Os segredos da vida

Confusões

- Liga-lhes! - pediu o Rafael, desesperado, ao pai.

- Já tentei mais do que uma vez! - reclamou o pai, também desesperado.

- Mas tenta outravez, elas têm de estar em algum lado, não podem ter sumido assim!

Às tantas parecia que só por causa deles os dois, reinava a confusão no centro comerçial. Já não sabiam onde procurar, a rede estava fraca, e só lhes restava andar a perguntar a cada pessoa por elas. Mas afinal o que lhes tinha acontecido mesmo? Sinceramente, nem eu que estou aqui a contar esta história sei ao certo. Será que isto envolve outro mundo, um mundo de ficção? Ou estou para aqui a fazer conversa quando devia dizer que elas foram à casa de banho?

- Ainda sem rede. - disse o pai.

- Secalhar foram à casa de banho... - disse o Rafael.

- E na casa de banho não há rede?

- Pois, tens razão. Então não sei. O mais que podemos fazer é continuar à procura.

- Olha, anda ali ter com o guarda, pode ser que ele as chame pelo altifalante do centro comerçial. - disse o pai, já a caminhar na sua direção.

Falaram com o segurança, que os ouviu com atençao e que depois comunicou então pelos altifalantes:

«Pede-se a comparência de uma senhora de nome Margarida Garret e da sua filha Sara junto da cafetaria central. Obrigado.»

E a partir daquele momento, eles limitaram-se a esperar na ansia de as ver chegar. Esperaram um minuto, um quarto de hora, meia hora, e nada.

                                                            *

Sara fez um esforço por abrir os olhos, que lhe pesavam imenso. Quando finalmente o conseguiu fazer olhou à sua volta. Mas não via nada. Estava tudo escuro. E o silencio...esse também lá estava. Doíam-lhe as costas e a zona da nuca. De repente ouviu uma voz.

- Quem está aí? - perguntou ela sobressaltada.

- Filha? - respondeu do outro lado do que agora se notava ser uma sala, pois os olhos começavam a habituar-se à escuridão, a mãe.

- Mãe! - exclamou ela aliviada - Onde é que nós estamos? O que é que nos aconteceu?

- Não sei. Só me lembro de termos entrado no elevador do centro comercial para irmos ter com o teu pai e com o teu irmão. Mas a partir desse momento, já não me lembro de mais nada.

De repente ouviram mais vozes. Mas desta vez não pareciam tão amigáveis.