VIVER
Viver é aventura.
Só ternura, uma doce amargura.
Os ventos dispersos sem saber para onde vão,
A doce amargura perdida num encontro de paixão,
E os graus de areia dispersos por todo o lado,
Sob os pés daquele que lhe deveria ter exaltado,
A onda viva morta, que destrói sem revolta,
Só clamava por um tolo que a suporta,
E o sábio de tolice e encantamentos, Sem furor, só vileza em desalento
E o palerma lá da rua alagada,
Roubava flores, para roubar a sua amada. Viver!
Doce amargura. Eu vi! Uma joaninha deitada a sombra da bananeira,
E o joaninho enchendo seus ouvidos de besteira,
Enquanto a joaninha em pintas o suportava,
O joaninho encontrara alguém que o amava.Sonhei! Éramos dois
Eu e uma versão de nós os dois, A lágrima solta no deserto desconhecido,
O encontro que me tornou cada vez mais perdido, Só ternura, uma doce amargura!
Se eu viver, só doçura, Se estou vivo, amargura.
Quis viver, só na graça, Quando adulto, sou criança,
Quis morrer, ilusão,
Não me vivo, nesse chão.Eu sinto, esse chão nada de significado me tem, não sirvo mais para ele, não me vejo nele; ontem vil, hoje sonhador, não!
Nada de significado me tem; ontem ódio, hoje é amor, não!
Não me vejo nele. Gritem oh! Horizontes quebrados, destinos molhados, porque aquela onda foi levada pelo vento, e hoje ele vive, como viver, ele respira, como respirar, ele sonha como sonhar. Eh! Eu gosto disso.