Capítulo Seis - Velas Sagradas

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Devastação. É isso que eu sinto: devastação. De alguma forma, eu cheguei no meio desta semana terrível, viva. Sim, de alguma forma. Bem, não é que eu não saiba o que me manteve lutando pela minha vida enquanto minhas entranhas estavam se esfolando e saindo da minha vagina da maneira mais dolorosa e sangrenta possível. Por um lado, papai me deixou descansar em paz. Ele veio ao meu quarto na segunda-feira de manhã e assistiu ao espetáculo sangrento que minha menstruação havia feito da minha cama. E meu pijama. E em eu mesma, porque estava chorando enquanto dormia. Na hora que ele me desamarrou, me enrolei na posição fetal que não deixaria até o dia seguinte à tarde, quando minha mãe bateu na minha porta. Ela me trouxe comida, meu amado ibuprofeno e algo ainda melhor. O que nos leva à segunda razão pela qual estou bastante otimista, apesar de sentir que vou morrer de tanto sangrar.

"Mãe Kalimann perguntou por você", ela disse enquanto abria minhas cortinas para o sol entrar, aumentando assim minha dor de cabeça. Eu juro que pensei que tinha sido minha imaginação. Por que ela se importaria? Ela estava com tesão de novo? Eu não estava, pela primeira vez em vários meses, mesmo que fosse apenas porque estava com muita dor. "Ela espera que você esteja bem e disse que fazer algumas confissões a Deus em suas orações noturnas pode ajudar?" Mamãe pareceu confusa por um segundo e depois deu de ombros. "Ela provavelmente está certa. Arrepender-se pode fazer você se sentir melhor."

Por causa da enorme dor de cabeça que completou o pacote de dor enviado do inferno que eu estava sofrendo, não a compreendi a princípio. Foi só quando minha mãe saiu do meu quarto e fechou a porta que eu peguei o "L" da Rafa tive que enterrar meu rosto no travesseiro para abafar minha risada. É claro que eu já sabia que se masturbar alivia cólicas menstruais, mas ouvir isso vindo dela dessa maneira espirituosa era hilário. Que padre de merda Rafaella, pensei e depois percebi que ela não é de fato uma padre, quase tira a emoção e o tesao saber que ela não é padre mesmo, no entanto, mesmo depois de cumprir minha fantasia de foder no altar, parece que não perdi o interesse por ela. Ainda não pelo menos. Eu sei que está por vir, é sempre assim. E ainda, além do vício em sexo, ainda há algo convincente em Rafa. Ela é gostosa, com certeza. Muito, muito gostosa... Muito... Sim ... Oh, sim! Ela é linda, inteligente e misteriosa. Pode ser isso. Ela é um mistério que eu quero resolver. Eu preciso. Afinal, eu sempre fui fã dos romances de Agatha Christie. O que posso dizer? Poirot é minha geleia.

"Querida, como ...?" Minha mãe abre a porta e para de repente. Seus olhos se arregalam e eu não entendo bem o porquê, ela me pegou fazendo coisas mais estranhas antes. "Por que há tantas velas aqui?"

"Gosto de velas", respondo imóvel.

"Você está...?" Ela aperta os olhos e faz uma careta. "Você está esculpindo eles?"

"... Sim".

Nós olhamos uma para o outra sem jeito. Não é como normalmente fazemos de outra maneira. Minha mãe e eu somos estranhas, sempre fomos e, a cada ano que passa, é cada vez mais fica evidente que á conexão entre nós e nunca esteve além do útero. No mesmo momento em que a enfermeira cortou meu cordão, tudo o que me ligava a essa mulher desapareceu. Qual tem sido o motivo de continuar tentando me ser minha mãe? Uma intenção preguiçosa de me manter sob o controle dela, que eu, voluntariamente ou involuntariamente, tenho tentando me desligar, mas que ainda permanece, mas só por causa do dinheiro minha mãe dá um passo à frente e olha dentro da minha tigela. Não olhe para a minha tigela, é minha. Ela tenta agarrar, mas eu sou mais rápido. Que porra ela pensa que está fazendo?

"São apenas pedaços e pedaços de cera, eu os jogaria fora!", Ela se desculpa por se intrometer nas minhas coisas. Se pudermos considerar isso uma desculpa.

"Não é apenas cera".

"Para que você quer isso?", Ela quase grita. Eu a irrito, sempre foi isso. Todas as pequenas coisas.

Perdoa Pai, Eu PequeiOnde histórias criam vida. Descubra agora