•Carolina•
Duas semanas se passaram desde a primeira e última vez em que vi a mulher que ainda mexe muito com a minha cabeça devido a nossa semelhança e desse que tive a idéia de encontra – lá. Felizmente fui bem sucedida e estou prestes a propor a mesma um acordo.
E para evitar ser surpreendida por alguém, vou encontra – lá na casa de campo. Onde ninguém nunca vai e é longe o suficiente, além do mais, estarei preparada para qualquer que seja a reação dela ao me ver. E a minha ao vê – lá pessoalmente e de perto desta vez.
Acordei bem cedo no dia seguinte, bem antes do Alexandre, não queria que ele me visse saindo e ficasse me fazendo perguntas. Perguntas que eu não poderia responder. E devido ao meu trauma de direção tive que pegar um táxi até a casa de campo. O que levou algumas horas.
Pude ver quando Eva chegou. Estava no andar de cima e da janela do quarto pude avistar sua chegada. A minha carta na manga. Minha salvação. Estava nas mãos dela o poder de mudar minha vida. Fiquei perdida a observando, agora era mais assustador do que antes ver que nossa semelhança era mesmo real, não éramos só parecidas. Éramos idênticas.
Desci quando ela bateu na porta, por um instante antes de abrir a dúvida se apossou de mim.
Será que eu deveria mesmo levar isso adiante? Valeria a pena? Valeria sim. Teria que valer.
— Oi, Eva — Lhe lancei um sorriso quando abri a porta.
Ela me encarava surpresa, me analisava de cima a baixo. Eu entendia seu processo pra ficha finalmente cair. Eu também precisava porquê a minha não tinha caído ainda, mas ainda assim ousava manter a postura de que tudo estava sobre controle.
— É bom entrar — Dei passagem para ela — Não vai ficar plantada aí fora, vai? — Com dificuldade ela desviou o olhar de mim e olhou ao redor da propriedade. Com uma expressão de dúvida ela entrou. — Infelizmente eu tive que contar uma leve mentirinha pra você, mas você vai ter que me entender. Se dissesse o real motivo você nunca viria até mim — Disse fechando a porta. Me sentei no sofá, apontei para que ela fizesse o mesmo. Mas ela continuou de pé. Me observando. Eu também não conseguia desviar os olhos dela por muito tempo.
Isso me dava uma sensação estranha. Era estanho ter uma versão de mim parada na minha frente e simplesmente não saber o que dizer. Não conseguir dizer o que eu tinha que dizer.
Ela parecia em choque, talvez ainda processando a informação. Eu queria dizer algo, estar no controle da situação, mas alguma coisa me impedia.
— É você! — Ela disse, quase em um sussurro. Quebrando aquele silêncio ensurdecedor.
— Achei que apenas eu tivesse notado a nossa semelhança, aquele dia — Ela se sentou, um pouco afastada.
— Semelhança? — Soltou uma risada sem humor — Somos idênticas. Parece que estou me encarando no espelho. E eu achando que tivesse sido coisa da minha cabeça. Não pensei que fosse possível — Parou de dizer para respirar e continuou: Ainda estou em choque — Pousou a mão sobre o peito. — Como isso é possível?
— Não tenho idéia — Dei de ombros. Não queria pensar sobre as possibilidades que havia para nossa semelhança agora. — Não vamos falar sobre isso agora. Quero falar de outra coisa — Ela continuava a me observar, atenta — Que bom que reconhece que somos idênticas. Porquê preciso de sua ajuda, com algo.
— Como sabia que eu viria? — Perguntou e eu dei de ombros.
— Eu não sabia — Confessei — Não pense que quero seu mal, não mesmo. — A tranquilizei — Não desejo o mal de ninguém.
Isso não era uma verdade, havia pessoas em minha vida que em algum momento eu acabaria cedendo ao desejo de me livrar. Por mais que eu tentasse simplesmente ignorar, há coisas que não dá pra serem esquecidas.
— Você fala tanto que precisa da minha ajuda, mas eu ainda não entendi com o quê exatamente — Eva disse me trazendo de volta.
— É simples! — Uni minhas mãos e Inclinei o corpo pra frente. — Preciso que fique no meu lugar. Que seja eu, que more na minha casa, vista as minhas roupas, faça coisas que eu faria — Fiz um sinal para que ela permanecesse quieta, quando abriu a boca para começar a protestar. Era clara sua expressão de plena incredulidade — Sei como isso soa insano, mas não tenho outra escolha. Preciso de um tempo, meu. Mas também preciso manter meu casamento. Talvez você ache que é um motivo egoísta e talvez seja mesmo, mas eu preciso disso Eva e você é a única pessoa que pode me ajudar — Ela balançava a cabeça em sinal negativo, freneticamente.
— Eu sinto muito, Mas não posso ajudar você. — Fixou o olhar em mim — Você está me pedindo para abrir mão da minha própria vida e viver a sua. Não posso fazer isso — Ameaçou levantar, mas a impedi.
— Você não vai abrir completamente mão da sua vida. Você vai vive – lá, mas de maneira diferente.
— Você não ouviu nada do que eu disse não é? O que te faz pensar que eu aceitaria? — Cruzou os braços.
Não achei que seria tão difícil faze – lá aceitar. Não mesmo.
— E porquê não aceitaria?
— Isso é sério? — Ela riu sem humor
— Ah, claro. — Assenti — Eu sabia que diria algo assim — Eu não queria, mas teria que descer a tal nível — Todos temos um preço. Me diga qual é o seu, Eva — Nesse momento ela me lançou um olhar que eu não esperava, um olhar de fúria.
— Isso é sério? Você é tão... — Soltou ar com força — O meu caráter é o meu preço, eu jamais me sujeitaria a isso — Estava séria, ela se levantou e eu fiz o mesmo.
Você vai aceitar Eva. Tem que aceitar.
— Eva, eu não quis te ofender...
—Não foi o que pareceu — Ela me interrompeu
— Apenas pense no assunto, está bem? — Toquei seu braço
— Eu não tenho o que pensar — Se afastou do meu toque. Ela então deu as costas saindo pela porta, sem nem olhar para trás.
Pensei em impedi – lá, mas não era a melhor idéia. Daria um tempo para ela esfriar a cabeça e pensar no assunto.
— Você vai aceitar, Eva — Falei com determinação.
Poderia demorar, mas iria acontecer ou eu faria acontecer se fosse necessário.
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Vida Trocada {EM REVISÃO}
Romance⚠️ HISTÓRIA EDITADA!⚠️ Uma história de amor sem o final feliz. E vinte e seis anos depois de serem separadas ao nascer, os frutos desse amor se encontram. Um encontro que prevê mudar a vida de ambas. Movidas por sentimentos distintos e cheias de dúv...