Eu pedia interiormente para que Jonathan não voltasse, naquele dia não.
Eu tinha a certeza de que não me conseguiria controlar, esfreguei o rosto com as mãos fazendo um trilho de lágrimas e rímel esborratado.
Estava mais que claro que eu odiava Jonathan, e por minha culpa era obrigada a estar com ele.
Ele sabia os meus segredos, sabia cada um deles, e ele não hesitaria em manchar a minha reputação.
A reputação que tinha construído, a reputação que Liam Clark tinha me dado de bandeja.
Ele viu a minha confusão e ergueu-me, ou melhor, ergueu um desastre ambulante.
Eu devia tê-lo escutado, não havia ninguém melhor que ele para me ajudar e eu desperdicei tudo.
Passaram quase 4 anos, ele também errou teve os seus problemas, problemas graves pelo que vira nos noticiários e nas capas de revista.
Tinha pena dele, ele não merecia, eu queria apoiá-lo, merda eu precisava que ele me apoiasse, mas ele era um fantasma, era impossível achá-lo.
Eu tinha a certeza de que ele tinha mão na Clark Enterprises, e em tudo o que a envolvia.
Mas tudo o que passamos foi demasiado intenso, demasiado perturbador, nunca em um milhão de anos eu teria coragem para aparecer à frente dele.
Tentei recompor-me, lavei o rosto limpando todos os restos de maquiagem do meu rosto vermelho de lágrimas.
Tomei um duche, sozinha como sempre, depois de termos um pedaço de perfeição é impossível comparar.
Jonathan tinha perdido o encanto à muito tempo, o beijo, o toque, tudo nele simplesmente já não me excitava.
Precisava de recuperar alguém com a pegada de Liam.
Eu sorri, és mesmo idiota Laura.Pedi a Martha que limpasse a confusão que tinha feito na varanda do quarto.
Aproveitei para sair, entrei no meu Bentley branco e liguei para Tom pelo caminho.
- Laura? - ele atendeu com um tom doce.
- Tom estas disponível? Preciso falar. - eu falei num tom magoado.
- Claro princesa, ainda estamos na hora de almoço, que problema já tiveste pela manhã?
Eu suspirei.
- Estou a atingir o limite Tom, só isso.
- Estou no restaurante da 5th Avenida, o do costume. Queres aparecer?
- Claro. - eu concordei no mesmo instante. - Estou a caminho. - despedi-me dele e desliguei a chamada.
Tom era das poucas pessoas que tinha, ele caiu de para quedas no meu colo, quando Liam e eu terminamos o nosso acordo ele continuou a guiar-me por um tempo, era essa a regra.
Mas quando esse tempo terminou eu senti-me sozinha, senti-me milhares de dólares mais rica, mas senti-me sozinha.
Foi difícil ultrapassar a carga psicológica e a obsessão por Liam que ele despertou em mim.
Numa tarde de compras esbarrei com Tom, foi atração à primeira vista, partilhamos os mesmos gostos, incluindo o gosto por homens.
Depois de Liam ele foi a pessoa que mais me guiou, foi ele que usou o seu toque de Midas para triplicar a quantia que tinha recebido de Liam.
Foram eles que me transformaram na mulher de sucesso que hoje era.
E era realmente uma pena que eu não tivesse um marido à altura.
Praguejei uma e outra contra o trânsito insuportável, Nova York mudava-nos, em todos os sentidos da palavra.
O meu telemóvel começou a tocar e senti um sabor azedo na boca ao ver o nome Jonathan.
Devo atender ou não? A pergunta pairava na minha mente.
Coloquei em alta voz e inspirando fundo falei.
- O que queres? - eu falei num tom exausto.
- Estás mais calma? - eu cerrei os dentes tentando ignorar as provocações dele.
- Vai-te foder Jonathan! - eu gritei.
- Modera a linguagem Laura. - eu bati no volante.
- Modera a tua falta respeito, modera os teus e principalmente o teu hábito de meter o pau em cada vadia que se mexa. - eu falei num tom furioso.
- Isso não são maneiras de falar. Onde estão as tuas maneiras submissas? - ele tinha atingido o meu ponto fraco.
- Eu vou repetir, vai te foder Jonathan! - eu gritei desligando a chamada.
Bati no volante do carro uma e outra vez tentando acalmar-me.
- Eu juro que te mato idiota. - eu falei em voz alta embora ninguém me estivesse a ouvir.
Suspirei aliviada ao sentir o abraço de Tom no restaurante.
- Queres comer algo? - ele perguntou e eu abanei a cabeça negativamente.
- Não. - eu fiz uma pausa abraçando-o com mais força. - Quero um whiskey, Jack Daniels.
- Mais uma vez os velhos hábitos não se perdem não é Laura? - eu olhei para ele e não pude evitar sorrir.
Ele sabia todos os pormenores da minha aventura secreta com Liam Clark.
- Não te esqueces mesmo de nada Tom? - eu perguntei.
- É um pouco difícil esquecer uma cena em que alguém é algemada aos pés da mesa e recebe o jantar na boca. Entre outras coisas.
- Idiota. - eu bati no braço dele sorrindo.
- A mim não me calha nenhum Liam Clark. - ele suspirou chamando o empregado e pediu o meu tão esperado Jack Daniels. - Então o que se passa?
Eu suspirei passando a unha na borda do copo de whiskey que tinha acabado de chegar.
- O Jonathan, e as ameaças. Estou farta. - eu bufei irritada.
- No teu lugar também estaria mas tens que pensar numa alternativa, nao podes manchar a tua imagem, se os teus segredos saem por aí, ninguém te vai olhar da mesma maneira, principalmente depois do que aconteceu no Brasil.
Eu abanei a cabeça sentindo-me enjoada.
- Mas não devia ser assim Tom, eu não devia ser crucificada por uma coisa que eu não tive culpa, eu não devia passar por isso, já tenho pesadelos suficientes não achas?
Tom limitou-se a concordar e eu inspirei sentindo um arrepio a percorrer o meu corpo ao lembrar-me daquela noite.
A noite em que a minha vida mudou.
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Sedução Fulminante
Romance© 2014 Mkinika Esta é uma obra de ficção. Todos os personagens, nomes e situações são produto da imaginação do autor. Qualquer semelhança é mera coincidência. Todos os direitos reservados. Eu tenho tudo para ser feliz. Uma vida de sonho e o meu pró...