Este diário pertence à Park Jimin

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27/07/2020 às 20:40

Querido diário, o conceito de Luz e Sombras nunca havia parecido tão interessante e real para mim. Na verdade, é que antes eu nunca havia me interessado por alegorias, mas na tarde de hoje, depois de tudo o que aconteceu, acabei percebendo que o livro de Platão, "O mito da caverna", tinha mais verdades ocultas do que eu sequer poderia imaginar.

O mito fala sobre um grupo que acabou ficando preso em uma caverna por muitos anos, e tudo o que podiam ver eram apenas sombras que vinham do que passava do lado de fora da caverna. Então eles foram se desacostumando com a luz aos poucos, e com o passar do tempo, se desacostumando com tudo que alguém precisa para viver. Mas um dia, algo do lado de fora chamou a atenção de um deles, ele havia conseguido se soltar de alguma forma e decidiu seguir sua curiosidade e quando se deu conta do que perseguia, já estava fora da caverna, dando de cara com a luz do sol e se banhando com o calor e felicidade que ele trazia, e com muitas outras pessoas que andavam por ali sem medo. Ele poderia ter saído da caverna sozinho e explorado a sociedade que havia acabado de "descobrir", mas ele também tinha a opção de voltar para a caverna e contar aos companheiros o que viu e o que os esperavam lá fora, e foi o que escolheu fazer. Voltou para o interior da caverna e contou tudo, no entanto foi taxado de louco, maluco, doidinho de pedra.

E é aí que entra a tal alegoria! Enquanto estamos na Luz, conseguimos ver a verdade, pura e límpida como águas cristalinas, no entanto preferimos ficar na escuridão, que é o mesmo que preferir não ver a verdade e o mundo como realmente são, preso a uma ignorância sem igual.

O que eu quero dizer com tudo isso?  Bem, percebi que era assim como eu estava vivendo nos últimos tempos, era isso o que eu tinha que aguentar e o que minha mãe também suportava. Esteve em sua frente o tempo todo, um espelho d'água cristalino, reluzindo em sua frente, brilhando e a chamando para ver e encarar a verdade. Mas ela não via, nem assim ela queria ver, então se permanecia ignorante a tudo ao seu redor, tendo a sua verdade como verdade absoluta e nada mais. Eu já não sei mais o que fazer para mudá-la, não quando eu não tenho mais forças para isso.

Mas eu ainda a quero libertar, eu ainda quero fazer que ela veja a luz de novo, nem que seja necessário um sacrifício.

De meus olhos lágrimas caem sem parar, incontrolável e desesperadas, um choro entalado na garganta ao qual não consigo mais segurar, que não para.

Hoje mais cedo o meu coração batia forte e feliz. O sorriso quase não cabia em meu rosto e eu era incapaz de controlá-lo, minhas mãos tremiam de ansiedade e animação, tudo isso por um simples trabalho de escola. Mas um simples trabalho feito ao lado do meu lindo Min Yoongi.

Eu castigava meus lábios, os mordendo enquanto o olhava, simplesmente não conseguia manter meus olhos longe dele era a primeira vez que ele vinha em minha casa e fiz questão de  fazer notas mentais de cada expressão em seu lindo rosto. O bico quando estava tentando montar uma conta de álgebra em sua cabeça para ficar mais prático ao passar para o papel ou como ele tombava a cabeça para lado quando errava e já começava a procurar outra alternativa. Sem falar dos fios tingidos de verde menta, caindo em frente aos seus olhos ao qual distraidamente ele retirava com as pontas dos dedos, era uma outra pequena e perfeita distração. Me pergunto como ele conseguia ser tão encantador simplesmente só por existir.

Mas fui pego no flagra, claro que depois de o encarar e o secar descaradamente isso ia acabar acontecendo. Mas não foi ruim, nunca foi ruim ser pego no flagra por Mim Yoongi. Senti minhas bochechas doerem do sorriso que quase partiu meu rosto quando ele me lançou aquele sorriso gengival. Minhas orelhas queimaram.

Sua mão soltou o lápis lentamente e depois a levou até meu rosto, o toque quente por cima da minha pele fria. Não demorou para que nossos hormônios falassem um pouquinho mais alto e o trabalho se tornasse algo secundário para nós.