Pensamentos atribulados

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Eram nove horas da noite. Já todos tinham chegado a casa, cada um vindo da sua vida de trabalho. O ambiente em casa dos Garret estava cada vez mais pesado, e por isso cada vez mais insuportável.

Rafael (que lá na escola era tratado por "Moças" por ser o miudo que mais moças deu no chao até aos dias de hoje) estava estafado, e agora a única vontade que tinha era a de largar as malas e atirar-se para cima da cama, na esperança de adormeçer num sono profundo o suficiente para esqueçer o dia de hoje, que tinha corrido particularmente mal.

Fogo nunca mais chegam as férias de Natal. Já estou farto de escola. As aulas estão cada vez mais aborrecidas, e há lá miúdos tão infantis que não sei como é que andam no oitavo ano.

Rafael tinha os pensamentos tão atribulados e nervosos que até descalçava os sapatos com o dobro da lentidão do costume.

- No que é que andas a pensar? - perguntou-lhe a Sara, a sua irmã que também tinha a mesma idade dele e que era a sua "conselheira sentimental".

- Hã? O quê? O que é que disseste?

Pela reação do seu irmão, Sara notou facilmente que tinha-lhe interrompido os pensamentos da forma mais brusca, mas ao mesmo tempo, mais discreta possivel.

- Eu perguntei te no que é que andas a pensar? - voltou ela a perguntar pacientemente.

- Hum, nada, é só porque hoje o dia não correu muito bem. Devo estar a precisar de um descanso de isto tudo.

- Rafael, Sara, venham jantar que já é tarde! - interrompeu uma voz estridente vinda da cozinha.

- Anda Rafael - disse Sara - realmente já se faz tarde e de certeza que a ultima coisa que tu queres ver é a tua mãe chateada.

De facto ela tinha razão. Ele não estava com disposição nenhuma para ouvir a sua mãe a gritar nem para ver as suas expressões faciais todas alteradas.

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