Naipe de patroa • Philnê

Cap 2

Ainê Narrando:

Acordei no meio da noite ouvindo batidas fortes na porta, me sentei na cama por instantes e logo levantei. A chuva estava fraca e os trovões, trovões me incomodavam um pouco, caminhei pelo corredor e passei pela porta do quarto do meu pai e ele não estava aqui, não da pra acreditar...
Caminhei rápido até porta e abri, vi ele todo molhado, tentando se segurar nas pernas com uma garrafa de pinga.

- Pai... - murmurei chateada - você bebeu de novo? - olhei pra ele que me encarou bravo.

- Cala boca cachorra! - gritou e deu um tapa na minha cara vindo pra cima de mim.

- Para pai! - disse tentando sair de baixo dele, enquanto o mesmo tentava me bater.
- Sai... Sai da minha casa agora ! - ele disse com uma voz de bêbado.

- Pai o senhor está bêbado, espera... - pedi tentando o ajudar enquanto ele caía.
- Não me estressa vagabunda! - ele tirou uma faca do bolso

Andei para trás ja sentindo a chuva tocar minhas costas e me arrepiando por completo.

- Isso cachorra, dá o fora! - se levantou ainda cambaleando e me empurrou na chuva.

acabei caindo com o impacto e machuquei a perna.

- Pai, espera, não fecha ! - me levantei rápido tentando segurar a porta.

Ele bateu a mesma na minha cara e eu gritei de raiva, acabei chorando, chorei porque queria socar a cara dele, e chorei por Deus ter escolhido logo eu pra aguentar isso. Odeio a minha vida, eu não sabia para onde ir... A chuva foi ficando cada vez mais forte e eu comecei a espirrar, eu estava completamente encharcada.
A primeira pessoa que me veio na cabeça foi a Thais, mas será que ela me aceitaria? - tomara que sim, subi o morro exausta, a chuva não me deixava ver direito porque estava cada vez mais forte.
Me aproximei da porta de sua casa e bati, demorou mas logo uma luz se ascendeu e a porta se abriu devagar, Marques apareceu com uma arma na mão e se assustou quando me encarou.

- Ta fazendo oque aqui Ainê - olhou pra mim - Tá doida garota? - olha a chuva! - disse
- Não me deixa aqui por favor... - pedi querendo chorar.
- Marques quem é que... - Ouvi a voz da Thais - Ainê? - Ela correu até a porta e abrindo mais - Ai meu Deus, entra! - ela me puxou pra dentro, Allan deu espaço fechando a porta.
- Me desculpem por isso.... - Falei olhando para ela, minha vista ja estava embaçada por causa das lágrimas.
- Porque você saiu nesta chuva? - ela me encarou - A está hora Ainê? - falou olhando pro relógio que marcava 3:30 da manhã.
- Eu não saí, meu pai me tirou de casa!- falei cabisbaixa.
- Aquele desgraçado, ele estava bêbado não tava? - Ela me encarou brava.
- Sim - Respondi.

Ela negou brava.

- Vamos, eu vou te emprestar uma roupa antes que você fique gripada! - falou me puxando escada a cima.

[...]

A noite foi intensa, quando amanheceu desci para a cozinha, na qual encontrei Thais.

- Desculpa por ontem a noite! - Falei para Thais enquanto ajudava ela com o café. -
- Amiga é pra essas coisas, você sabe! - Sorriu.
- Achei que não fosse mais minha amiga... - Olhando pra ela - por um momento pensei que fecharia a porta na minha cara.

Ela me encarou séria e tocou em meu braço.
- Eu nunca faria isso! - Falou me olhando - Eu sei, depois que eu comecei a namorar com o Marques, a gente se afastou um pouco... - tentou explicar.
- Um pouco? - Olhei para ela que suspirou negando para si mesma.
- Muito! - Falou - eu fiz outras amizades, e eu sei Ainê, eu estou errada! - Falou me olhando - Podemos nos aproximar novamente? - Olhou pra mim - Eu sou uma idiota! - Disse e fez careta. Eu ri.
- Você é uma idiota! - concordei - Mas ainda sim é a minha melhor amiga! - Abracei ela que riu.

Ficamos conversando enquanto tomavamos café, aproveitamos pra colocar o papo em dia. Afinal de contas precisamos e quando menos esperavamos...

- O mais gostoso chegou! - ouvi aquela voz grossa vindo da sala.
- Você me assusta com esse seu amor próprio! - Allan Marques riu entrando com ele na cozinha.
- Sentiu saudades? - Ele olhou para Thais que riu.
- Nem um pouco! - O abraçou.

Ele se virou me encarando, provavelmente não me reconheceu, só depois de olhar bem para minha cara.

- Eu tinha mesmo uns assuntos pra tratar com você! - Disse me olhando seriamente.

Engoli seco e encarei seu olhar sério.