- O que você está fazendo aqui? – Pedro pergunta pro Beto.
Eu travo nessa hora e fico esperando pra ver o que o Beto ia falar...
- Eu vim pra cá ontém pra gente assistir uns filmes. Não convidei vocês porque vocês estavam no serviço – ele fala.
- E como já estava muito tarde decidimos que seria melhor se o Beto dormisse – eu interrompo o Beto e falo isso meio gaguejando e Pedro ergue as sobrancelhas. Odiava quando ele fazia aquilo. Eu o conhecia suficiente bem para dizer que ele não estava acreditando no que a gente estava falando.
- Beto, você não tem que trabalhar? – Pedro pergunta.
- Que horas são? – Beto pergunta meio despreocupado.
- São 9:00 – Pedro fala erguendo o visor do telefone.
- Caralho, isso é quase uma hora de atraso, tenho que correr, vou buscar minhas roupas – Beto fala e corre para cima.
- O Beto dormiu lá em cima? – Pedro pergunta com uma cara estranha.
- Sim, eu não poderia deixá-lo dormir no sofá e minha cama é bem grande – falei.- Vem cá, o que está havendo entre vocês dois hein? – Ele pergunta com um tom de voz alterado.
- Nada – eu minto e continuo falando: - E, mesmo que estivesse acontecessendo algo, eu e o Beto somos adultos e não devemos satisfação a ninguém – depois que falei isso percebi que tinha falado demais.
- Desculpa, não está mais aqui quem falou, é só que eu me preocupo com você. Por mais que o Beto seja meu amigo, você é também e há muito mais tempo. Não quero que você se machuque por causa dele. Se ele fizesse você sofrer não sei se a minha amizade com ele suportaria isso.
Quase choro com aquelas palavras e me lembro da época do ensino médio em que Pedro me defendia quando alguém me agredia física ou verbalmente. Nos momentos que tivemos juntos. Quando os meus pais mudaram de cidade, o Pedro me ajudou a convencê-los de que seria melhor eu ficar. Apesar de meus pais ficarem receiosos de me deixar aqui, eles deixaram após o Pedro dizer que viria todo dia ver como eu estava. Era impressionante a confiança que meus pais tinha no Pedro.
- Desculpa, você sempre foi um ótimo amigo e sempre se preocupou comigo então não foi justo eu ter falado com você dessa forma. – Eu falei e o abracei, sentindo o seu cheiro. Sabe quando seu coração acelera só por estar perto da pessoa que você ama? Era assim que eu estava. “Mais que merda!Ele é meu amigo e é hétero!Eu não deveria estar assim por ele”. Ele beija minha testa e sussura um “tudo bem”.
Lembrei de uma vez que fomos a um passeio da escola e teve uma noite que eu estava com febre mas estava tremendo com muito frio e o Pedro me abraçou, amenizando o frio, e falando que ia ficar tudo bem. Me perguntei se agora ficaria tudo bem. Se meu relacionamento(se é que pode se chamar de relacionamento) com o Beto iria pra frente. Eu nem tinha certeza se eu o amava.
O Beto aparece todo arrumado e me pergunta se eu quero carona pra faculdade. Eu minto dando uma desculpa pra sair um pouco mais tarde. Afinal ele já estava atrasado e eu não queria atrasá-lo mais ainda.
- Você mente muito mal sabia? – Pedro fala após o Beto ter saido.
- Não sei do que você está falando. – Eu falo rindo.
- Você dizendo que tinha que passar na casa de uma amiga. Você não queria era deixar ele mais atrasado – ele fala e nós dois rimos.
- Eu tenho que ir agora senão quem vai se atrasar sou eu – eu falo, pegando minha bolsa.
- Eu te dou uma carona – ele fala e nós vamos em seu carro. Ele ainda estava com sua farda de policial. Acho que ele saiu do serviço e foi direto pra minha casa. O cara já é gostoso e ainda fica numa farda de policial dessas. Já faziam anos que Pedro era policial mas ainda era difícil se controlar perto dele.
Saio do carro e dou tchau pra ele e uma amiga minha, Bruna, está me esperando.
- Amigo, que cara gato. Tá pegando?
- Que isso, Bruna? Ele é só meu amigo – eu falo.
- Não isso que diz o olhar de vocês dois – ela fala e eu caio na risada.
- Amiga, ele é hétero – eu falo e ela continua a argumentar:
- Eu também achava que era hétero até a Diana aparecer – ela fala e percebo a tristeza em seu olhar. Diana era a ex-namorada da Bruna. E a Bruna ainda gostava muito dela quando a Diana terminou.
- Bruna, quem perdeu foi ela, perdeu uma mulher linda e que tem um ótimo coração – ela força um sorriso e responde:
- Não mude de assunto, como você tem um cara gato desse na sua cola e não me fala nada?
- Bruna, ele é só meu amigo e é hétero, ele era até casado – Eu falo, repetindo pela décima vez pra ela.
- Como você mesmo disse: ele “era”. Agora ele está afim de você. E tenho quase certeza que você também tá afim dele.
Parei de tentar negar e atualizei ela sobre a história e ela fala:
- Dois caras gostosos, um que tá doido por você e o outro também mas que você insiste em dizer que ele é hétero. Não quer dividir comigo não? – Ela fala rindo e eu alerto a ela que já estava na hora de irmos pra aula.
O Resto do dia foi um pouco estressante no trabalho e eu cheguei em casa cançado e fui pra um banho demorado. Eu estava precisando disso mesmo. Saio do banho e me deito na cama só de toalha mesmo e começo a analisar as mensagens que tinham chegado e uma das era de Beto.
Respondi que tinha acabado de chegar. Ele falou que já estava perto da minha casa e que em breve chegaria. Respondi falando que ainda não tinha me vestido e que estava só na toalha e falei que ia me vestir mas ele me mandou uma mensagem:
“Não se veste não, fica assim mesmo. Fica mais fácil pra eu te deixar peladinho”
“Tarado”, eu respondo.
“Tarado por você”, ele responde e eu mando ele parar de responder enquanto dirige.
Troco de roupa e espero ele chegar.
Ele está cheiroso como sempre e trouxe novamente comida.
- Desse jeito vou ficar mal acostumado – eu falo.
- Você merece – ele fala e beija meus lábios.
O jantar foi bem tranquilo e nós parecíamos um casal antigo. Comentei isso com ele e ele riu falando:
- Não me importo de envelhecer ao seu lado.
Fico sem palavras, eu gosto muito do Beto mas não sei se isso é realmente amor e eu me sinto mal por isso. Antes de terminarmos o jantar, a campainha toca e o Beto me pergunta:
- Você está esperando alguém? – O Beto pergunta.
- Eu não, o Pedro deve estar trabalhando e o João deve estar em casa – eu respondo e vou abrir a porta.
Eu me surpreendo quando vejo um João todo bêbado, seus olhos estão vermelhos e ele chora muito. O Beto logo vem e faz a mesma cara de surpresa que eu provavelmente fiz.
- O que aconteceu, João? – Beto pergunta se aproximando dele.
- Ela descobriu, Beto... – Ele soluçava e chorava – Minha mulher descobriu que eu trai ela...
Continua...
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Meu amigo policial
RomanceLucas é amigo de Pedro desde que eles eram adolecentes. Após uma perda terrível Lucas tenta ajudar seu amigo, porém percebe que está, aos poucos, se apaixonando por ele. Além disso, outro amigo, chamado Beto, começa a querer ter alguma coisa com Luc...