Capítulo 15 - That's The Truth

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Tessas's POV

"O que você tá fazendo aqui garoto?" – perguntei nervosa e ele apenas me encarava. Que ódio, ficou mudo? Senti um aperto forte no meu braço esquerdo. Garoto estúpido. – "Me solta Hardin" – disse enquanto tentava me desvencilhar de suas mãos. Puxou-me para dentro da biblioteca e fechou a porta em seguida.

"Trevor está me esperando na festa, dá para você me largar?" – falei irritada. Hardin soltou meu braço e pude perceber um sorriso pra lá de sarcástico nascer em seus lábios.

"Que romântica, o namoradinho não pode esperar." – disse de maneira irônica enquanto tomava uma golada da bebida que carregava em uma das mãos.

"Por acaso está com ciúmes Hardin?" – provoquei.

"De você? Faça-me o favor, Theresa! Você costumava ser menos convencida!" – riu debochado. Idiota, queria me irritar e estava conseguindo. Se ele quer me provocar, também sei jogar o jogo dele.

"Admita! Aliás, só para deixar claro, ele é BEM melhor que você, em todos os sentidos." – retruquei e ele me olhou com ódio. Ótimo, consegui deixa-lo intrigado. 1x0!

"Não foi o nome dele que você gritou quando teve o primeiro orgasmo da sua vida". Abusado, extremamente abusado. 1x1! Queria socá-lo por lembrar da minha primeira vez, da nossa primeira vez. Por um momento quase me vi chorando ali em sua frente, mas sou superior certo? Engoli o choro, hora de dar o troco.

"Não vivo de passado Hardin, agora se você gosta de ser uma espécie de museu, o problema é seu!" – disse por fim e virei de costas caminhando em sentido a porta. Titia Steph Jones ficaria muito orgulhosa de mim nesse momento.

"Porque Tessa? O passado te lembra como você foi uma péssima mãe? Ou melhor, não foi." Parei de andar e me vi petrificada ali ao chão, o sorriso vitorioso se apagou e aquelas benditas lágrimas por fim caíram. Quem era ele para falar isso? Novamente ele vem e joga na minha cara uma história inventada por sua mente doentia? Virei e olhei indignada para ele e pude perceber a dor em seus olhos.

"Achou que eu ia esquecer que você matou o MEU FILHO?" – Hardin alterado despejou as mesmas palavras de dois anos atrás. Que tipo de pessoa ele acha que eu sou? Ele me julgou e me humilhou durante todos esses anos por uma historia que ele acreditou. Em vez de me ouvir ele simplesmente tomou suas próprias decisões e escolheu me culpar. Cansei.

"Você e sua mente doentia Hardin. Não matei o NOSSO filho, eu nunca tiraria a vida de alguém tão indefeso, alguém que eu já tinha começado a amar" – disse com a voz entrecortada. Sentia o gosto salgado de minhas lágrimas que escorriam sem parar. Era difícil me lembrar daqueles dias, mas ele insistia tanto em me culpar, porque Deus?

Primeiro descobri que estava grávida aos 16 anos de meu namorado. Fiquei perdida, não poderia contar para meus pais, eles me matariam. Contei ao Hardin alguns dias antes do seu aniversário, ambos estávamos com medo e assustados. Dois jovens cheios de sonhos e muita coisa para descobrir e presenciar. Estava muito insegura, era tudo novo e complicado naquele momento. Hardin disse que enfrentaríamos todo esse processo juntos. Apesar do medo aparente, a ideia de ter alguém tão pequenino crescendo dentro de mim era incrível, e isso deixava-nos felizes apesar de tudo, pois era o fruto do nosso amor. 

Era o dia do seu aniversário de 22 anos, íamos contar aos nossos pais após o evento. A festa estava lotada, amigos e família se misturavam no local. Estava distraída à procura de Tristan, quando Marley, uma menina do grupo de amigos de Hardin, sem querer derramou sua bebida em minha roupa. Sem escolhas, larguei a busca pela minha prima e adentrei a casa para me trocar. Enquanto terminava de me arrumar, sem querer me peguei acariciando minha barriga que ainda não era aparente. Sorria abobada observando a imagem no espelho, já não conseguia me imaginar sem aquela pessoinha que estava crescendo ali. Não fazia ideia que aquela seria a última lembrança minha com meu filho. Ouvi barulhos estranhos vindos do quarto ao lado que pertencia ao meu irmão. Curiosa para saber quem seria minha futura cunhada e pronta para zoar com a cara dele, abri a porta lentamente e desejei por anos nunca ter feito isso. Hardin estava em cima de uma garota que depois reconheci sendo sua ex-namorada vadia Lauren, que estava apenas de lingerie. Fiquei sem reação e só queria correr o mais longe possível daquele lugar. Como o destino é sacana e muitas vezes cruel. A casa de tia Trish é de três andares, sai correndo pelos corredores até chegar às escadas. Desci com pressa, estava cega de ódio, raiva, decepção, uma mistura dos piores sentimentos. Meu coração estava quebrado em mínimos pedaços. Tinha acabado de pegar o garoto que eu amava, aquele que eu confiei e me entreguei de corpo e alma, o pai do filho que eu estava gerando com uma vagabunda qualquer na cama. 

Unsaid Things// HESSAOnde histórias criam vida. Descubra agora