Madara:
– Acorda, Madara! – Ele pulou em cima de mim enquanto eu lutava contra o sono para acordar. – É hoje! Levanta.
O dia que eu mais temia chegou, o dia que Hashirama havia marcado nossa visita ao orfanato. O fato de que havia uma grande possibilidade de que traríamos uma terceira pessoa para casa naquela tarde me deixava extremamente tenso. A ideia de ter um filho ainda me amedrontava, sabia bem como crianças podiam ser, já que trabalhava com várias delas há muitos anos.
Suspirei e me sentei na beirada da cama, esfregando os olhos para despertar. O observei, ele já estava pronto, provavelmente havia acordado bem mais cedo por conta de sua ansiedade. Há dias não parava de falar sobre aquele assunto, era irritante até demais, mas tinha de admitir que amava vê-lo feliz daquela forma.
Me levantei, me encaminhando até banheiro. Eu já estava atrasado, se demorasse mais era provável que o Senju tivesse um ataque cardíaco. Após fazer minhas higienes matinais de costume, me dirigi até o closet, bem ao lado do cômodo. Depois de me vestir de uma forma qualquer, notei que ele estava me observando profundamente, com um sorriso suspeito em seu rosto. Levantei uma das sobrancelhas, em dúvida.
– O que foi? Tem algo no meu rosto?
Ele soltou uma alta gargalhada, como se estivesse dizendo alguma piada.
– Tirando a beleza do seu rosto rabugento, mais nada. – Se aproximou, dando um beijo em minha testa. – Eu te amo, obrigado por realizar o meu sonho. Eu prometo que nós três seremos muito felizes.
Sorri pequeno e sem mostrar os dentes ao ouvir suas palavras, eu o amava tanto, me doía não conseguir expressar isso da maneira que ele merecia. Peguei em sua mão, maior que a minha como em um quebra-cabeça perfeito, entrelaçando nossos dedos.
– Eu amo você, tenho certeza que seremos. Vamos.
—
Após pouco menos de uma hora com Hashirama dirigindo em extrema velocidade para chegarmos logo, finalmente chegamos. O orfanato, cujo nome era Sol e Vida, era aparentemente bem grande. Saímos do carro e juntamos novamente nossas mãos, indo em direção da recepção do local. Olhei em volta, era tudo... colorido demais.
O chão do local se tratava de um carpete amarelo e as paredes eram em tons pastéis variados, com diversos desenhos infantis, como arco-íris, ursos, balões, e etc. Revirei os olhos, tudo aquilo me dava ânsia e dor de cabeça.
Após nos registrarmos com a recepcionista, nos sentamos em duas das várias cadeiras vagas, aguardando a pessoa que nos mostraria o local e muito possivelmente o nosso futuro filho. Observei Hashirama, que apertava as mãos sob suas coxas e visivelmente estava suando pela tensão que sentia. Bati meu cotovelo de leve em seu braço para chamar sua atenção.
– Não fique tão nervoso, todas as crianças vão te odiar se você chegar fedendo a suor. – Brinquei.
Ele forçou uma gargalhada, mas ainda estava visivelmente tenso. Pus uma das minhas mãos em sua coxa esquerda, fazendo movimentos circulares, afim de confortá-lo. Ao perceber isso, ele se aproximou e deu um demorado beijo em minha bochecha, me fazendo sorrir.
De repente, uma senhora de aparência simpática com não mais de cinquenta anos entrou na recepção e veio em nossa direção. Nos levantamos instantaneamente ao perceber que ela seria a mostradora do lugar.
– Boa tarde, senhores. – Ela apertou nossas mãos em respectiva ordem. – Eu sou a Akemi, irei mostrar as crianças, podem me seguir.
Assentimos ao mesmo tempo e passamos a segui-la até que entrássemos em um corredor amplo, com várias salas diferentes e com portas também coloridas, que continuam placas com a faixa etária das crianças. Ao lado de cada porta havia um extenso vidro, que mostrava o conteúdo da sala em questão. Ela se aproximou de um deles, nos chamando para fazer o mesmo.
– Como os senhores nos disseram que suas preferências são crianças de três a cinco anos, essa é a sala que examinaremos. Aqui todos tem a mesma média de idade, assim fica mais fácil de analisar. – Ela explicou, nos incentivando a olhar através do vidro. – E então, algum deles chama a atenção de vocês?
