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Toda história tem o seu começo e eu sinto que o começo da minha foi quando eu a conheci

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Toda história tem o seu começo e eu sinto que o começo da minha foi quando eu a conheci. Eu devia ter uns sete anos, mas me lembro de ter sentido emoções que não sabia como descrever, minha barriga se contorcia como se estivesse descendo uma montanha russa e minhas mãos suavam tanto que tinha que seca-las em minhas calças. Eu não falei com ela naquele dia, não consegui, mas me lembro de depois ter contado para minha mãe como ela parecia uma super-heroína saída das páginas do meu gibi favorito.

-Meu filhinho está apaixonado! - Minha mãe cantarolou depois de me dar um beijo molhado na bochecha o que me fez fazer uma careta e negar. - Se apaixonar não é uma coisa ruim, meu amor, na verdade é uma das coisas mais bonitas que podem acontecer com uma pessoa.

Os meninos na escola zombaram e falaram que meninas eram nojentas, e antes de conhecê-la também pensava assim, mas como o ser mais angelical na face da Terra poderia ser nojento? Bom, depois que descobri o seu nome, ele se tornou a minha palavra favorita, falar em voz alta era quase tão bom quanto ouvi-la dizer o meu.

A primeira vez que nos falamos foi em seu aniversário de seis anos. Haviam poucas pessoas ainda e ela estava parecendo uma princesa de verdade em um vestido rosa e falava sozinha apontando com uma varinha mágica da mesma cor. Quando me aproximei, ela me perguntou:

- Você é o meu príncipe?

-Eu não sei, eu sou?

-Bem, você quer ser? - Aquela pergunta parecia tão madura para sair da boca de uma criança de seis anos, mas, com o tempo eu iria perceber que ela costumava dizer mais do que falava.

-Acho que sim - respondi dando de ombros. Eu tinha sete anos e meio e não dava a mínima para príncipes e princesas, mas o que ela quisesse que eu fosse eu seria.

-Então você precisa jurar lealdade à mim, sua rainha e ao nosso Reino.

-Por que eu sou o príncipe se você é a rainha?

-Porque reis tem rainhas, e rainhas têm príncipes. E eu sou a rainha, então sou eu quem mando.

-E eu faço o que?

-Você brinca comigo!

E nossa amizade foi basicamente assim pelos anos seguintes, exceto que ela enjoou de brincar de rainha logo e o que mais fazíamos era fugir de nossas babás durante os eventos. No final da noite geralmente estávamos sem sapatos, pois tiravamos para correr e minhas calças ficavam imundas assim como as barras dos vestidos dela.

Quando minha mãe adoeceu, eu passava o tempo todo preocupado com ela, estava sempre tentando ajudar e ficava muito triste quando não podia fazer nada para aliviar sua dor. Ela dizia que ia ficar bem, que o melhor remédio do mundo era o meu carinho, mas ela não ficou bem.

Com onze anos eu levava um buquê de flores para o velório da minha mãe. Demi ficou ao meu lado o tempo todo segurando a minha mão e isso me deixou um pouco mais feliz, mas também fiquei triste porque meu pai não tinha mais ninguém para segurar a mão dele.

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