Plano

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O que é que tu vais fazer com ele? - perguntou a Sara à mãe - Estamos sem rede, não vale a pena ligares para ninguém. Não tem uso.

Ao dizer isto, Sara parecia ter lido os pensamentos dos dois homens que estavam do lado de fora (e aliás, diga-se de passagem, ela parecia conseguir ler os pensamentos de qualquer pessoa) pois no momento em que ela disse isso, logo se calou para ouvir um dos bandidos dizer:

- Chefe, o que é que vamos fazer com elas? Não têm uso nenhum.

- Isso é o que tu pensas - afirmou o outro com um brilho nos olhos de maldade (aquele que só os maus da fita têm). - Estas "meninas" valem muito para nós. São preciosas, aliás preciosisimas!

Sara pensara que ia ser naquele momento que ia descobrir a razão de estar ali, mas para sua grande desilusão o outro bandido que supostamente deveria querer saber porque é que elas eram preciosas, aliás preciosisimas, não insistiu mais e limitou-se a sair porta fora.

- Sara, estás preparada? - perguntou-lhe a mãe.

- Ham? - foi a resposta dela - Preparada para o quê?

- Eu reparei que o teu telemovel tem musicas, e achei que se agora eu puser uma dessas tuas musicas a dar, o homem vai ouvir e vai entrar. E aí nós temos de sair o mais depressa possível, de preferência sem ele dar conta claro.

A Sara achou o plano da mãe interessante. Mas logo a seguir vieram as dúvidas e as preocupações.

- Ó mãe, mas tu já pensaste que ele pode estar armado? E se assim fôr, é só haver uma falha no sistema e é meio caminho andado para o porgatório.

- Calma filha, tens de ter calma. Se pensares assim ent aí é que existem mais hipóteses de algo correr mal.

Sara tinha uns mil argumentos na ponta da língua, prontos a serem atirados à cara da mãe. Mas o medo era tanto que nem conseguiu falar nem mais uma palavra. Mas que aquele plano era demasiado perigoso, isso ela tinha certeza.

                                                             * 

Entretanto, o Rafael e o seu pai meteram-se no carro para irem para casa. Nenhum deles abriu a boca para falar uma única vez. Mas sabiam que o ambiente que vagueava dentro daquele carro era de tensão e de dúvida. E eu compreendo esse ambiente. Até eu estou preocupado com o desenrolar da história.

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