Quando me virei, percebi somente eu aparentava estar a ouvindo, pois Hashirama olhava pelo vidro como uma criança que observava atentamente um brinquedo novo. Era uma cena inédita para mim, já que nunca o havia visto com tanto brilho em seu olhar quanto naquele momento, além da feição completamente babona. Ri baixinho pela imagem e cruzei os braços.
– Eles são tão perfeitos, eu quero adotar todos-
– Não. – Me adiantei para não o dar esperança de adotar mais de uma criança.
Ele automaticamente abaixou a cabeça como sempre fazia quando algo o deprimia, podia até visualizar uma nuvem negra acima de si e o som melodramático. Akemi, gargalhou com a cena, me fazendo lembrar que ela estava ali.
– Vocês são adoráveis! Venham, as crianças vão adorar vocês.
Dito isso, ela abriu a porta em cor rosa claro e nos fez um sinal para que entrássemos, o que fizemos. Pude então ter a visão de cerca de vinte crianças totalmente diferentes uma das outras, todas brincando em conjunto, menos uma delas, que brincava de costas para a parede sozinho com um carrinho de brinquedo. A cena me intrigou imediatamente, me incomodava ver um menino tão pequeno sozinho daquela forma.
– O que ele têm? – Apontei para ele no canto, chamando a atenção de Hashirama que não parecia tê-lo notado ali.
A mulher buscou com a visão até achá-lo, suspirando de tristeza. Aquilo só me deixou ainda mais incomodado.
– Aquele é o Obito, ele tem quatro anos e perdeu os pais há dois num acidente de carro. – Fechei os olhos pela tragédia, aquilo era realmente muito triste considerando a idade do pequeno. – Por conta da tragédia, ele tem uma marca em seu rosto e as outras crianças temem brincar com ele.
O olhei novamente, seus pequenos braços empurravam silenciosamente o carro de brinquedo, o único brinquedo a sua volta. Hashirama aparentemente também se comoveu com a história, pois foi em sua direção e se sentou ao seu lado, chamando então a sua atenção. Suspirei e fui até eles e pude ver finalmente seu rosto, que não era nem um pouco assustador, muito pelo contrário, só era especial.
O lado esquerdo de seu rosto era definido por algumas cicatrizes profundas, que iam do queixo até a testa. Os olhos eram completamente escuros e luminosos, o nariz afinado e os lábios finos e rosados, marcados por sua própria saliva. As bochechas gordinhas e ressaltadas davam destaque para todo o conjunto de sua face e só me faziam ter cada vez mais vontade de apertá-las. Seus eram cabelos curtos e negros, visivelmente sedosos.
Me abaixei sob um dos joelho, ficando da sua altura e forçando um sorriso, realmente não era bom naquilo. Ele me olhava confuso, mas em silêncio.
– Oi Obito, eu sou Madara. Como você está? – Hashirama riu, provavelmente pelas minhas fracas habilidades de falar com crianças daquela idade.
Me ignorando completamente, ele se levantou sob suas curtas pernas e se posicionou em minha frente. Meio receoso, levantou uma de suas minúsculas e gordinhas mãos e a aproximou de meu rosto, a colocando sob minha bochecha direita e apertando levemente com os finos dedos. Seus olhos sorriam e brilhavam em minha direção e eu quase pude sentir os meus brilhando também, era como se estivéssemos ligados pela sua miúda e morna mão. Fiquei em choque com aquilo, seu contato me fazia querer cuidar dele para todo o sempre.
Ao virar o olhar para Hashirama, com um sorriso imenso ele me disse o que eu já imaginava.
– Parece que encontramos nosso filho.
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𝐎𝐮𝐫 𝐂𝐡𝐢𝐥𝐝 • 𝐇𝐚𝐬𝐡𝐢𝐦𝐚𝐝𝐚
RomanceOnde Madara e Hashirama decidem que a família estava pequena demais, e acabam por adotar o pequeno Obito, de quatro anos. Avisos: > Universo alternativo ao de Naruto. > Os personagens não me pertencem. > A fanart da capa não me pertence, todos os...