O trem que chega
É o mesmo trem da partida
A hora do encontro é também despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar— Milton Nascimento
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A chuva castigava aquele rosto belo, juntamente ao vento gelado que arrepiava seu corpo todo até os ossos. Mas o rapaz não notava, não se importava nem um pouco com aquilo ou se teria algum tipo de resfriado como consequência. A prioridade do no momento era ir até Jimin, chegar até ele e afastar qualquer pensamento ruim que tenha se apossado de sua mente. Não o conhecia, não sabia nada a respeito dele além daquelas páginas amargas que lerá a seu respeito, mas não podia simplesmente lhe virar as costas, lhe abandonar, não, não depois de saber que muitas pessoas já tinham feito isso a ele.
Não conseguia entender a necessidade que sentia de chegar até o garoto, de o tomar em seus braços em um abraço apertado e protetor. Talvez fosse um reflexo ou um extinto de proteção que gritava após ler cada página dolorida do seu velho diário esquecido. Chegava a se perguntar como algumas pessoas poderiam ser cruéis, tão maldosas ao ponto de se satisfazer com o desespero do outro, e como as outras pessoas poderiam ser tão cegas ao que se passa ao seu redor. Quando o mundo havia ficado tão alienado? Quando as pessoas ficaram tão frias ao ponto de sequer sentir empatia por outra? Como pessoas boas passam por coisas tão ruins a troco de nada?
O mundo era um globo gigante de caos e desespero. Cheio de lugares bonitos, e pessoas frias e distantes.
Era um grito silencioso implorando por ajuda, um olhar de puro desespero, pessoas que carregam coisas em suas costas que não cabem a elas carregar, que se ferem e sangram e ainda precisam ouvir “É sua culpa”. Jimin havia passado por muito disso, e apesar de não ter estado em algo assim, entendia, via o Jimin, e queria o salvar, queria dizer a ele que não estava sozinho, queria dizer que agora ele poderia contar com Jungkook, que tinha Jungkook.
Ele tinha...
Aquilo não poderia ser um simples acaso e não deixaria que nada daquilo fosse em vão, as informações que pegou para si, tinha um motivo e um preço e todos eles apontam em uma única direção, para um único alguém, para Park Jimin.
E se aquela merda toda fosse o destino, tinha que dizer que era um jeito bem arriscado de aproximar as pessoas, mas depois do diário, depois de jimin… sentia que, o que aquelas páginas uniram nada poderia separar, esperava de verdade e bem no fundo que nada pudesse os separar.A vida era feia, e nada fácil, principalmente com inocentes e pessoas boas. Mas tem o outro lado, o lado que nos faz lutar todo dia e passar por cima de tudo, mesmo colocando o mundo no mudo. O lado que nos permitia ter esperanças em meio ao caos interno e externo, e era nessa esperança, nessa migalha de esperança que Jungkook se agarrava tão desesperadamente enquanto tentava chegar até o Park.
— Eu nunca fui religioso, mas, se tem alguém aí em cima, se alguém pode me ouvir…por favor, por favor…eu imploro a você que me deixe chegar até ele, que me deixe ver aquele rosto mais uma vez…eu preciso saber se Park Jimin está bem, ele tem que estar bem…
A voz era tão dolorida que chegava a sumir durante a corrida que fazia, era quase como se tivesse algo fincado no peito do rapaz lhe roubando e tomando todo o ar. As lágrimas que desciam por seu rosto se misturavam com as gotas de chuva, e as pernas ágeis estavam a um fio de ceder. Mas ele não podia parar, ele não iria parar, não ali e não aquele momento. E sua cabeça não ajudava o castigando com os “se…”
Se tivesse prestado mais atenção…
Se tivesse chamado por ele no momento em que se trombaram e seu diário caiu…
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Este diário pertence à Park Jimin
Fanfiction[ CONCLUÍDA ] [ LIVRO FÍSICO EM 2025 PELA EDITORA SINGULARITY] O que faria se encontrasse um diário? Este que contém o dia a dia de uma pessoa. O que era para ser encantador, na verdade rondava um lado obscuro, aquele que preferimos sempre ignorar...