parte um: pedro

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7 de junho de 2018, 23:00

Pedro encarava as velas em cima do seu bolo de aniversário. O número 18 parecia o encarar de volta, o deixando ainda mais aflito, fazendo o menino olhar apreensivamente para o relógio na parede.

Quase meia noite.

Quando o relógio mudasse para meia noite, muita coisa na vida de Pedro podia se tornar diferente. Ou continuar igual.

E ele não sabia quais das duas opções deixava ele mais assustado.

O menino desvia os olhos para sua namorada, que sorria enquanto conversava com seus amigos na beira na piscina com uma lata de cerveja na mão. Pedro passa as mãos pelos cabelos, aflito, pensando porque diabos tinha que ter arrumado uma namorada antes dos 18 anos de idade. Sua mãe havia avisado tantas vezes que o sofrimento era maior caso algo desse errado, e a forma de evitar decepções era esperando o tempo certo para as coisas.

Mas Pedro não escutou.

Se apaixonou completamente e ambos decidiram que correriam o risco. Eles tinham certeza absoluta que eram almas gêmeas, e que, quando ambos fizessem 18 anos, a distância no pulso deles seria a mesma.

Pedro era alguns meses mais velho que a namorada, o que tornava tudo muito mais difícil naquela noite. O peso cairia sobre os ombros dele.

O garoto suspirou fundo. Sabia que daria tudo certo. Amava sua namorada mais que qualquer coisa no mundo inteiro, com certeza uma marca não mudaria isso.

Nada no mundo mudaria isso.

Lembrou de todas as histórias que havia ouvido a vida inteira sobre almas gêmeas e suas distâncias. Todo mundo sempre havia dito que quando você a encontra, você tem certeza. Você simplesmente sabe. Sem precisar saber a distância que ela tem no pulso, ou de qualquer outra coisa.

E Pedro sabia que era ela.

Sabia desde quando voltou da viagem que fez para Porto Alegre no ano passado e encontrou Caroline em uma festa que foi depois que chegou. No momento que colocou seus olhos na menina, sentiu seu coração se aquecer.

E então ele soube que poderia correr o risco de se magoar por ela.

- Filho? - a mãe do menino se aproxima, com a sobrancelha arqueada - porque não vai lá com seus amigos?

- só tava pensando um pouco, mãe - suspira, não queria contar que estava nervoso em ver qual seria a distância no seu pulso quando desse meia noite. Mas sua mãe sabia. Sentiu a mesma coisa a 20 anos atrás, na sua festa de 18 anos, enquanto encarava seu namorado, que hoje era seu marido.

- filho, eu sei no que você tá pensando - diz e o garoto suspira, revirando os olhos - você não pode mudar o quer já está destinado a acontecer.

- destinado? - Pedro revira os olhos - essa história de marca é ridícula, mãe. Como que eu não posso simplesmente escolher o que eu quero? A pessoa que eu quero ficar? Porque?

A mãe do menino sorri, lembrando como se sentiu a anos atrás e como as palavras do filho eram exatamente iguais as que ela disse a vinte anos atrás.

A mulher se aproxima do menino, beijando sua testa, que resmunga alguma coisa e faz cara feia.

- você escolhe, Pedro - ela diz - você pode ficar com a cacau se é isso que quer. Ou não ficar. Ninguém nunca disse que você deve esperar pela pessoa da marca, mas tudo vai acabar te levando até pessoa certa. Suas escolhas irão sempre te levar até ela.

2000 KM - [♡]; orochinho (shortfic)Onde histórias criam vida. Descubra agora