Tudo vai dar certo... Ou não

Capítulo 2: Como eu não percebi?

- Eu sou gay, Bonnie - Uouu, essa eu não esperava. Como eu nunca soube? Como nunca percebi? Por que ele não me contou antes?

- Desculpa, não sabia que... que se eu não contasse isso fosse acontecer. Sempre fomos amigos, sinto muito mesmo por de alguma forma te dar esperanças - Falou ele. Eu ainda estava decepcionada, queria que ele tivesse me dito.

- Tony, essa não é a questão, você não tem culpa por não gostar de mim da mesma forma e também não tem por eu ter começado a gostar de ti. Eu só não acredito que você não me disse! Pensei que fossemos próximos!

- Foi difícil para mim, ok? Eu não sabia como te dizer, não sabia como você reagiria e se continuaríamos amigos.

- Acha mesmo que alguma coisa muda com isso, você é o mesmo para mim, sabe muito bem que nada mudaria.

- Desculpa Nienie, não queria te magoar.

- Sinto muito também, deveria ter percebido

Antony às vezes falava a respeito de algum menino de forma aleatória, porém pensava que ele só estava me incentivando a querer conhecer o garoto. Não pensei que fosse para ele. Agora tudo faz sentido.

Eu terei que esquecer que gosto dele, esquecer, esquecer esquecer! Não vai ser fácil, ele é perfeito, meu melhor amigo a pessoa que mais me entende, não sei o que farei. No entanto não posso fazer nada, é assim, vou ter que lidar com meus recém claros sentimentos, os quais antes eram confusos.

Eu tenho que fazer algo, bolar um plano para não o ver mais como mais que um amigo. Meus planos sempre dão errado, porém tenho que fazer com que dê certo dessa vez.

A ideia é o seguinte, irei dar um tempo de garotos, não quero quebrar a cara de novo. Não quero decepcionar-me ou decepcionar os outros. Sei que Tony está se sentindo mal com essa situação, imagina se isso ocorre de novo? Não, não posso deixar com que aconteça.

Tenho que começar a ver mais os meninos como amigos, somente.

*******

Lara, Tony e Alice já me esperavam na praça de alimentação do shopping com mais um indivíduo presente, sinto que já o vi com Tony. Era domingo e queríamos curtir antes de iniciar mais uma semana de aula.

- Até que enfim você chegou. Todo mundo já tava te esperando aqui! - Reclamou Lara, como sempre.

- Desculpa, o Uber que cobra mais barato atrasou.

- Você é muito pão dura, garota! - Exclamou Alice.
- A gente divide o Uber na volta, aquele homem sempre aceita sua viagem mesmo que esteja longe, acho que ele gosta de ti. - Lara falou. Deixando-me preucupada, ele deveria ter uns 30 anos, sou muito novinha ainda.

Sentei-me à mesa e encarei o garoto com cabelos cacheados a minha frente, esperando alguém me dizer quem era ele.

- Ah esse o é o Oliver, ele é um amigo. Fazemos inglês juntos, você lembra? - Tony falou envergonhado.

Sei... Amigo, pelo jeito que ele observava meu amigo não parecia que Oliver queria só amizade.
- Ah sim. Eai? - Cumprimentei o menino cujos cabelos caíam em cima dos olhos quase verdes.
- Oi, me chame de Oliver - Falou e sorriu lindamente.

- Certo, nossa sessão cinema já vai começar. Precisamos comprar pipoca. - Alice avisou, levantando-se.

O filme estava ótimo, assistir terror no cinema sempre foi minha paixão, mesmo que não sentisse medo. Só me assustava com os gritos de Alice e sua mão que segurava a minha inesperadamente.

A conversa de Oliver e Tony durante o filme incomodava-me. Conseguia ver pelo canto do olho o garoto aproximando-se de Antony de vez em quando e consequentementemente Tony se afastando bruscamente, dizendo algo.

Não estava entendendo o que estava acontecendo, provavelmente falhas tentativas de beijos. Só não compreendia o porquê do recuo de Antony, pelo menos seria mais fácil convencer-me de que nunca teria nada com ele se ele estivesse namorando.

