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- Deixa então eu apresentar vocês  - diz a mãe dele ignorando seu comentário anterior - Filho essa é  a Helena Torres - aponta dele para mim - E Helena esse é o Noah Blake - aponta de mim para ele

Solto um sorriso contido para ele

- Legal, terminou? - ele pergunta

- Filho, seja gentil - ela pede olhando para ele

- Tudo bem - fala encolhendo os ombros e vem até mim estendendo a mão, seguro ela com firmeza - Prazer em te conhecer - diz mais alto e finaliza baixinho fazendo contato visual - espero que essa experiência não demore muito -

Recolho minha mão para perto de mim

- É... Vocês terão tempo para se habituarem um ao outro... Eu tenho algumas coisas para resolver, então já vou subindo - termina com um sorriso e começa a sair

- E você? Não fala? - Noah pergunta

- Claro - digo - Você quer que eu faça alguma coisa? - pergunto educadamente - Andei vendo algumas tabelas com suas rotinas e... -

- Não precisa se prender naquilo - me interrompe e se senta no sofá - O tempo por aqui é parado - fala olhando para fora através dos vidros - Não tem que ficar se preocupando comigo, olha meu tamanho - aponta para si

- É uma casa aconchegante - falo observando em volta

- Aconchegante? - profere com um risinho sem graça - O que há de aconchegante aqui? - volta a olhar para a paisagem exterior a nós

- Não sei, mas a sensação de refúgio em estar aqui, de poder observar a natureza e ver o sol a atravessar o vidro - digo, começando a me sentar em um banco próximo a parede de vidro

- Isso é solitário, não aconchegante - faz uma pausa se levantando e indo para o centro da sala - Não vê em volta? - abre os braços e aponta ao seu redor - Estamos cercados por essa muralha de vidro que nos deixa reclusos aqui dento, nos permite ver o que há fora, mas não nos permite ter contato com o que está exterior a ela. É sobre fazer parte, mas não estar de verdade naquilo - finaliza

- Não vejo dessa maneira - falo pensativa

-Ela é bem minha cara, aliás está mais parecida com minha atual filosofia de vida - diz ainda com os braços erguidos

- Como assim? - questiono com minha curiosidade já aguçada

- Olha meu estado - direciono meu olhar para ele - Toda essa doença, tratamentos, remédios pra nada. Todos sabem onde isso vai dar - fico meio paralisada com suas palavras, espero ele continuar - Então, decidi viver como essa casa, observando tudo ao meu redor, participando, mas sempre do lado de dentro do vidro... Sabe, para não manter contato, para perder as conexões - finaliza

- É por isso que os afasta? - pergunto me referido a seus pais

- Isso não é da sua conta - responde

- Sabe que isso não vai fazer doer menos né? - a essa altura já direcionei meu olhar para as folhas das árvores dançando com o vento que as tocava

- Não me importo, só não quero toda essa gente em cima de mim dessa forma, me cobrando coisas que nem sei se posso dar - seu olhar é novamente distante, Noah retorna ao sofá

- Tipo? - pergunto

- Tipo Vida - diz convicto

- Mas, claro que você já deve saber que atualmente a taxa de mortalidade... - tento terminar mas sou interrompida

- Reduziu mais de 60% - termina o que eu ia dizer  - Eu sei, mas isso é só estatística, só número -

- Isso também é esperança - digo e olho para ele

- E você não sabe como é ver essa esperança morrendo nos olhos dela - imagino que tenha falado se referindo a mãe

- Mas... - tento falar e novamente sou cortada

- Não está aqui para ser minha psicóloga - diz calmo - Quando sair fecha a porta corretamente para o frio não entrar - ele se levanta e sai pelo corredor de onde veio anteriormente

Eu continuo parada, pensando em tudo o que foi dito. Realmente parece que o dia vai se passar bem devagar ainda mais estando aqui "sozinha".

Como não havia o que fazer, me direcionei aos armários e corri meus olhos pelos ingredientes que haviam disponíveis alí.

- Nossa, ele só come coisas que não ajudam em nada um sistema imunológico - continuo minha saga

Depois da busca, percebi que tenho tudo o necessário para fazer um bom brownie

- Por que não colocar meus conhecimentos em prática? - pergunto a mim mesma e decido fazer

Quando começo logo me vem a cafetaria em minha mente.

Será que quando a perdi, também compartilhei desse olhar de esperança de esvaindo?

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