Capítulo 21

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"Tens a certeza que estás bem para ir trabalhar?" A minha mãe pergunta docemente, enquanto lava a minha caneca, após uma discussão calma sobre quem ía lavar a mesma.

"Tem que ser." Encolhi os ombros.

Este era um dos melhores dias para ficar doente; O meu segundo dia de trabalho. Basicamente, nem é um trabalho fixo, é uma forma incorreta de dizer estágio. Embora seja paga no primeiro dia desse estágio.

Os meus olhos acompanharam o som de sapatos masculinos a descerem as escadas. O meu pai endireitava a sua gravata enquanto se dirijia à cozinha.

Ontem não falamos muito. Enquanto ele chorava ainda tive a coragem de lhe perguntar a razão, mas sabia que não adiantaria de muito: Este não me disse nada. Decidi não insistir, por agora .

Em silêncio, observei o meu progenitor encher um copo de água, bebendo-o de seguida.

"Se quiseres eu levo a Sue." A minha mãe, acabando com o silêncio constrangedor, pergunta.

No preciso segundo em que ía responder, uma vontade de espirrar aparece no meu organismo, levando-me a levantar imediatamente da cadeira, onde me encontrava sentada, pegando um guardanapo.

Após colocar o papel no lixo, funguei um pouco. "Deixa estar, mãe. O Harry vai levar-nos."

Não gosto de depender do Harry. Quero um carro para mim. No entanto, se a vida fosse assim tão fácil, neste momento não tinha de estar a pensar em ir trabalhar doente.

O meu pai fez uma careta ao ouvir a minha voz adoentada, meio que sorrindo depois.

"Lembraste quando eras criança e costumavas estar sempre doente, para não ires à escola?" Desta não estava à espera, os meus lábios entreabertos provaram isso, em conjunto com os olhos arregalados da minha mãe.

«Quando desço as escadas, encontro os meus pais a falarem na cozinha. Agarro o meu peluche, protegendo-o dos gritos que estavam por vir, e movo os meus pés até à porta.

"Bom dia, filha." A minha mãe cumprimenta-me, com um sorriso tão grande que dava para felicitar todas as crianças do mundo.

Queria sorrir, mas não me podia esquecer da minha missão.

"Dói-me a barriga." Pretendo uma cara enjoada, colocando a minha mão na pele que revestia o meu estômago.

O meu corpo estremece quando observo o meu pai aproximar-se, mas o meu sistema nervoso acalma quando este me faz cócegas, provocando o riso contínuo.

"Dói-te a barriga, sua pequena mentirosa?" Ele pergunta, com un sorriso na cara. 》

Um sorriso acaba por se mostrar enquando penso no quão ingénua era. De facto, as crianças conseguem ter um nível de ingenuidade muito elevado comparado com os adultos. Sempre foram essas as expectativas, quer dizer, ninguém quer colocar um adulto num carrinho de bebé e uma criança a trabalhar, querem?

Eu tenho pensamentos muito interessantes quando estou doente.

Rapidamente me levanto, assim que ouço o ruído da espera do Harry. Tento ignorar a vontade de desmaiar que o meu organismo me proporcionou e movo os meus calcanhares para a porta, onde Suellen me esperava com o seu telemóvel de brincar.

Pego nela ao colo, pegando nas chaves e abrindo a porta, não sem gritar um "adeus" aos meus progenitores que se encontravam dentro da cozinha.

É suposto sentir-me confortável com ambos os meus parentes estarem na mesma divisão sem mim?

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