Estava em meu quarto, só existindo por assim dizer, deitada na cama pensando em exclusivamente nada, só respirando, vestida com o uniforme da escola.
Estudo no segundo ano do ensino médio no período da manhã, moro em uma cidade no interior de São Paulo, mas não é uma área rural caso tenha pensado isso. Bem, sou uma garota normal de dezesseis anos.
Nesse momento tudo que eu quero é apagar, dormir até que tenha me livrado de tudo. Mas tenho que me levantar e fazer alguma coisa, como diria minha mãe. Então vou até a cozinha comer algo, não almocei ainda.
Encontro uma macarronada de ontem e esquento no fogão, faço um suco de laranja e aproveito os trinta minutos de sossego que me restam. Assim que acabo começam minhas tarefas, tanto de escola como domésticas.
Minha vida não é ruim, devo dizer, mas sem graça. Vou à escola de segunda a sexta, saio de casa às seis e chego as treze, como, limpo, faço meus deveres e assim vou seguindo com o que chamo de vida.
Tenho alguns amigos, não muitos, são legais. A minha melhor amiga é a Sophi, nos conhecemos no início do primeiro ano do médio, ela tinha acabado de se mudar e precisava de uma ajuda para conhecer a escola e resolveu pedir minha ajuda, é meio doida e um pouco bipolar, mas um ser humano incrível. E tem o Pedro, estuda da mesma turma que eu, é um cara bastante inteligente, bonito e divertido apesar de ser bem na dele.
Enfim, termino meu almoço e vou às tarefas. Minha mãe chega do trabalho pouco depois das duas horas. Lavo a louça, varro o chão, arrumo a casa, não é uma casa muito grande já que moramos só minha mãe, irmã e eu. Depois sento à mesa e começo com os deveres, matemática e química. Um dia espero descobrir que valeu a pena estudar essas coisas.
Giulia chega às dezoito horas em casa porque estuda no período da tarde, apesar de ser cinco anos mais nova é incrivelmente esperta. Estuda na mesma escola que eu, como é próxima vamos a pé mesmo.
Ser eu é muito simples, o que pode ser meio entediante. Mas gosto de algumas coisas como ler, ou ver filmes, ou qualquer coisa que me distraia e faça com que realidades mais interessantes me sejam apresentadas. Ainda que não tenha ideia do que quero fazer para tornar a minha própria vida mais interessante.
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
O despertador toca, cinco horas da manhã, coloco na soneca de cinco minutos e me pergunto se realmente vale a pena ir para a escola hoje. Alguma coisa na minha consciência nunca me permite faltar, queria saber o que é e desativá-la.
Me levanto, ligo a luz e fico levemente cega por alguns instantes, vou ao banheiro faço minhas higienes, me troco e coloco a camisa da escola, uma calça jeans escura e uma blusa de manga, não saio de casa sem uma blusa de manga comprida.
Tomo meu café da manhã, o clássico pão na chapa e leite com Toddy, nunca me acostumei muito com café e não curto muito Nescal, é isso. Depois peguei todo meu material e tudo o que preciso e vou rumo ao meu destino.
Chego na escola e vou direto para o lugar onde me encontro com a Sophi, perto de um bebedor que ninguém nunca usa. Vejo ela e nos abraçamos, conversamos um pouco antes de irmos na direção de nossas salas.
-Tudo bem?- Sophi diz.
-Tudo, você viu o Pedro hoje? Tenho que tirar umas dúvidas do dever de casa.
-Não vi… ele deve estar na sala como sempre. Mas me diz aí, vai na festa de inverno?
A claro, tinha me esquecido da tão esperada festa de inverno. Realmente não quero ir. Vai ser no meio do ano, pouco antes das férias e para todo o pessoal do ensino médio que comprar um ingresso. Eu prefiro dizer que será para todos os casais que querem se pegar sem se preocuparem em enrolarem os pais.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Normalmente alguém
Novela JuvenilQuando se é alguém normal é difícil acreditar que coisas inusitadas podem acontecer com você. Porém, quando menos se espera, acontecem. e o modo como lida com isso dirá se terá aproveitado isso que chamamos de vida. essa história fala de uma alguém...