Capítulo 5

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- O que você está fazendo aqui? – Pedro pergunta pro Beto.

Eu travo nessa hora e fico esperando pra ver o que o Beto ia falar...

- Eu vim pra cá ontém pra gente assistir uns filmes. Não convidei vocês porque vocês estavam no serviço – ele fala.

- E como já estava muito tarde decidimos que seria melhor se o Beto dormisse – eu interrompo o Beto e falo isso meio gaguejando e Pedro ergue as sobrancelhas. Odiava quando ele fazia aquilo. Eu o conhecia suficiente bem para dizer que ele não estava acreditando no que a gente estava falando.

- Beto, você não tem que trabalhar? – Pedro pergunta.

- Que horas são? – Beto pergunta meio despreocupado.

- São 9:00 – Pedro fala erguendo o visor do telefone.

- Caralho, isso é quase uma hora de atraso, tenho que correr, vou buscar minhas roupas – Beto fala e corre para cima.

- O Beto dormiu lá em cima? – Pedro pergunta com uma cara estranha.
- Sim, eu não poderia deixá-lo dormir no sofá e minha cama é bem grande – falei.

- Vem cá, o que está havendo entre vocês dois hein? – Ele pergunta com um tom de voz alterado.

- Nada – eu minto e continuo falando: - E, mesmo que estivesse acontecessendo algo, eu e o Beto somos adultos e não devemos satisfação a ninguém – depois que falei isso percebi que tinha falado demais.

- Desculpa, não está mais aqui quem falou, é só que eu me preocupo com você. Por mais que o Beto seja meu amigo, você é também e há muito mais tempo. Não quero que você se machuque por causa dele. Se ele fizesse você sofrer não sei se a minha amizade com ele suportaria isso.

Quase choro com aquelas palavras e me lembro da época do ensino médio em que Pedro me defendia quando alguém me agredia física ou verbalmente. Nos momentos que tivemos juntos. Quando os meus pais mudaram de cidade, o Pedro me ajudou a convencê-los de que seria melhor eu ficar. Apesar de meus pais ficarem receiosos de me deixar aqui, eles deixaram após o Pedro dizer que viria todo dia ver como eu estava. Era impressionante a confiança que meus pais tinha no Pedro.

- Desculpa, você sempre foi um ótimo amigo e sempre se preocupou comigo então não foi justo eu ter falado com você dessa forma. – Eu falei e o abracei, sentindo o seu cheiro. Sabe quando seu coração acelera só por estar perto da pessoa que você ama? Era assim que eu estava. “Mais que merda!Ele é meu amigo e é hétero!Eu não deveria estar assim por ele”. Ele beija minha testa e sussura um “tudo bem”.

Lembrei de uma vez que fomos a um passeio da escola e teve uma noite que eu estava com febre mas estava tremendo com muito frio e o Pedro me abraçou, amenizando o frio, e falando que ia ficar tudo bem. Me perguntei se agora ficaria tudo bem. Se meu relacionamento(se é que pode se chamar de relacionamento) com o Beto iria pra frente. Eu nem tinha certeza se eu o amava.

O Beto aparece todo arrumado e me pergunta se eu quero carona pra faculdade. Eu minto dando uma desculpa pra sair um pouco mais tarde. Afinal ele já estava atrasado e eu não queria atrasá-lo mais ainda.

- Você mente muito mal sabia? – Pedro fala após o Beto ter saido.

- Não sei do que você está falando. – Eu falo rindo.

- Você dizendo que tinha que passar na casa de uma amiga. Você não queria era deixar ele mais atrasado – ele fala e nós dois rimos.

- Eu tenho que ir agora senão quem vai se atrasar sou eu – eu falo, pegando minha bolsa.

- Eu te dou uma carona – ele fala e nós vamos em seu carro. Ele ainda estava com sua farda de policial. Acho que ele saiu do serviço e foi direto pra minha casa. O cara já é gostoso e ainda fica numa farda de policial dessas. Já faziam anos que Pedro era policial mas ainda era difícil se controlar perto dele.

Saio do carro e dou tchau pra ele e uma amiga minha, Bruna, está me esperando.

- Amigo, que cara gato. Tá pegando?

- Que isso, Bruna? Ele é só meu amigo – eu falo.

- Não isso que diz o olhar de vocês dois – ela fala e eu caio na risada.

- Amiga, ele é hétero – eu falo e ela continua a argumentar:

- Eu também achava que era hétero até a Diana aparecer – ela fala e percebo a tristeza em seu olhar. Diana era a ex-namorada da Bruna. E a Bruna ainda gostava muito dela quando a Diana terminou.

- Bruna, quem perdeu foi ela, perdeu uma mulher linda e que tem um ótimo coração – ela força um sorriso e responde:

- Não mude de assunto, como você tem um cara gato desse na sua cola e não me fala nada?

- Bruna, ele é só meu amigo e é hétero, ele era até casado – Eu falo, repetindo pela décima vez pra ela.

- Como você mesmo disse: ele “era”. Agora ele está afim de você. E tenho quase certeza que você também tá afim dele.

Parei de tentar negar e atualizei ela sobre a história e ela fala:

- Dois caras gostosos, um que tá doido por você e o outro também mas que você insiste em dizer que ele é hétero. Não quer dividir comigo não? – Ela fala rindo e eu alerto a ela que já estava na hora de irmos pra aula.

O Resto do dia foi um pouco estressante no trabalho e eu cheguei em casa cançado e fui pra um banho demorado. Eu estava precisando disso mesmo. Saio do banho e me deito na cama só de toalha mesmo e começo a analisar as mensagens que tinham chegado e uma das era de Beto.

Respondi que tinha acabado de chegar. Ele falou que já estava perto da minha casa e que em breve chegaria. Respondi falando que ainda não tinha me vestido e que estava só na toalha e falei que ia me vestir mas ele me mandou uma mensagem:

“Não se veste não, fica assim mesmo. Fica mais fácil pra eu te deixar peladinho”

“Tarado”, eu respondo.

“Tarado por você”, ele responde e eu mando ele parar de responder enquanto dirige.

Troco de roupa e espero ele chegar.

Ele está cheiroso como sempre e trouxe novamente comida.

- Desse jeito vou ficar mal acostumado – eu falo.

- Você merece – ele fala e beija meus lábios.

O jantar foi bem tranquilo e nós parecíamos um casal antigo. Comentei isso com ele e ele riu falando:

- Não me importo de envelhecer ao seu lado.

Fico sem palavras, eu gosto muito do Beto mas não sei se isso é realmente amor e eu me sinto mal por isso. Antes de terminarmos o jantar, a campainha toca e o Beto me pergunta:

- Você está esperando alguém? – O Beto pergunta.

- Eu não, o Pedro deve estar trabalhando e o João deve estar em casa – eu respondo e vou abrir a porta.

Eu me surpreendo quando vejo um João todo bêbado, seus olhos estão vermelhos e ele chora muito. O Beto logo vem e faz a mesma cara de surpresa que eu provavelmente fiz.

- O que aconteceu, João? – Beto pergunta se aproximando dele.

- Ela descobriu, Beto... – Ele soluçava e chorava – Minha mulher descobriu que eu trai ela...

Continua...

Meu amigo policialOnde histórias criam vida. Descubra agora