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kendra

Não me considero uma mulher fraca, pelo contrário batalhei muito para estudar moda e erguer a minha própria empresa, hoje com 30 anos eu ganho o suficiente para pagar as minhas contas que se resume ao aluguer de um apartamento minúsculo e um velho carro mas mesmo assim consigo ter comida no prato e adquirir o que me faz falta, faz dois anos que criei a minha própria marca de roupa e só agora começa a ser aceite no mercado, é um caminho longo a percorrer mas eu sou teimosa. Saio do avião e passo na receção do stand de aluguer de carros, mesmo estando lotada de trabalho eu tirei duas semanas para vir ao casamento da minha tia, ela merece isso, foi ela quem me ajudou quando eu e o meu irmão perdemos os nossos pais, tinha apenas quinze e anos quando os dois sofreram um acidente de moto, foi muito duro e vi a minha tia fazer o papel de nossa mãe, logo ela que nem era casada e nunca quis filhos. Ela tinha uma boutique de roupa e foi ai que descobri a minha paixão por moda, devo tudo a ela e ao meu irmão que deixou os estudos para ajudar com as despesas, minha tia era contra mas ele não achava correto sobrecarrega-la com as despesas de duas crianças que não eram suas. Entro no carro com as minhas duas malas e coloco a morada no GPS, escolhi o trajeto mais curto, estava cansada do voo e tudo o que eu queria era um bom banho. Vejo-me a conduzir numa estrada que passa bem no meio de uma densa floresta, odeio isto. O GPS para de dar informações em tempo real e quando olho para o telemóvel percebo o motivo, não há rede. Merda!

A estrada era acidentada e para desviar de um buraco bato numa pedra e logo em seguida passo por cima de um tronco, sinto a direção do carro ficar pesada, porra um furo no meio do nada era a última coisa que eu precisava. Encosto o carro na berma e saio para confirmar o que temia, os estragos são grandes para além do pneu cortado há um rasto de óleo, o que é que faço agora? Encosto no carro e passo as mãos na cara desesperada, eu estava perdida no meio do nada, num país que não conheço, sem sinal de telemóvel e pior de tudo tinha saltos e um vestido estilo empresária pois tinha saído da empresa antes de embarcar no avião. Podia ser pior? Abro a bolsa e pego na garrafa de água, estava calor e eu precisava de parar um pouco e pensar em algo, ouço barulho vindo do meio das árvores e tento focar o que se passa, ao longe dois homens correm distraídos, parecem fazer um treino. A medida que se aproximam começo a ficar nervosa, eram grandes e corpulentos demais, autênticos vikings, eles param quando me vêm e porra o seu ar é assustador com feições duras, animalescos, selvagens mesmos, seriam humanos? Tento não mostrar medo mas é difícil, eles poderiam matar-me apenas com um dedo...

— O que faz aqui? - O homem pergunta com uma voz grossa.

— Eu tive um problema com o meu carro! - dou um passo para trás e olho para os estragos na viatura.

— Baruc, alguma coisa está errada! - o homem até agora calado diz de olhos fechados.

Quando a sua voz chega até mim consigo sentir um frio no estômago e os seus olhos, minha nossa são de um azul que eu nunca vira antes, eles eram safiras que me hipnotizavam...

— O que são vocês? - Questiono porque sem dúvida há algo errado com eles. - Levo as mãos ao cabelo que ato no cimo da cabeça.

— Estou em branco, acho que é ela! - O homem volta abrir os olhos com um olhar mortal, como se olhasse para uma fera, vejo o braço do tal Baruc impedi-lo de avançar na minha direção e dou mais um passo para trás.

— A noite vai cair e não é seguro ficar aqui!

— Onde fica o posto de gasolina mais próximo? - Ele tinha razão o sol vai se por em breve.

— A uma distância que não poderá ir a pé, vamos!

— Não posso deixar o carro e as malas aqui! - cruzo os braços ciente que estou a enfrentar o destino.

— Tratamos disso depois, Hetick pega nas malas. - O homem pega nas minhas malas como se fossem penas, sinto o seu perfume quando fica perto de mim e é tentador.

— Onde é que me levam?

— Para a floresta, acho melhor trocar de calçado.

Olho a volta e dou-me por vencida, troco os sapatos por tênis e sigo os dois mas não muito perto, sou desconfiada e não faço ideia do que me espera. Caminhamos por uns trinta minutos até chegar a um tipo de aldeia onde me sinto como um ser estranho, sou muito mais pequena que qualquer um, olhada de lado, estava a ficar escuro e os dois param na porta de uma cabana...

— Ficará aqui com Hetick, amanhã passo com Lily.

— Obrigada!

O homem abre a porta e entra , sigo-o e admiro as suas costas largas, tem muitas tatuagens, sou doida por elas e sou levada a admira-las, elas são de certa forma magnéticas, não sei explicar o porquê mas elas chamam por mim, os meus sentimentos variam entre medo, curiosidade e luxúria mas não é a ele que temo e sim a situação.

Hetick - Spin Off Série Fierce menOnde histórias criam vida. Descubra agora