Profanação

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O silêncio dentro do cômodo fez o quarto amplo de Sakura parecer mais apertado do que verdadeiramente era. 

Dava para ouvir as respirações fortes e pesadas, rápidas demais para pessoas que estavam paradas. 

Sasuke se mantinha imóvel, olhando para grande janela de vidro que ficava de frente para si. A mão se encontrava fechada em punho, e os músculos tensionados o suficiente para deixar a pele sempre tão pálida, avermelhada pelo esforço que exercia para se manter parado, lutando com todas as suas forças contra seus desejos primitivos. 

-Eu estava indo até você. 

Sakura sussurrou. Tudo que os dividiam eram três passos pequenos. Ela encarava atenta as costas nuas do tio, mapeando com seu olhar cada sinal minúsculo que ele tinha naquela área. 

-Parece que fui mais rápido. - respondeu sem nenhum ar de humor. 

O clima estava denso; pesado. Ambos sabiam o que queriam, mas ali, de cara para a realidade, não pareceu tão simples assim, pelo menos para Sasuke, que trincava os dentes ignorando sua pálpebra trêmula enquanto sentia o aroma floral que exalava dela. 

Era refrescante, mas doce ao mesmo tempo. Dava uma vontade insuportável de lamber, provar se o gosto seria tão bom quanto aquele maldito cheiro. 

-Sabe que não vai ter mais volta, não é? - soprou entre os dentes cerrados. 

-Agora você quer se preocupar com isso? 

Eles sabiam que o peito de ambos queimava enquanto os dois corações batiam rápido como dois inexperientes, cautelosos sobre qual seria o próximo passo. 

Sasuke vagarosamente se aproximou da cama desarrumada que ela mantinha, arredando os edredons embolados para se sentar logo em seguida, virando enfim de frente para Sakura, que acompanhava cada mínimo movimento feito por ele, aguardando uma nova ação, ansiosa por algum pedido carregado de malícia. 

-Venho me preocupando com isso tempo o suficiente. - retrucou. - Três longos e demorados anos. 

Os olhos negros finalmente buscaram aos verdes.

-Três anos para chegar agora e desistir? - ela não perdeu a oportunidade de mostrar o quão afiada podia ser, deixando transparente sua certeza sobre o que queria. O que mais almejava. 

O tio soltou uma lufada forte, a risada anasalada mais parecia um protesto. 

-Não estou temeroso quanto ao que quero. Acredite, tive tempo o bastante para tentar tirar essa ideia da minha cabeça. Não obtive sucesso. 

A boca de sua sobrinha se abriu minimamente enquanto, sob o olhar profundo, se sentia pequena e avaliada. O que de fato, não era mentira, porque Sasuke lhe devorava enquanto a encarava, dando a ela toda certeza de cada frase que escorregava pelos lábios finos que ele tinha. 

My Sins (Sasusaku) Onde histórias criam vida. Descubra agora