"-O amor... - suspiro lentamente - O amor é como uma chama, ardente, inevitável e mágica. Acontece nos momentos mais inesperados e é capaz de fazer o corpo tremer.
Após olhar profundamente seus olhos cor de chocolate, prossegui: E, mesmo que lutemo...
Oi, diário.. Hum.. Não sei bem como devo começar isso.. Na verdade é bem estranho isso.. Enfim, minha psicóloga achou que seria uma ótima ideia (eu discordo) escrever cartas para extravasar minhas emoções. O primeiro tema que ela me deu foi sobre "o meu primeiro amor" e tudo o que eu tenho a dizer é que foi um monte de merda. Digo, eu tinha 12 anos e o garoto também (todo mundo sabe que não dá pra esperar muita coisa dessa idade) e ele disse que gostava de mim. Nos beijamos e começamos a namorar. Ele desenhava coisas fofas e me dava de presente e até aí tudo bem. O problema foi quando ele me chamou pra matar aula e eu sensata não quis. Mais tarde, no mesmo dia eu o vi cheio de amores por outra garota. É claro que eu não ia deixar de fazer nada, então peguei os desenhos que ele me deu e rasguei na frente dele e da garota. Admito que eu chorei depois de ter feito isso, porém sigo intacta com o meu orgulho. Tipo, ninguém me viu chorar então nunca aconteceu HAHAHAHA. Enfim, até que não foi tão ruim escrever mas tenho muitas coisas para fazer.. Tipo me mudar... pra outro país... onde eu não conheço ninguém e talvez eu esteja um pouquinho ansiosa... Ou talvez muito dado as circunstâncias. Só espero que tudo fique bem.
Depois de escrever no diário, arranquei a página, dobrei e coloquei dentro do envelope escrito "sobre meu primeiro amor" e guardei dentro de uma caixinha rosa.
–É, parece que está na hora.. De deixar tudo.. -Suspiro lentamente- tudo mesmo.. Enfim, tenho coisas a fazer.. Muuuuuitas coisas por sinal.
Me peguei observando o quarto que por longos anos fora meu. Tons de rosa claro, prateleiras com livros e uma penteadeira cheia de maquiagens. É, eu realmente vou sentir saudades disso tudo.
Comecei a fazer minhas malas. Dobrei roupa por roupa até ter espaço o bastante pra levar tudo o que eu queria.
Durante horas fiquei fazendo as malas. Parte minha queria enrolar por não saber como as coisas irão ser daqui pra frente. Por outro lado, eu estava ansiosa para poder mudar tudo na minha vida. Tipo, eu vou me mudar pra outro país é um mundo de oportunidades.
–Então parece que eu terminei tudo -Digo olhando para as malas.
Ando em direção ao banheiro e deixo a banheira encher. Procuro algumas pétalas e as ponho na água quente da banheira. Acendo velas aromáticas, apago as luzes e prendo o cabelo. Em seguida tiro a roupa observando as sardinhas no meu ombro direito.
De alguma forma eu sempre achei que essas sardinhas no meu corpo eram horríveis mas hoje, não. Essas sardinhas fazem parte de mim e elas até que são bonitinhas.
Após me olhar no espelho, entro no banho e decidi que ficar lá durante um bom tempo era a melhor coisa que eu poderia fazer.
Deixei meus pensamentos esvoaçarem pela minha cabeça enquanto tomava um vinho, dentro da banheira.
Quando terminei com a garrafa de vinho (vinho sempre foi o meu fraco), me levantei, me enrolei na toalha e em seguida desliguei a banheira.
Entrei no quarto e por alguns momentos fiquei pensando no que deveria vestir.
Decidi que usar um casaco, uma calça, uma touca e uma bota estava de bom tamanho.
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