Primeiro Beijo

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    Sarah e Benjamin eram um casal especial, qualquer um que os visse juntos poderia dizer isso, o amor que nutriam um pelo outro era comovente e contagiante. Se apaixonaram no primeiro contato, mas ambos ficaram receosos com a reação do outro sobre esse sentimento.

          Demoraram para começar a namorar, Benjamin era muito tímido para fazer o pedido antes de estar completamente certo da resposta e Sarah tentava entender o motivo de também estar ficando assim. Tinha 23 anos e nesse tempo já havia se apaixonado algumas vezes, nunca como essa, a cada encontro ficava mais certa disso. Não tocavam nesse assunto e provavelmente Sarah esperaria mais algum tempo até que Benjamin falasse algo, mas Nayara, com seu jeito espontâneo e inconformado, insistia com a irmã para saber de cada detalhe de seu relacionamento.

     —Você só pode ser idiota.

     —Ei! Eu nem queria estar falando sobre isso com você, continue assim e vou parar.

      Nayara bufou. Sua experiência sobre romances consistia em filmes da Netflix, mas se considerava uma expert, a pessoa certa para dar conselhos.

       — Certo, mas você é uma bobona. Nem vem, bobona não é tão ruim.- falou em resposta a careta da irmã— Tá legal, você gosta dele, não é?

        — É, eu gosto dele.

        — E ele também gosta de você, certo?

        Dessa vez Sarah ficou quieta, imaginava que sim, se não ele não continuaria a ir em encontros com ela, mas não podia ter certeza disso, não é? Nayara achou a demora em responder dela irritante, precisava estar na sala em 10 minutos se quisesse assistir o filme meloso da vez. Apesar de preferir muito mais se sentir a irmã mais velha e sábia, opinando no relacionamento de Sarah.

        — Claro que gosta, você não vê o jeito que ele olha pra você? Parece que vai começar a babar a qualquer minuto. Não muito diferente do jeito que você olha pra ele. De qualquer forma, vocês gostam um do outro, a vida é curta demais pra gostar de alguém e não fazer nada. Sinto te contar, irmãzinha, mas você não é tão interessante quanto as pessoas dos livros que você lê, e existem muitas outras pessoas mais bem resolvidas por aí, então faça alguma coisa, indiretas funcionam bem.

          Sarah brigou com a irmã, afirmando que era, sim, interessante. A pequena discussão terminou com uma resposta afiada de Nayara, travesseiros voando e uma fuga do quarto, acompanhada de risos. Mas assim que se viu sozinha Sarah pensou um pouco mais no discurso feito, talvez Nayara estivesse certa, pelo menos em uma coisa, se ambos gostavam um do outro não haveria motivos para enrolações. O problema era Nayara ter interpretado os olhares de Benjamin erroneamente, mas não pensaria nisso agora. Pegou o celular e convidou o garoto para se encontrarem, mais tarde, e ele rapidamente aceitou.

          Exatas 3 horas mais tarde Sarah estava na companhia de Benjamin, em uma romântica ponte da cidade, a majestosa Lua sendo refletida e entregando um ar e brilho natural ao ambiente, apesar de serem as luzes bem espalhadas pela ponte a iluminar o local, a imagem dos dois se juntando pelo movimento da água, as canoas passeando por ali, sorrisos eram vistos em todas as direções, Benjamin não deixou de reparar em como o lugar era bonito, mas concluiu que não chegava nem aos pés da beleza da garota ao seu lado. Como em todas as vezes que saíam juntos, eles riam e conversavam calmamente, apesar de ficarem com aquele frio na barriga cada vez que "acidentalmente" tocavam um ao outro.

         — Benjamin, temos nos encontrado bastante, ultimamente, não é?- O garoto, que antes olhava para uma canoa qualquer, subiu o olhar para Sarah, concordando com sua fala.— Eu tenho gostado bastante disso, digo, da sua companhia.

        — Posso dizer a mesma coisa, é impressionante como a sua simples presença já mexe comigo.

        — De uma forma boa?

        — De uma forma maravilhosa.

        Isso foi o necessário para que ela esquecesse o que ia falar. Então, na falta de palavras, sorriu, levando Benjamin a acompanhá-la. Ficaram apenas se encarando, a brisa batendo em seus rostos, o mundo ao seu redor parecia desaparecer, cenas assim já haviam acontecido, antes, mas algo sempre os atrapalhava. Sarah sentia o ar pesado, abriu levemente a boca e levou de vez a atenção de Benjamin para lá. Não tinham muita diferença de altura, mas Benjamin precisou abaixar um pouco a cabeça para poder, finalmente, encostar seus lábios nos de Sarah. Não sabia exatamente de onde havia tirado coragem para fazê-lo, mas agradecia muito por esta. Sarah passou uma mão por sua nuca, mergulhada em um sentimento enorme de euforia, o mundo poderia acabar, ela não ligaria, estava beijando Benjamin Brooklyn.

          Mais tarde, após pedidos incessantes da irmã, Sarah descreveu o beijo como: "Incrível. As borboletas em minha barriga não tinham se aquietado, mas até elas estavam mais lentas para poder ver o que acontecia." Já Benjamin, ao chegar em casa com um sorriso distante no rosto, foi interceptado por sua mãe, que o fez contar tudo. Falou: "Ela é tão linda, mãe. Quando sorri meu coração parece errar uma batida. Foi o que aconteceu, ela sorriu e de repente uma vontade enorme de beijá-la surgiu, e se tornou quase como uma necessidade para respirar. Então eu o fiz." Tanto a irmã de Sarah quanto a mãe de Benjamin passariam a enchê-los, cantarolando a marcha nupcial sempre que possível. Não ligavam, estavam felizes demais com o novo relacionamento para fazê-lo.

     

      

Até o último suspiroOnde histórias criam vida. Descubra agora