ice cream

28 3 3
                                    

Os meus passos ecoavam pelo corredor vazio no chão de porcelanato branco recentemente polido

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Os meus passos ecoavam pelo corredor vazio no chão de porcelanato branco recentemente polido. Estar com uma bota ortopédica no pé esquerdo não facilitava em nada a minha locomoção, estava bem melhor desde a manhã seguinte do jantar, mas eu ainda não conseguia subir ou descer os sete lances de escada até meu apartamento, o que me fazia ter um ataque de pânico todas as vezes que a porta do elevador fechava comigo dentro e meu único alívio era sair sã e salva de lá.

Apoiei minhas muletas na parede para procurar as chaves do triplex em minha bolsa, que agora era uma confusão de papéis. A primeira coisa que senti quando entrei foi um cheiro horroroso de queimado e, como hoje era o dia de folga de Maggie, só podia significar uma coisa: Danica havia tentado cozinhar e ainda bem que já havia almoçado na rua já que parecia que um furacão havia passado pela cozinha já que a única coisa no lugar eram os cabelos lisos e compridos de minha gêmea, como sempre.

-Você por acaso viu Wilmer subindo? - Parei no meio do caminho para o meu quarto e podia sentir meus ossos queimando de ressentimento. Ficamos mais de um mês sem nos ver ou falar, estamos há dois dias morando no mesmo lugar e a primeira coisa que ela vem me perguntar diretamente é sobre o meu namorado, que de alguma forma agora era noivo dela.

-Eu não sou a babá de seu noivo, Danica. Se quiser saber sobre Will, ligue para ele.

-Nossa, eu só achei que vocês poderiam ter se encontrado no elevador ou sei lá. - Eu realmente não conseguia adivinhar se ela fazia de propósito, ou se só era estúpida mesmo. Provavelmente um pouco dos dois.

-Will não usa elevadores, você deveria saber disso já que vai casar com ele não é mesmo? Ah, eu quase me esqueci, fui eu quem namorou ele por mais de dois anos. - respondi e bati a porta às minhas costas para não ouvir qualquer desculpa que pudesse inventar, nada que ela dissesse iria fazer minha raiva diminuir.

Eu não fazia ideia de como era possível que nossos códigos genéticos fossem o mesmo, eu não teria coragem de fazer nada disso com ninguém, ainda mais com a minha própria irmã! Quando éramos crianças era legal sermos idênticas, trocavamos de lugar e confundimos as pessoas o tempo todo, mas agora eu só queria um rosto que fosse só meu porque toda vez que eu olho para o espelho eu a vejo, e toda vez que a vejo, tenho vontade de cortar fora aquele estupido anel de diamantes do seu dedo e arrancar aqueles malditos apliques de seu cabelo.

Tirei minhas roupas deixando-as jogadas no chão do quarto e me sentei na beira da banheira para tirar a bota e então entrar no banho, que demorou mais do que o normal já que tinha só um dos pés funcional. Eu planejava ficar em casa e assistir uma série, já que a maior parte do meu projeto estava pronto, mas sabendo que Will estava vindo jantar com a minha irmã, não ficaria em casa. Coloquei um conjunto de shorts e uma jaqueta vermelhos que nunca tinha usado com um cropped preto e branco. Lutei um pouco para calçar meu coturno num pé e a bota ortopédica no outro. Não economizei na maquiagem, após prender uma parte do meu cabelo castanho num coque alto, passei o perfume cítrico que Will havia me dado e amava.

Only OneOnde histórias criam vida. Descubra agora