Unsaid Things// HESSA

Capítulo 18 - Look at you

Tessa's POV

Cada palavra escrita naquela carta era repassada todos os dias desde que chegamos em Seattle. Eu estaria mentindo se não estava mexida, se não assumisse que senti pela primeira vez os sentimentos mais intensos e profundos de Hardin sobre mim. Isso pairava meus pensamentos noite e dia. Perdão? É algo tão forte e tão difícil de dar a alguém, mas eu sentia dentro do meu coração que finalmente eu havia o perdoado. A sensação de um fardo ter sido retirado da nossa história me fez respirar aliviada pela primeira vez em anos. O primeiro passo foi contar toda essa loucura aos meus pais, porém a parte cruel e amarga do nosso rompimento continuei mantendo em segredo para preservar um pouco do carinho que eles ainda nutriam por Hardin. Sim, sou patética. Mas estava disposta a acabar com todo o drama que envolvia nós dois e mais um me deixaria mais destruída do que já estava.

Eu sabia que não seria fácil, mas ambos compreenderam de forma amistosa e naquele dia mamãe e tia Trish ficaram horas no telefone conversando a respeito. Ambas se sentiam culpadas por não terem percebido e dado o apoio que precisávamos, pois talvez as coisas seriam diferentes segundo minha mãe. Será mesmo? Acredito que não. Nada ia apagar o que houve, nem impedir que os fatos acontecessem, mas admito que o apoio dos meus pais teria sido essencial.  Hardin estava certo a respeito da necessidade de nos remontarmos a ponto de restaurar cada pedaço dentro de nós. Era necessário e quase obrigatório que isso ocorresse. E ciente disso, o próximo passo dessa "cura" foi ser sincera com meus amigos, incluindo meus primos Kurt e Tristan. Meu primo não recebeu tão bem a notícia como eu já imaginava, e possivelmente deve ter passado o sermão em Hardin. Bem feito, um pouco ele merecia, vai?Nada de segredos e de mágoas, a vida estava começando a entrar nos eixos. Mas porque meu coração doía tanto quando lembrava da nossa história contada pelas palavras dele naquela carta? Porque eu não conseguia simplesmente esquecê-lo e virar a página? Isso tudo é uma merda! 

Precisava endireitar minha vida e com isso o terceiro passo foi focar no meu futuro. Os ensaios para as Nacionais foram redobrados e uma surpresa no final daquele mês me deixou em êxtase:  minha inscrição havia sido aceita pelas duas melhores faculdade de artes da América, a queridinha NYADA e  a quase impossível Juilliard. Acho que enfim o universo estava conspirando ao meu favor me entregando um bom destino a ser seguido. Assim como eu, Steph foi aceita para NYADA e estava eufórica a ponto de distribuir abraços e elogios a todos ao redor, a felicidade muda as pessoas (risos). Lembrar de Juilliard me fazia lembrar de alguém que por acaso estudava lá, fazendo meu coração acelerar. Tudo lembrava ele, parecia que Hardin dominava meus pensamentos e o mundo fora dele também. Que droga! Decidida a não me distrair com nada que o envolvesse procurei focar em me preparar para melhor audição da minha vida. Minha rotina se baseou em escola, ensaios para as Nacionais e mais ensaios para as audições da faculdade. Eu estava exausta, mas nada me pararia. Meu futuro é o pote de ouro no final do arco-íris, foco Theres, FOCO! 

Já se passaram quatro meses do fatídico dia que a verdade explodiu em todos e parecia um tremendo karma ter o rosto de Hardin e meus sentimentos em cada canção que eu escolhia para os ensaios. Em muitas vezes me atrapalhava e errava notas básicas, deixando um Mr. Soto preocupado e Steph irritada despejando seu espanhol claro e ácido.  Era quase 8 da noite de uma sexta-feira e aqui estou eu ensaiando o solo que ganhei para as Nacionais. Porque Adele é tão profunda? Garota, acho que temos uma péssima escolha para homens que não nos deixam ser racionais.  Respiro fundo mais uma vez pronta para recomeçar novamente a canção.

"Tessa, ainda está aqui?" - a voz de Mr. Soto ecoa na sala me fazendo levar um susto.

"Mr. Soto, que susto!" - digo com as mãos sobre o peito e ele riu - "Fiquei para ensaiar o solo das Nacionais, acho que ainda preciso aperfeiçoá-lo" - confesso um pouco frustrada. Ele me olha compreensivo, puxando uma cadeira para se sentar ao meu lado.