Na metade da trama um sujeito alto, forte e com um sorriso convencido no rosto sentou em uma cadeira vazia ao meu lado.

- Oi, tudo bem? - Falou

- Oi - Respondi seca, estava muito concentrada naquela parte, a menina finalmente ia descobrir a verdade sobre o namorado.

- Tava te observando lá de cima e te achei interessante.

- Humm - Soltei, agora o encarando, seu rosto era tão bonito. Ele parecia ser alguém legal, não tão mais velho que eu. Sua boca era linda, o lábio inferior era tão carnudo...

Ele começou a dar um risada baixa. Ah meu Deus eu estava encarando sua boca por muito tempo! Sou terrível!

- Ah meu Deus, me desculpa, eu encaro demais - Desculpei-me, meio sem graça.

- Percebi, tudo bem, não tem problema. - Falou, entre risos. - Esse filme é muito bom, mas essa garota demora demais para entender o que está acontecendo! - Mudou de assunto.

- Sim! Estava óbvio e ela só descobriu agora o que tava ocorrendo!

Continuamos a assistir o filme entre comentários e algumas risadas, que às vezes viravam gargalhadas, claro, vindas de mim.

Até que ele me olhou mais sério e desviou o olhar para meus lábios, comecei a me aproximar então dele.

Pelo minha cabeça passavam-se milhares de dúvidas: beijá-lo ou não o beijar? Sair dali ou ficar? Fingir que nada estava ocorrendo ou prosseguir?

Não sabia o que pensar, mas talvez fosse bom para mim. Ficar com outra pessoa ia fazer eu tirar o foco de quem eu realmente gostava, alguém que nunca sentiria o mesmo por mim. E agora, próxima a esse garoto, só queria esquecer um pouco meus problemas e perder-me em seus lábios.

Aproximei-me mais e dei-lhe um selinho longo que logo se profundou. Ele segurava minha nuca e eu passava as mãos por seus cabelos lisos e um tanto macios.

Ele beijava tão bem e logo em seguida lembrei que nem sabia seu nome. Parei o beijo por falta de ar e após recuperá-lo, perguntei:

- Eeh, qual é o seu nome? - Ele riu

- Erick. Você é a Bonnie, não é? 

- Como sabe? 

- Estudamos na mesma escola. Percebi isso quando vi Alice, o namorado dela é meu amigo, então lembrei que já tinha te visto por lá.

- Nossa, não sabia que eu chamava tanta atenção - Falei brincando.

- Pois deveria, você é linda. - Disse e não eu soube o que dizer. quan - Me dá seu Instagram, para nós nos comunicarmos.

**************

A volta para casa foi tranquila, íamos pegar Uber, no entanto a mãe de Ti ofereceu carona. Fomos eu e Lara. A casa de nós três era no mesmo condomínio.
Antony e Alice foram juntos e se despediram rápido porque pegariam ônibus.

- Nem pense que não iremos conversar a respeito daquele beijo

Erick já havia se despedido no fim do filme. Ele estava com amigos então quis voltar logo para eles, com a promessa de que nos veríamos na escola.

- Então, Oliver, como foi o seu encontro? Deu certo com o Antônio? - Perguntou sua mãe. 

- É Antony, mãe, e foi normal. Mas ele sempre me impede de fazer algo. Não sei por que ele tem vergonha de mim.

- Ele não tem vergonha de você, tenho certeza - Intrometi-me - Deve ter algum motivo.

- Tony sabe que eu gosto dele, ele sempre evita conversar sobre isso, mas sempre me dá esperanças de que quer algo comigo.

- Ele não é assumido ainda, poucos sabem e esse pequeno grupo, o qual tem conhecimento, não inclui sua família. Seus pais não fazem ideia. - Falou Lara. Fiquei surpresa, eu achava que era a melhor amiga dele. Se nenhuma de suas amigas soubesse seria menos decepcionante, porém a Lara sabe? Eles nem têm tanta proximidade, como nós dois temos, ou melhor, tínhamos...

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