Pov Ana
Acordei no dia seguinte no sofá da sala, com Scooby me lambendo. Minhas costas doem por conta da má posição em que dormi.
Hoje eu sei que minha rotina é puxada, ainda é quarta-feira, dia em que eu tenho academia, trabalho e faculdade. É puxado, mas com o tempo a gente acostuma.
Dormi com aquele homem lindo na minha cabeça. Não sei porque, mas senti uma coisa diferente com ele... Ele não é só lindo, parece ter uma atmosfera sexual dominante na aurea dele...
Isso me lembra do Henrique. Isso me lembra o Bdsm.
Comecei a ignorar esses pensamentos porque afinal eu acabei de acordar, e não quero já ter coisas ruins em mente.
Me lembro que me atrai por Bdsm no último ano de Ensino Médio, quando a comunidade era mais escondida e tinha muito menos informação, além de que o acesso era mais complicado por eu não ter um telefone celular.
Descobri o Bdsm por uma página do Orkut, e me interessei por aquilo, e fui atrás de mais informações, e achei textos excelentes. No ano seguinte completei 18 anos e comecei a participar de grupos no Facebook, mas sai porque tinha muita gente mau caráter. Logicamente, não da pra catalizar quem entra no Bdsm, tem gente ruim em todos os lugares, e infelizmente muita gente ruim e criminosa se aproveita do meio pra mascarar seus crimes, como estupro, violência doméstica, pedofilia...
Isso sempre me entristeceu, pois acaba que essa minoria de pessoas ruins mancham
o meio, sendo que há pessoas maravilhosas e experiências maravilhosas dentro do Bdsm.
Bem, conheci o Henrique num desses grupos de Bdsm, em 2015. Entre 2013 e 2015 eu me dediquei muito a estudar o meio pra criar uma maior compreensão do que eu queria, e também para me descobrir.
De início, não conversávamos. O primeiro diálogo surgiu em 2016, e aí começamos a conversar, só conversar mesmo.
Ele era Dominador há pouco tempo, apenas quatro anos, ou seja, era um Dom iniciante, e eu uma sub iniciante.
Acabou que naquela época não deu em nada, pois ele alguns meses depois arrumou uma submissa.
No final de 2018 veio a surpresa: Ele estava novamente sem nenhuma submissa, e é claro que isso me interessou, afinal tínhamos tido boas conversas.
2019 veio com tudo, eu e Henrique nos aproximamos muito, ao ponto de ele dizer para fazermos uma sessão juntos, e eu concordei. Ele era de Petrópolis, então ele viajou até Sampa pra gente se ver.
Foi bacana, e a sessão que tivemos até hoje foi um dos melhores orgasmos da minha vida.
Dois meses depois e algumas sessões feitas, ele perguntou se eu não queria ser sub dele. Eu já tinha seis anos de conhecimento adquiridos, então pensei: "Por que não?"
Fizemos a negociação, e depois ele veio de novo até mim para a gente oficializar a cerimônia de encoleiramento. Aconteceu num motel, e foi um momento muito importante pra mim.
Meu primeiro Dono, minha primeira coleira. Nada podia estragar aquele momento.
Mas bem, dava sim.
A distância sempre foi um problema, mas o que fez com que terminasse foi que Henrique começou a fazer coisas que não tinham sido negociadas, como me humilhar.
Não aquele tipo de humilhação, a do tipo humilhação de fetiche. Eu não me sentia bem sendo humilhada, mas pelo visto ele não se importou em fazer isso.
O cúmulo foi ele mijar em mim. Sinto ânsia de vômito quando me lembro. Respeito quem gosta de Scat, mas eu não gosto, e eu nunca tinha deixado ele fazer aquilo comigo.
Depois disso tivemos uma discussão feia, e ele disse que eu não estava pronta para o Bdsm real, porque meus limites faziam eu ter uma experiência rasa dentro do Bdsm, e que enquanto tivesse esses limites, nunca iria satisfazer um Dom 100%.
Aquilo me abalou profundamente, me senti um lixo por meses. Tanto que me afastei de Bdsm também. Me afastei de todas as amizades que havia feito dentro do meio, e isso me faz sofrer até hoje.
Sinto saudade de ser submissa, quando me submetia me sentia ainda mais viva. Sinto saudade da dor que fazia eu me contorcer e faziam as lágrimas caírem, as vezes por prazer (caso prazer fosse o ponto) e as vezes apenas a dor do meu corpo clamando para que um castigo acabasse logo.
Sinto saudade de ser de alguém, de me sentir pequena e protegida nos braços de um Dominador durante o aftercare, depois de uma boa sessão.
Mas esse evento fez eu me fechar. Ainda mais agora que mal tenho tempo para arrumar minha casa, a faculdade exige 70% do meu tempo, e os outros 30% eu garanto minha sobrevivência e a do meu cachorro.
Mas a verdade é que eu ainda tenho esperanças de encontrar um Dom sério, que me respeite e me queira pelo o que eu sou.
Uma coisa que fiz e que não deveria ter feito foi misturar sentimentos com Bdsm, porque ao perder o Henrique eu perdi muito mais que um Dominador.
O Bdsm claramente pode envolver sentimentos, desde que você tenha maturidade para lidar com eles. Sentimento não da pra ignorar, mas tem que saber administrar.
Se um Dom vai me amar ou não, eu não sei. Se eu vou amá-lo ou não eu também não sei. Só queria ter uma D/s seria de novo. Queria poder ir aos eventos na coleira de alguém...
Sai do meu transe quando meu telefone dispersou o alarme anunciando a hora de eu começar a me arrumar pra ir pra academia. O dia começou.
Olhei as notificações do Instagram e vi que o tal Leonardo tinha aceitado minha solicitação, e que tinha me seguido e até curtiu algumas fotos...
Será que eu atrai ele assim como ele me atraiu?
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Aventuras de uma D/S em série
RandomEssa história não é recomendada para menores de 16 anos Alerta: Distorção de valores morais socialmente aceitos, conteúdo sexual. TUDO nessa história respeita fortemente o SSC (São, Seguro e Consensual) •••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••...