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Assim que Margot entrou na rua Island viu que as luzes da sua casa estavam acesas. O que indicava que sua mãe já estava em casa. Porém notou que o carro não estava na porta e achou estranho. Apressou-se pedalando cada vez mais. Sentia a brisa gelada que o fim do inverno trazia e ao olhar pro céu já escuro e cheio de estrelas brilhantes, decidiu que aquele era o momento exato para fazer o que já vinha pensando há tempos.
Chegou em frente sua casa e desceu da bicicleta de vagar e sem fazer barulho atravessou o jardim e colocou a bike atrás de uns arbustos. Entrou por de trás da casa que tinha uma cerca de madeira pintada de branco pelo seu pai há anos atrás. Levantou a janela de seu quarto devagarzinho. Primeiro passou a mochila. Depois entrou devagar.
Tirou os tênis , soltou o cabelo e deitou em sua cama.

- A mamãe já sabe que você saiu.- Margot deu um pulo e quase caiu da cama de susto. Ao olhar pro canto da parede e ver que sua irmã mais nova estava sentada em seu puff fechou a cara.
- Mais que caralho Cloe. Eu já te falei para não entrar no meu quarto assim! E se eu tivesse com um garoto?!
- Acho que um garoto seria a menor das suas preocupações ou a do papai.

As duas riram. E Margot ponderou essa frase por uns dois segundos.

- Sua febre abaixou pelo menos?
- Não sei vou ver. - Depois de cinco minutos com o termômetro debaixo do braço sua irmãzinha conferiu.
- 39.7. Eu te falei que essa sua saidinha não ia dar certo.
- A mamãe entrou no meu quarto?
- Não, mas ela conhece a filha que tem.

Cloe tinha 9 anos e era mais madura do que Margot e Aylah juntas. As três eram totalmente diferentes uma da outra e mesmo assim se completavam de uma maneira que nenhuma entendia. Só sentiam.

-Ela conversou com você hoje ?
-Ela me deu um beijo assim que chegou e depois gritou seu nome pela casa.
-E você disse alguma coisa?
-E precisou ?
-Cadê a Aylah?
-Não saiu do quarto hoje.
-Aquele canalha....-Disse Margot enquanto fechava a mão em forma de soco e apertava os dedos até ficarem brancos.
-Porque você não vai tomar um banho hein? Aproveita e joga esses tênis fora.
-Cai fora menina. - Margot pegou uma revista e jogou na pequena que já ia saindo pela porta.
-Acho que hoje o jantar é seu.
-Tá ,agora sai.

Margot deitou de novo , dessa vez olhando para o teto . Podia imaginar estrelinhas nele , saturno , o sol... a lua. E viajava nesses pensamentos até que horas se passassem e ela não percebesse. Ela era assim.

- Quem é? - Respondeu ela pelas várias batidas em sua porta.

Cloe colocou o rostinho pequeno entre a fresta da porta - Eu falei que o jantar é seu esqueceu ?
-Eu já tava indo. Não me enche.
-Mas já tem uma hora Margot desde que eu te falei. -Disse Cloe sem paciência. - E eu tô com fome. A Aylah nem fez café da tarde para mim comer hoje.

Margot deu um pulo da cama e ficou perplexa com o tempo ter passado tão rápido sem ela perceber.
Foi até a porta e abaixou na altura da sua irmã mais nova.

- A maninha vai cuidar melhor de você. Eu prometo tá. - E em seguida beijou a testa da estrelinha que mais brilhava em seu céu interno.

Tomou um banho quente , lavou o cabelo e deixou que a água escorresse pelas sua costas. Marcas que ela tinha...
Penteou o cabelo e depois o secou. Se olhou no espelho e pensou em cortar o cabelo que já estava grande.
Colocou água para ferver e começou a cortar alguns legumes.
Pegou Cloe no colo e colocou em cima do balcão de mármore e ficou brincando com ela de luta dos polegares.

- Até quando você vai aprender a ter responsabilidade e agir como tal? -Disse a mãe das meninas entrando na cozinha e jogando um jornal enrolado em cima da mesa.
- A responsabilidade na qual você quer que eu tenha para resolver os seus problemas? Não,obrigada. Tenho 17 anos e sou mais mãe daquela garotinha ali , faminta , do que você.
- Margot,por favor.... Hoje não, por favor. - Disse Meghan colocando as mãos na cabeça. - Sua febre abaixou ? deixa eu ver. - Disse puxando a garota de cara amarrada pelo pulso para perto de si. - Filha você tá queimando. Vou te levar no hospital.
- O carro não tá lá fora. Eu vi. Em que cilada você nos meteu de novo ?
- Você precisa aprender a conversar comigo. Eu vou chamar um táxi para nos pegar.
- Mãe fala logo!
- Cloe desliga esse fogo, pega dois casacos que eu , você e Margot vamos ao hospital.
- Mãe você nem foi ver se a Aylah está bem! - Disse tentando tirar a mão da sua mãe do seu pulso que já estava ficando vermelho.

Meghan era médica. Pediatra no hospital da cidade. Amava cuidar das pessoas mas em algum ponto de sua vida acabou esquecendo de cuidar de si mesma e das próprias filhas.

O táxi chegou e Margot foi empurrada a forças para dentro do carro.
- Boa noite , para o hospital ,por favor.
-Claro. - Disse o motorista às pressas.

Sua mãe colocou a mão em sua testa e viu que estava mais quente ainda. Margot até que tentou lutar contra os toques da mãe, mas ela estava fraca e suava muito. Cloe apertou seus dedinhos e essa foi a única coisa que ela sentiu até desmaiar.

Longing FeelingOnde histórias criam vida. Descubra agora