Semente

Escolhendo o fruto

Não fez sentido. Foi tão aleatório. Ninguém poderia ter previsto. Ninguém entendeu. Foi tão rápido. Mas aconteceu. E tudo pelo qual eu vivi já não importava mais. Ficou pra trás. Estou aqui, em todo lugar e em lugar nenhum. Não entendo. Não há ninguém. Onde estão todos? Porque eu? O que devo fazer? O que eu fiz antes? Foi bom? Foi ruim? Devo me arrepender ou me orgulhar?

Inspire. Expire. Respire.

Tenho alguns arrependimentos, não muitos, coisas que talvez eu deveria ter feito ou dito, mas tive medo ou vergonha ou qualquer outro sentimento que me atrapalhou. No geral, vivi uma boa vida. Minha família não era grande, mas tínhamos muitos amigos. Pregávamos o amor e o respeito aos nossos semelhantes. É claro, às vezes cometemos erros e acabamos machucando uns aos outros por falta de conhecimento, falta de empatia. Mas tentávamos manter a mente aberta e compreender o diferente. Lembro de muitas vezes ter ido à casa de conhecidos com um quitute e um pedido de desculpas por algo que eu ou meus familiares tenhamos feito. Acabamos fazendo bons amigos assim.

Agora que tudo acabou, penso que deveria ter ajudado mais os outros. Entrando em uma ONG, plantado uma árvore, protestado contra as injustiças sociais. Mas não fiz. Mesmo assim não sinto culpa, talvez um sentimento do que poderia ter sido se eu tivesse feito. Fiz coisas pequenas, mas acredito que foram boas. Brinquei com as crianças da rua, reciclei meu lixo, organizei as festas de fim de ano e sempre trazia um doce pros aniversariantes do mês no serviço.