17 de junho de 2019 pt 2

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BILLIE EILISH

Eu abri meus olhos com dificuldade por conta da luz que entrava por entre as janelas. Minha cabeça latejava e eu nem lembrava o porque. A unica coisa que me vinha do último dia, era a minha conversa com a Arya, eu saindo da casa dela desesperada, comprando um litro de vodka e indo até o chalé.

Eu sentei com dificuldade na cama, encarando o quarto. Olhei pra baixo e eu não estava nem com a mesma roupa. Como isso aconteceu?

- Bom dia - ouvi uma voz familiar que fez meu coração quase sair do peito. Me virei em direção a porta e vi ela ali. Ela tava acanhada, me encarando com um pouco de vergonha - Como você ta?

- Bem - franzi o cenho a encarando - O que você ta fazendo aqui?

- Você me ligou bêbada ontem a noite e me deixou uma mensagem de voz - ela respondeu e eu senti minhas bochechas corarem. Puta merda. - Eu fiquei preocupada e...

- Preocupada? - eu ri irônica - Você praticamente colocou a culpa do que aconteceu com você toda nas minhas costas e disse que não queria me ver, me tratou igual cachorro e agora ta preocupada? - eu ri de novo negando com a cabeça. Qual é, eu to magoada.

- Billie, eu sei que eu falei merda, ok? Você tem que entender que ta tudo muito confuso dentro de mim. - ela suspirou e abaixou a cabeça. Ah, jura?

- Eu entendo Arya. Mas não foi justa a forma que você falou comigo. Porra, eu me culpo bastante do que aconteceu contigo. Nos ultimos 20 dias, a única coisa que eu fiz foi me culpar. Não teve um dia sequer que eu não chorasse no colo da minha mãe por causa dessa porra - eu desabafei com a voz ja embargada - Eu sei que a culpa foi minha, mas você não precisava ter me tratado que nem a merda de um cachorro. Podia ter me pedido um tempo, um espaço, mas me ignorar e me tratar que nem lixo? Porra.

- Eu sei que fiz merda, ta legal? - ela veio até minha frente e se sentou na cama, me encarando. Seus olhos estavam repletos de lágrimas - Mas eu me arrependi. Eu to magoada, to confusa e uma parte de mim te culpa sim. Mas depois que você foi embora eu me arrependi. Quando você deixou a mensagem de voz então, me senti uma merda. Eu sinto muito, Bil. Sinto muito mesmo por ter colocado toda a culpa disso nas suas costas. - ela secou uma lágrima e eu suspirei, tentando segurar minha vontade de abraça-la.

- Tudo bem. - suspirei - Eu entendo você, sei que a culpa foi minha também.

- Não foi - ela negou rápido pegando na minha mão, mas eu me desvincilhei.

- Foi sim, Arya. Para de cena, só por que eu fiquei bêbada ontem você ta querendo dar pra trás? Não precisa mentir não. Eu sei a verdade. - bufei e revirei meus olhos.

- Eu não to mentindo, Eilish! - começou a ficar irritada - Eu to falando a verdade! Eu fui babaca pra caralho com você, não tinha necessidade de ter te tratado dessa forma. Droga, eu... - ela se interrompeu e eu a encarei curiosa.

- Você...? - a incentivei.

- Eu te amo, Eilish - ela falou de uma vez e eu arregalei meus olhos - Depois que você disse que me amava ontem... Merda. Eu nunca tinha parado pra pensar nisso - suspirou - Eu só precisava de um tempo, entende? Eu sei que foi forte tudo que eu te falei. Mas eu to confusa, to machucada. Eu não consigo nem me olhar no espelho. - falou triste - Eu tenho nojo de mim. Tenho nojo do meu reflexo. Cada vez que eu vou tomar banho eu esfrego minha pele a ponto de ficar toda vermelha. Minha terapeuta me disse que a culpa que eu coloquei em cima de você, foi pra tirar a culpa das minhas costas. Ou eu culpava você, ou eu me culpava.

- Mas a culpa não é sua - a interrompi ja sentindo minha garganta fechar pelo choro.

