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Blim-blem!

O som do sino posto acima da porta principal do meu pequeno café, é audível assim que adentro no meu refúgio.
Mais um dia em minha rotina é começado, com o início de mais uma jornada de trabalho nessa cafetaria, que há um bom tempo não vem mais sendo tão frequentada como antes. Entretanto, para este entendimento lhe parecer mais conexo, permita que lhe apresente alguns fatos sobre ela.

"Morning's Breakfast"
Esse é o nome de um lindo café que conheço e frequento desde que cheguei a este mundo. Sendo assim, posso afirmar que se trata de um negócio de família, que quando chegou às minhas mãos já estava em sua segunda geração. O problema é que ele foi destinado a mim de uma forma muito precoce. Há uns 10 anos meu pai, o dono anterior, faleceu em um grave acidente de carro na véspera de Natal, fato ocasionado pela grande quantidade de neve naquela noite. Bom, eu com meus 11 anos, não poderia dar conta de todo este encargo a mim destinado, então ficou decidido que minha mãe ficaria responsável pelo mesmo.

Observem, até este momento as coisas podem até parecerem bem, mas o real problema vem a seguir.

Nos seus tempos de glória, nosso Morning's Breakfast brilhava com suas deliciosas combinações em um cardápio repleto de refeições apetitosas. Ele foi repassado assim para "minhas mãos", porém sob os cuidados de minha mãe, uma mulher que sempre o achou um desperdício de dinheiro, a sua fama foi acabando, pois a qualidade dos serviços e produtos foi decaindo, em detrimento de seus inúmeros cortes com fornecedores. Agora, esse dinheiro era investido de forma errada, nos caprichosos de minha mãe, foi verdadeiro tesouro jogado ao vento.

Atualmente, tenho enfrentado sérias dificuldades para conseguir restabelecer seu antigo valor social, o complicado é que as contas não param de chegar e começo a querer dar ouvidos a voz da minha mãe dizendo:

"Você deveria vender aquele lugar de uma vez e usar esse dinheiro para atividades mais lucrativas"

É perceptível que valor sentimental para ela não existe, mas apenas o dinheiro importa.

Para mim já é completamente diferente, esse lugar me traz carinho e amor, transmite a paz de estar na companhia de meu pai enriquecendo meus conhecimentos sobre confeitaria.

- Nossa, como ele era bom no que fazia - sussurro para mim

Entretanto, está cada vez mas difícil manter esse lugar, com clientes cada vez mais escassos. Mesmo com 2 anos que reassumir, as dívidas feitas haviam sido muito altas, sendo assim complicadas de serem quitadas.

- Bom dia Kate - saúdo a minha amiga/funcionária

- Bom dia Lena - ela solta um largo sorriso

- Meninas, perdão atrapalhar, mas há um homem ao telefone afim de conversar com a Srta. Helena - disse o padeiro que trabalha aqui desde quando este lugar era assumido por meu pai

- Peça que espere um instante, já estou indo ao encontro - avisei e atravessei o balcão de atendimento

Conseguia sentir um certo nervosismo em mim ao imaginar de quem se tratava

- Alô? Bom dia - digo ao me aproximar do telefone

- Bom dia, falo com a Srta. Helena Torres? - diz o homem

- Sim senhor, o que deseja? - pergunto educadamente

- Infelizmente não é para encomendar um de seus deliciosos cupcakes, mas sim para fazer o requerimento do pagamento da hipoteca já atrasada há alguns meses - informa o que temia

Como é evidente, não temos dinheiro para pagar o empréstimo feito para reforma do café, contudo o que mais me preocupa é que o imóvel hipotecado foi justamente este no qual estou, meu bem tão precioso.

Após a pausa, retorno à consciência

- Mas será que não poderíamos adiar um pouco mais? O café é minha única fonte de renda e ainda não temos o valor necessário - digo a ele

- Eu sinto muito, mas por consideração a sua família já adiei o máximo que pude - ele se explica

- Não posso deixar que me tomem o café, é minha herança, o bem que tanto me liga a eles, não haveria outra forma? - suplico a ele, amo esse lugar

- Não há, será preciso que a senhorita pague a hipoteca até a próxima semana, caso contrário terá de entregá-lo como está no acordo - ele diz e meu mundo para alguns segundos

- Tudo bem, farei o possível - digo e após uma pausa - Obrigada pela paciência -

- Não tem de quê, passar bem - ele termina e encerrasse a ligação

Mudo a direção dos meus olhos para as últimas duas pessoas que trabalhavam aqui comigo

Kate e Joseph

- Eu sinto muito, mas teremos que fechar nosso Morning's Breakfast - profiro essas palavras e ergo minhas mãos a minha face para cobrir meu rosto já molhando com os primeiros sinais da tão conhecida água salgada.

- Ô minha menina - fala Joseph e os dois vem ao meu encontro,  para me envolverem em tudo o que eu mais precisava agora

Um abraço apertado repleto de conforto

E assim início mais uma dança, onde a música que toca em meus ouvidos não traz felicidade, apenas frustração.

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Chegamos ao final do primeiro capítulo e tantas surpresas nos aguardam,
Até amanhã!!

Learning to DanceOnde histórias criam vida. Descubra agora