Cartas do Abandono

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Detalhes da vida! Uma retórica entrega de nós a eles, procurando estabelecer firmemente todos os ganhos da sua colheita para que nós
mesmos nos saciemos de nós mesmos. Uma hora ou outra percebemos, que não somos comestíveis o suficiente para saciar todo o respaldo da nossa imaginação de felicidade, e quando isso acontece, o maior agricultor
cultiva a Ele, o Pão e se alimenta, já o menor, sempre na ilusão de sua ilusória colheita.

1. QUE DIRIA

E essa areia quente em meus dedos,
E essas gotículas de suor e de medos,
Que escorria sobre as ondas do mar de tristeza,
E soltava seus desabafos com gentileza.
Rhá! Era eu.
Médio baixo, era eu,
Alegremente triste, era meu.
Aquele rosto que refletia sobre a lua,
Aquele grito sobre o oceano ali flutua.
Rhá! Era meu.
Um passo, como sou,
Dois passos, lá me vou,
Até ti, não por mim,
Até ti, não em mim.

Como digo aos além da maioria lá naquela cidade, viver é só por
vaidade. E toda essa indelicadeza das circunstâncias, levam-me a
chorar pela minha infância. Porque quando sentia as areias em meus
dedos, quis saber onde estavam os seus medos, os medos das areias,
como ousam elas em envolver-me em suas iniquidades. Ai caramba!

Rha! Afinal de contas era eu, tudo que questionava ser, eu era.
Logo agora que me habituei com esse mar de tristeza, logo agora que
refleti meu rosto nestas águas de vileza.

Eu vou, mas que nem um caminhante,
Só pelo caminho, não pela amante.
Eu vou, que nem um sonhador,
Só pelo sonho, não pelo amor.

2. DESEJOS QUE VOAM

Desejos que voam, que somem e consomem,
Descalços na relva, com cheiro de homem,
Desejos sem volta, que partem distante,
Sem som e sem nota, um solo vibrante.
Desejo que apaga, o sonho da gente,
Que leva a minha alma, para um reino distante,
Desejo miúdo, fraquinho e quentinho,
Que queima a pele, do doce gostinho.

Na viagem delicada do meu olhar, mundos e mais mundos podia
contemplar, sabores e mais sabores por desejar; e estava ela, solta e
camuflada, apresentava-se por “Desejo”, seu rosto era como as
harmonias do oceano, seus lábios, mais atrevidos que a brisa fresca
do campo. Senti ela aproximar-se a mim, bem entendido discerni, que
aquela onda, era só um viajante, pura doçura, por si só, amargura.
- Porque te alongas de mim
- Prefiro perder-te, do que aquilo que eu perderia, se te ganhasse.
- Fraco!
- Não, sábio.

Desejo desejo, que  má influência Teu gosto teu  gosto,  não  tem consciência,   Desejo que queima  a  alma  da  gente Desejo  que  mata  o sonho  da  gente. Desejo egoísta, não pensa  em mim, Pouco realista, engano sem fim, Desejo importuno, só sabe  voar, Por mais que resista, me  quer derrubar. Desejo da alma, daquele  que  grita,   Sonhando a  beira, da  sua  cabecita, Desejos da vida, da  vida  escondida,   Daquele que  encontra  a  onda  perdida. Desejo do verso de  um escritor,   Que  consome  aos poucos, todo o seu amor, Desejo desejo, tão perto te  sinto, Me chama  a  verdade,  cada  vez  que  minto. Desejo desejo, onde  estás  Senhor,   Acenda  em mim, a  luz  do amor, Desejos daquele, que  não  sabe  amar O Mestre  da  vida, que  o  veio salvar. Nem tudo que  faço, carrega  a  verdade Bem que  eu  gostaria,  estar  na  eternidade.

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