta e se aproxima devagar da jovem, encurralando-a contra a cama. A moça não sabe o que fazer, nem consegue reagir. A morena passa os dedos suavemente pela maçã do rosto da loura, fazendo-a ruborizar com o contato. O inesperado toque lhe desperta uma reação estranha no corpo.

— Está nervosa? — indaga com voz suave, ainda acariciando a tez pálida de sua esposa.

— Sim — a jovem responde, num fio de voz, ficando cada vez mais ruborizada.

— Não se preocupe, meu doce cisne, eu não vou te machucar. — Promete, com um sorriso bailando nos lábios, ao passo que seus finos dedos escorregam no tecido suave e chegam até o laço do penhoar, com a intenção de desfazê-lo.

— Espere! — a moça diz, assustada, impedindo a outra de tirar a peça que cobre sua nudez.

— Você precisa confiar em mim, Emma... — sussurra, fazendo a mais jovem franzir o cenho.

"Como ela sabe meu nome?", questiona-se, certa que aquilo não deve passar de um sonho.

A morena volta a se aproximar, repousando as mãos na cintura frágil e curvilínea de Emma.

Almas Gêmeas [SwanQueen]Onde histórias criam vida. Descubra agora