•Carolina•
Meses haviam se passado desde o dia em que recebi um telefonema da Eva, um no qual tinha depositado todas as minhas esperanças que ela aceitaria minha proposta, mas tudo que tive foi um nada.
Desde esse maldito dia minha vida vem andando de mal a pior. Mas antes de tudo começar a dar errado eu fui atrás da Eva, queria saber o porquê dela ter me ligado e depois não ter atendido nenhuma das minhas ligações.
Alguns dias depois da ligação fui até a casa dela, bati na porta e quando pensei que seria recebida pela Eva, fui pega de surpresa quando vi ali na minha frente braços musculosos e um olhar confuso que logo se tornou raivoso.
— O que quer aqui? — Ele disse grosseiro, fechando a porta atrás de si, nos trancando do lado de fora
— Por acaso me conhece? — Disse cruzando os braços
— Não preciso. A Eva me falou sobre você e a semelhança... — Ele me analisou de cima a baixo e um arrepio correu pelo meu corpo
— Falou? E o que ela disse? — Me aproximei com curiosidade
— A Eva não quer ver ninguém e muito menos você — Disse rude, desviando o assunto
— E muito menos eu — Repeti — Quem está dizendo isso é ela ou você? — Falei com raiva
— O melhor pra todo mundo é que você suma da vida da Eva — Ele se aproximou falando baixo o suficiente para que eu ouvisse
— É uma ameaça? — Perguntei encarando seus olhos, ele estava tão próximo de mim que conseguia sentir sua respiração
— É apenas um aviso — Ele me encarou por um momento e saiu.
Fiquei ali parada pelo que pareceram minutos. Talvez fosse verdade, talvez eu devesse sumir da vida da Eva de uma vez por todas, deixa - lá em paz e esquecer toda essa história.
Voltei pra casa. Era tudo que eu menos queria, por isso antes passei na adega e peguei uma garrafa de vinho Château Petrus e levei para o fundo da casa, onde afundei meus pés descalços na grama e depois me sentei com a garrafa ao meu lado.
Acendi um cigarro e traguei. Eu quase nunca fumava, só quando me sentia literalmente no fundo do poço e naquele dia eu sentia como se ainda continuasse a cair sem parar.
Levei a garrafa de vinho direto na boca e tossi quando ingeri uma quantidade maior do que eu aguentava. Comecei a rir sozinha.
Fazia tempo que eu não ouvia o som da minha própria gargalhada. Terminei a garrafa e voltei para dentro de casa, aos tropeços consegui chegar às escadas. O problema agora seria subir, se eu ao menos conseguisse fazer elas pararem de se mexer.
— Droga — Resmunguei levando a mão a testa
— Pensei que não fosse dormir em casa, achei que estivesse com um de seus amantes — Revirei os olhos ao ouvir a voz
— Era só o que me faltava — A encarei — Você não tem uma vida própria pra cuidar não? Amália — Revirei os olhos ao falar seu nome
Ela era minha querida cunhada, minha vontade era de bater com a cabeça dela na parede, talvez eu pudesse fazer isso agora e colocar a culpa na bebida depois. Comecei a rir ao pensar na idéia.
— Você é maluca — Ela se aproximou
— Por que você não vai se ferrar? Hum — Ela me olhou de cima a baixo
— Você está bêbada? — Revirei os olhos e apoiei a mão no corrimão.
Merda! Eu não ia conseguir subir essa porcaria nunca.
— Eu poderia te ajudar, mas não quero. Então vou indo — Ela disse subindo as escadas tranquilamente
— Eu preferiria morrer, a aceitar sua ajuda — Disse a mim mesma. Provavelmente ela me empurraria lá de cima, se aproveitando do estado em que eu estava.
Comecei a subir as escadas, quando cheguei no meio delas ouvi o som de um carro na frente da casa.
O Alex não estava em casa? Ótimo!
— Onde estava? — Perguntei parada no meio das escadas. Estava sentada, por que se eu levantasse com certeza cairia lá de cima
Ele me encarou surpreso, com toda certeza não esperava me ver ali.
— O que está fazendo aí? — Fechou a porta e veio caminhando na minha direção
— Eu fiz uma pergunta primeiro — Cruzei os braços.
Nem sei porquê eu estava insistindo, na verdade nem me importava onde ele estava, eu só queria chegar ao meu quarto e dormir.
— Você bebeu? — Me puxou pra cima, me fazendo ficar de pé de frente pra ele. Eu mal tinha força nas pernas, e quando estava prestes a cair, ele me agarrou pela cintura. Nos aproximando.
— O que me entregou? — O encarei. Fazia tempo que a gente não ficava tão próximo. Tanto tempo que eu não me lembro quando ele trocou de perfume
— O seu cheiro — Ele disse e me ajudou a subir para o quarto.
E foi então que eu percebi que era aí que estava o meu problema, no novo cheiro dele.
Foi então que as coisas saíram do meu controle. Eu estava com problemas, mas não queria admitir. Eu sabia o quanto meu casamento era um fracasso, mas eu não queria admitir. Suspeitava que meu marido me traía — E traía — e eu poderia descobrir se quisesse, mas pra isso eu teria que acreditar que é real. Mas eu estava tão presa naquela idéia de casamento que eu não podia simplesmente me desfazer dele. Não estava pronta pra perder meu dinheiro com a separação, um conselho: nunca se case em comunhão de bens.
Não demorou muito pra que eu começasse a me apegar a qualquer coisa que me afastasse de casa. E foi aí que eu comecei a jogar.
Era divertido, empolgante. Ninguém me conhecia e eu não precisava convencer ninguém de que eu era uma boa pessoa.
Era apenas ali, com pessoas desconhecidas, sons de roleta, cartas, risadas e copos de uísque que eu me sentia eu mesma. Na mesa de jogo.
*
Parecia que meu celular estava dentro da minha cabeça, no último volume.Minha cabeça doía e tudo girava quando abri os olhos.
Procurei ao redor e achei o celular ao meu lado. Atendi, sem nem ao menos ver quem era.Mais uma vez eu mal me lembrava de como cheguei em casa, mas sei que aqui estou.
Fiquei estática quando percebi que quem estava do outro lado da linha era a Eva. Me dizendo o que eu queria ouvir a 2 meses atrás e então eu me peguei pensando se era isso mesmo que eu queria. Se eu ainda queria.
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Vida Trocada {EM REVISÃO}
Romance⚠️ HISTÓRIA EDITADA!⚠️ Uma história de amor sem o final feliz. E vinte e seis anos depois de serem separadas ao nascer, os frutos desse amor se encontram. Um encontro que prevê mudar a vida de ambas. Movidas por sentimentos distintos e cheias de dúv...