Capítulo 6 - Let it be

618 55 18
                                    

Hardin's POV

Culpa! Eu odeio o sentimento de fazer Tessa chorar. Não sou um idiota insensível como muitos pensam, tudo emerge da porra do nosso passado toda vez que estamos próximos,  me fazendo ser cruel nas atitudes. É dificil passar uma borracha e fingir que nada aconteceu.  Fazia tanto tempo desde a última vez que vi suas lágrimas, que mal me lembrava o quanto é ruim vê-la chorando. Aquela vontade de pegar ela no colo, abraçar e dizer que tudo vai ficar bem. Meu peito doía relembrando nossa última briga, a dor que sentia e carrego comigo até hoje. No inicio fui consumido pela raiva e tentei machucá-la da mesma forma que ela havia feito comigo. Eu sei que não dei chance dela se explicar, sei também que dei as costas para a única garota que amei na vida e acreditei no que foi me dito. Algumas vezes me questionei se fiz o certo, se tudo foi daquele jeito e se eu tivesse dado chance dela me explicar será que hoje nosso destino seria diferente? Não. Obviamente não. Eu sabia que não dava para apagar o que havia acontecido. Toda vez que eu olhasse para ela eu sentiria e assim como hoje, eu não conseguiria me controlar machucando-a. Não foram dois anos faceis, não tem um dia que não me lembre dela, de nós e de tudo que nos aconteceu. Dizem que com o tempo as coisas passam, se curam. Ledo engano, pois a cada dia o buraco no peito era maior. Um futuro que não existe mais, um plano que acabou e não volta. Porque você fez isso comigo, Tessa?

Pior do que esquecer aquele dia, é esquecer ela. Minha garota. O grande amor da minha vida que me quebrou. Estar aqui com Tessa depois de dois anos sem vê-la era um desafio.  Sentimentos que  fiz questão de trancafiar por todo esse tempo foram vão por água abaixo. Aquela garota tem um  certo poder sobre mim que nunca vou entender. Eu posso estar puto da vida com ela e só com um olhar, Tessa me faz ficar aos seus pés. Odeio-me por sucumbir a isso, me sinto fraco por não ter controle da situação. No dia que a vi parada naquele quarto senti meu coração dar voltas e sensação de estar em casa me preencheu. Odeio isso, odeio que ela me faz sentir tão bem mesmo tendo me colocado no inferno. Imaginar que ela encarando aquele quarto podia estar relembrando das diversas vezes que fizemos amor ali, assim como eu sempre tenho na memória. Por dois malditos anos não consegui nem passar pela porta desse quarto, porque sabia que o cheiro dela ainda estava presente. O beijo foi inevitável. Meu corpo e meu coração imploravam pelo seu toque. Era como imã me atraindo para perto. Que saudades dos seus lábios e do gosto de morango que só ela tem.  Por sorte Tessa me empurrou, impedindo que eu cometesse uma loucura, porque uma vez que eu provo dela fico viciado e não controlaria meus sentimentos.

Sei que peguei pesado falando o que aquilo para ela na frente de todos os amigos. Nós juramos ser nosso segredo até contarmos aos nossos pais a respeito. Tive que subornar Lauren e suas amigas por algum tempo para que as mesmas não vazassem. Tudo por nós, mesmo que hoje não exista mais. Falando em Lauren, eu sabia que ela não era boa coisa, mas era uma distração e nesse meio tempo continuou com suas ameças a respeito do que houve. E por isso que a mantenho por perto a suportando-a em troca do seu silêncio.  Não é como se ela tivesse algo, eu mal a toco mesmo ela se jogando em cima de mim todas as vezes. Depois de Tessa não houve mais alguém, meu coração ainda está ofuscado por ela e acredito que sempre estará.  

Respiro fundo diante de todas lembranças e sentimentos, e antes que meu autocontrole falhasse e me fizesse ir atrás dela e confortá-la, resolvo dar uma volta pela fazenda e esfriar a cabeça. Ando, ando e ando. E onde fui parar? No estábulo. Logo no lugar onde tivemos nossa última briga. É como se eu revivesse cada momento com ela, dos melhores aos piores em cada lugar que passo nessa fazenda. Lembro da raiva que sentia, da dor que irradiava em cada célula do meu corpo naquele inferno de dia. Eu fui tão cruel com Tessa, mas minha fúria da perda me deixou cego.  Resolvo selar a égua Drizzle para uma volta mais longa. Tessa e eu a ganhamos quando tínhamos 10 anos, de início era uma briga para colocar o nome e decidir quem iria andar primeiro, no fim das contas Kurt colocou o nome e ficamos de castigo por dois verões sem poder andar nela. Dou risada da lembrança de quando tudo entre nós era apenas uma briga boba de criança. Depois de selar a égua, resolvo vagar por ai sem destino, relaxar a mente e colocar os pensamentos no lugar. Passo por trilhas dentro da mata e logo escuto o barulho familiar das águas batendo com força nas pedras. A cachoeira. E por mais que eu evito não me lembrar de todos os momentos que passei com Tessa ali, um em especifico me veem a mente como se um diabinho me cutucasse para deixar as lembranças virem.

Unsaid Things// HESSAOnde histórias criam vida. Descubra agora