Capítulo 3 - A caixa de Pandora (Novo!)

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A tripulação percorria ansiosa o longo corredor da entrada principal da nave rumo ao saguão hexagonal que conectava algumas alas do Dakota Johnson, quando se deparam com o capitão Memphis conversando, entre risos e gargalhadas, com uma figura até então desconhecida para eles: Yohan J. Drake. Ao vê-los se aproximarem, Memphis logo interrompe sua fala para apresentá-los ao visitante incógnito (que ao perceber a expressão de surpresa e estranheza em suas faces constrange-se notoriamente): — Pessoal, que bom que chegaram! Conheçam o capitão Yohan Drake. Ele e eu somos velhos amigos. Já navegamos juntos por várias constelações da velha Via Láctea durante muitos anos no passado. Capitão Drake, a tripulação do Dakota Johnson! — Apresenta-os ao amigo de longa data.

— Drake teve alguns problemas com o seu navio, e alguns contratempos com documentos e passaportes interestelares lhe impediram de tomar um ônibus espacial para o seu destino. Então eu me ofereci para... levá-lo até lá. — Memphis parecia meio desconfortável com aquela fala, mas prosseguia com ela mesmo assim. — Espero que não fiquem muito aborrecidos com isso, mas acho que poderemos perder três ou... quatro dias nessa viagem. Se concordarem... é claro. Afinal, isso não está previsto em nosso contrato, então... — O capitão, estranhamente, não conseguia manter os olhos fitos nos de sua equipe. Ele sabia que eles estavam ansiosos para partirem de volta para a Terra, e mesmo que quatro dias parecessem pouco, para quem passara os últimos cinco anos longe de casa, aquela notícia poderia soar como um verdadeiro balde de água fria sobre suas cabeças.

— Contrato não é tudo para nós, capitão. — Interrompe Larc com uma voz firme, porém com um olhar questionador. — Se isso é algo realmente importante para o senhor, sabe que pode contar com a gente.

Contudo, era notória a expressão de incômodo de Memphis diante dos olhares sérios e inconformados de seus homens, que percebiam que ele falava como se estivesse enrolando ou sendo bem diferente do homem firme e direto que costumava ser.

— Tá legal. E que planeta seria esse, afinal? — Pergunta Coleman, enfim.

— Pandora-3, fica só a algumas dezenas de anos-luz do ponto central de Beta-4D, próximo a Gasmor, no sistema estelar Alfa-5B. — Responde Drake antecipadamente.

— Isso fica em uma área não recomendada para navegação pela União. Essa região ainda está sendo mapeada e explorada pelos confederados por meio de Operações de Nível Zeta, o que pode significar algum perigo para quem incorre por aquelas circunscrições. Tudo o que se sabe, até agora, acerca daquele setor é o que está contido em mapas iniciais, confusos e com poucas informações sobre os planetas de seus sistemas estelares; todos com marcações bem claras de alertas do tipo "Não Confiável" rotuladas neles. — Dispara Kruger, em seguida, com um olhar nada amigável em direção a Memphis.

— É, eu sei. Por isso eu me encarreguei de checar todos os alertas e avisos dos boletins de notificação emitidos pela confederação nos últimos cinco anos; além de consultar a Blacklist de planetas ou zonas galáticas consideradas perigosas ou com alguma ocorrência de crimes espaciais, e não há nenhuma menção àquela região. Beta-4D é praticamente um espaço desértico. O que poderia acontecer de tão desastroso numa área não navegada como aquela, afinal? Levamos Drake até aquele planeta e embarcamos de volta para a Terra imediatamente. E então, o que acham? — Insiste Memphis. Ele realmente acreditava que nada de mais poderia acontecer naquela viagem, mesmo que Beta-4D fosse evitada pela grande maioria dos navios espaciais da União.

— Bom, se não há nenhum perigo por aquelas bandas, não vejo nada de mais em estendermos a viagem em alguns poucos dias. Por mim tudo bem. — Manifesta-se Coleman olhando para os outros na espera de mais opiniões.

— Alguns dias a mais ou a menos... não faz tanta diferença assim. — Diz Raimi com um olhar de desaprovação em seu semblante, porém, cedendo ao apelo do capitão.

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