- Mas eu sinto que sim. Só que pra amenizar essa merda que eu sinto, prefiro pensar que quem causou isso foi você - ela falou com a voz embargada - Quando o padre Joseph me estuprou e eu descobri que ele me abusava pela minha antiga terapeuta, eu me sentia um lixo. Eu me culpei por anos. Me culpo até hoje. Porque, merda, como eu deixei isso acontecer? - ela secou o rosto que ja estava molhado. - Enfim. Me desculpa, a culpa não foi sua. Eu nunca queria que você se sentisse dessa forma. Não foi intencional.

- Não chora... - eu murmurei ignorando a ultima parte que ela falou. Ver ela chorar me destruía.

- Eu só to triste - sorriu fraco e secou os olhos novamente. - Eu te amo tanto, não queria que você se sentisse mal por minha causa. Eu sei que o que aconteceu comigo não é justificativa pra fazer o que eu fiz com você.

- Na verdade, é sim - suspirei - eu fiquei muito magoada com você. Mas agora eu entendo o que aconteceu. - ela se encolheu - vem cá - a puxei e a abracei enquanto ela se aconchegava mais no meu colo - Me desculpa, amor.

- Me desculpa também. Eu não queria ter te ignorado. Eu não sei o que deu em mim... - suspirou e eu beijei o topo da cabeça. - Bil...

- Oi - a encarei.

- Você me ama mesmo?

- Amo - sorri de canto - Muito.

- Eu também te amo muito. - ela sorriu. - Droga, eu sou uma idiota. Quase estraguei tudo.

- Mas não estragou - beijei a ponta de seu nariz - A gente ta bem então, né?

- Por mim sim... E por você?

- Por mim também - eu sorri e selei seus lábios.

-...-

- Tá tudo bem pai - Arya falou no telefone e sorriu pra mim enquanto eu esperava a pipoca ficar pronta. - Vou voltar amanhã sim - eu neguei e ela me deu um tapa leve no ombro - Eu to bem. Não se preocupa. Também te amo. Beijo. - e desligou.

- Voltar amanhã? - fiz bico.

- Eu tenho terapeuta amanhã de tarde - ela sorriu sem graça.

- Ah, então tudo bem. Eu te levo. - me ofereci.

- Não precisa - ela encolheu os ombros.

- Eu faço questão - fui até ela e a abracei por trás, beijando seu pescoço.

- Vai queimar a pipoca - ela me avisou e eu dei um pulo.

- Merda - corri e desliguei o fogão ja sentindo cheiro de queimado, ouvi sua risada atrás de mim - Culpa sua, você que me distrai. - ela me mostrou a língua e eu ri. - Gosta de pipoca queimada?

- Com você eu gosto de tudo - ela sorriu e selou nossos lábios.

-...-

- Eu não acredito que esse é o final - Arya murmurou brava e eu ri.

- Eu não acredito que você nunca tinha visto esse filme, isso sim.

- Ainda bem que eu nunca perdi meu tempo, né - me encarou indignada e eu ri mais alto.

- Ah, qual é, é fofo. Ele deixou uma fortuna pra ela! - exclamei e ela bufou.

- Vai tomar no cu, o cara se matou - revirou os olhos. - Odiei, péssimo gosto pra filmes, Eilish.

- Marrenta - beijei seus lábios - Vamos dormir? Amanhã a gente vai acordar cedo.

- Vamos - fez cara triste, eu suspirei e beijei sua boca.

- Vai ficar tudo bem. - suspirei e ela sorriu triste - Agora vem.

A gente foi pro quarto, nos deitamos e ela se aconchegou no meu peito. Em poucos minutos ela dormiu ali mesmo.

Eu suspirei aliviada e feliz por estarmos assim. Ontem eu realmente pensei que isso nunca mais aconteceria, eu literalmente perdi meu chão.

Beijei o topo da cabeça dela e logo me aconcheguei ali, fechando meus olhos e me entregando pro sono, aliviada por ter minha garota comigo de novo.

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Pequenininho e podre masssss tá aí

Um spoiler: teremos no máximo 50 caps no total, ou seja: no maximo 10 caps pro final.

Obrigada pelos comentários e pelo carinho de vocês, quem me ameaçou ja to ligando pra polícia federal KKKKKKKKK

SE CUIDEMMMMM

somewhere i belong Onde histórias criam vida. Descubra agora