Part I

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"In the land of Gods & Monsters, I was an angel; living in the garden of evil"

As pernas dobradas estavam contra o peito, a testa coberta pela fina camada de suor repousava pesadamente sobre os joelhos enquanto os braços em laçavam as canelas em um abraço que de alguma forma lhe causavam segurança. Os olhos permaneciam fechados enquanto o único som que ouvira era o bater de cabeça de seu "vizinho" do quarto ao lado; o vizinho em questão era ,'Bob careca' um homem de 52 anos, baixo e branquelo como o gesso da parede, ele tinha bolsas negras em baixo dos olhos que o assemelhava muito com Fester Addams. Bob possuía uma síndrome que ele não conhecia, era calado como um túmulo e repentino como a chuva; haviam momentos do dia em que Bob começava a surtar e berrar, batendo a testa(já calejada) contra a porta de sua "cela". Se lembrava que no início fora muito difícil conviver com aquilo, a gritaria e agonia daquelas pessoas transtornadas deixavam o ambiente ainda mais desconfortável, porém com o passar dos meses aceitou e começou a perceber que talvez não seria um dia normal, se Bob careca não desse seus berros e batesse com a cabeça contra o retrato transparente de sua porta, seguida dos seus punhos fechados esmurrando com força o metal. Eram sempre 11 batidas, ele as contava todos os dias as 17:15 da tarde.

Castiel J. Novak não era o mesmo de dois anos atrás, havia mudado bastante a maneira de pensar, e de levar a sua nova vida em seu novo " lar" naquele quarto localizado no segundo andar daquele hospital, com uma cama estreita e confortável com lençóis brancos que cheiravam a naftalina, aliás o que ali não cheirava a naftalina? Havia também um pequeno banheiro, com uma pia, privada, antes havia também um espelho quadricular que graças a um surto se tornou apenas cacos sobre o chão de azulejos verde musgo.

Só havia apenas uma coisa coisa ali naquele quarto, que lhe trazia um certo conforto em seu espírito aventureiro hoje adormecido: a janela enorme, que lhe dava a ampla visão do infinito céu azul durante o dia, repleta de fofas nuvens brancas nos mais variados formatos que pudesse imaginar; enquanto que ao cair da noite, o azul se transformava num escuro e vasto paraíso, repleto de pontinhos brilhantes do qual ele observava até as pálpebras pesarem, o fazendo adormecer. Nos dias em que a lua se tornava cheia e as nuvens lhe davam espaço, o brilho frio e pálido pousava diretamente no meio do quarto, centímetros de distância de sua cama, sobre o piso marrom reluzente. Eram em exatas noites como essa que ele costuma aparecer(se é que alguma vez já o havia deixado), sempre em sua forma animalesca de dentes afiados e orelhas levantadas,um enorme lobo negro de olhos reluzentes e vermelhos como rubis, bem aos pés de sua cama sentado e imóvel na escuridão como uma gárgula; Cas sempre se assustava mesmo quando podia sentir a presença dele, forte e pavorosa se aproximar. O vento parecia soprar diferente, o quarto ficava mais frio e as sombras pareciam ganhar vida própria, era assim que ele sabia que ao puxar as cobertas veria aquele demônio sobre a pele do enorme e feroz lobo, que aparentava querer devorá-lo vivo, porém jamais o fez.

A voz dele nunca se calou em sua cabeça, o provocando insistente em uma tentativa de fazê lo sucumbir a total loucura com pesadelos terríveis e alucinações ainda piores que as vezes pareciam vividas demais, assim como a que a fizera estar tão encolhido agora. A alucinação em questão era de uma mulher de pele clara e olhos azuis que deveriam ser como os seus se não estivessem tão gelados e apagados, envidraçados como os olhos daquelas velhas bonecas de porcelana; podia ver a cabeça dela jogada no canto do quarto, o encarando com os lábios rosados entre abertos com o sangue manchando o chão em uma poça enorme, viscosa e vermelha;à metros dali estava o corpo próximo a única porta de entrada e saída do quarto, o tronco vestia uma camisa de seda antes branca, pois agora estava tingida com o sangue vivo que combinava com a saia preta que lhe ia até os joelhos, um dos sapatos de salto estava lhe escapando do pé esquerdo.

Gods & Monsters •Destiel•Onde histórias criam vida. Descubra agora