Prólogo

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Sarah O'Donnel e Benjamin Brooklyn se conheceram em uma enorme biblioteca. Ela, estava encantada com os andares, ocupados com prateleiras cheias de livros sobre os mais variados assuntos, era possível ver tudo o que lhe esperava do térreo, onde ela se encontrava. Era óbvio que ela não estava olhando para frente enquanto caminhava rumo à escadaria. Ele, odiava ler, mas precisava fazer um trabalho sobre um livro, e não havia encontrado um resumo na internet que fosse convencer sua professora de que ele realmente havia lido. Acabou por ter de ir até a maior biblioteca de sua cidade. Ele deveria estar com uns amigos nesse momento, ajudando-o a carregar a pilha de livros em suas mãos, mas eles haviam sumido, e Benjamim acreditava fielmente que os mesmos sabiam perfeitamente a quantidade de livros que seria necessário carregar.

Ele estava com a sua visão tapada, impedindo-o de enxergar qualquer um ou qualquer coisa em sua frente. De repente, um esbarrão, e é possível ouvir os livros caindo no chão, e seus óculos saindo de seu rosto, ao mesmo tempo que o garoto cai. Ele começa a procurar os óculos imediatamente, esforçando a vista e tateando em tudo ao seu alcance. Era cego sem seus óculos e, nesse momento, se perguntava porque havia comprado um par tão... Transparente? De repente, uma mão leva os óculos de Benjamim até sua frente. Ele pega-os e os ajeita em sua face, olhando a pessoa que o ajudou logo em seguida.

Era uma garota, a mais bonita que ele já tinha visto. Seus cabelos eram pretos como carvão, seus olhos eram mais claros que a maioria, tinham cor de mel. Ela esboçou um pequeno sorriso que fez o coração de Benjamim errar uma batida. Ela era linda. Era difícil criar coragem para falar algo. Felizmente, pelo menos o assunto da conversa ele tinha. Agora era respirar fundo e trabalhar esse assunto. Decidiu começar de forma normal, tentando parecer pouco afetado com tamanha beleza:

- Sinto muito, não foi minha intenção esbarrar com você.

Ela riu. Ele ficou confuso. Um barulho atrás da garota chamou a atenção de Benjamim. Era uma menina de mais ou menos 14 anos. Braços cruzados na frente do peito e uma expressão irritada. Tinha cabelos curtos (ao contrário da garota linda, que, nesse momento, ria dele) e olhos castanhos.

- Você esbarrou comigo!

A garota irritada falou, enfatizando o "comigo" e recebeu apenas um "desculpa" em forma de sussurro como resposta. Benjamim foi ajudado a se levantar pela garota bonita, que, olhando bem, tinha algumas semelhanças com a garota que esbarrou nele. Então, uma dúvida surge em sua cabeça:

- Mas... Se eu esbarrei com ela, por que você me ajudou?

Ela sorriu, novamente.

- Te vi caído e procurando pelos seus óculos. Na verdade, eles caíram na minha frente e você não os acharia nunca se continuasse procurando ali.

- Ah... Bom, então obrigado, garota que ainda não me disse seu nome.

Ela imediatamente entendeu o que ele estava fazendo. E corou levemente. A verdade é que ela havia achado o garoto interessante, havia algo, além de seus lindos cabelos castanho-claros e olhos azuis, que havia chamado a atenção dela. Talvez seu cheiro. Sim, definitivamente o seu cheiro. Ela, estranhamente, havia se interessado completamente pelo cheiro que ele exalava. A garota sempre teve um olfato apurado, e reconhecia cheiros com muita facilidade, mas não o dele, e isso a deixava doida. Como um estalo, lembrou da pergunta do garoto, faziam alguns segundos, e ela apenas tinha ficado quieta. Riu de forma tímida e, finalmente, respondeu:

- Sarah, Sarah O'Donnel. E você é...

- Benjamin, Benjamin Brooklyn.- O garoto a imitou com um sorriso no rosto, mesmo que, no fundo, estivesse com muito medo de Sarah se ofender.- É um grande prazer conhecê-la.

Ela sorriu, pensando que agora tinha material o suficiente, e desbloqueara a próxima fase: Procurá-lo na internet.

A outra garota estendeu os livros, que agora há pouco estavam no chão, para Benjamim, que ficou surpreso com a ação:

- Ah. Muito obrigado. Você não preci...

- Claro que não! Mas você estava muito ocupado babando encima da minha irmã, e, claro, sendo babado.

- Nayara!

Sarah reclama com a menina que, aparentemente, se chama Nayara e apenas ri da reação da irmã. Mas deixou Benjamim completamente feliz. "Ela acha que Sarah estava dando encima de mim?"

- Sinto muito. Minha irmã tem uma língua afiada e adora me envergonhar. Quer ajuda para carregar esses livros?

Benjamim aceita a oferta de Sarah, e ela o ajuda a carregar os enormes livros até uma mesa qualquer. Ao chegarem em frente a mesma, Benjamim praticamente joga os livros na mesa, sem nenhuma preocupação, aliviado. Essa ação faz Sarah quase ter "um ataque", mas ela mantém a calma e apenas confere discretamente se algo aconteceu com eles. Benjamin não nota a reação dela, e sorri, verdadeiramente agradecido:

- Muito obrigado, mesmo.

Sarah, após constatar que os livros ficaram bem, sorri e concorda com a cabeça. Ele sente vontade de pedir o número dela, mas fica com vergonha. Sarah esperava ouví-lo pedindo seu número, e se afasta decepcionada. Os dois sentem um aperto no peito em pensar que essa seria a primeira e última vez que veriam um ao outro. De repente, Sarah para e se vira, voltando até Benjamim, cheia de coragem.

- Desculpe, mas... Você pode me passar o seu número? Eu gostaria de falar mais com você.

Benjamim sorri e lhe passa o número de seu celular. Sarah comemora silenciosamente quando envia uma mensagem e ouve um som de notificação vindo do celular do outro. Eles se despedem, um pouco tímidos, e prometem entrar em contato.

Sarah sai pensando quem mandará mensagem primeiro, e criando vários futuros improváveis em sua mente.

Benjamim sorri ao ver a garota indo embora com o seu número. Estava confiante que a conquistaria. Precisava apenas de mais tempo.

Até o último suspiroOnde histórias criam vida. Descubra agora