Glow Up

Carta 2

Sinto meus olhos se abrirem devagar e me sinto levemente enjoada. Observo que tem uma pessoa dormindo na cadeira, perto da minha cama.

Olho fixamente e vejo que é o Dario, pra minha total surpresa! Começam a vir flashbacks de tudo o que havia acontecido.

Como esse cara de pau tinha entrado aqui? O que ele estava fazendo aqui?

-O que você tá fazendo aqui? -digo o cutucando- Ei, acorda!

-Que bela maneira... -ele boceja- de ser tratado!

-Oi? Eu escutei bem? Você estava batendo em um homem ontem, eu desmaiei na sua frente e você vem me dizer isso? -grito, enquanto aponto o dedo para ele.

-Ou, ou, ou. Pode abaixando esse tom de voz comigo, porquê se tem uma coisa que eu entendo bem é sobre gritar. Então se você acha que você pode ficar gritando comigo você tá muito enganada! -gritou ele em contrapartida.

-Eu acho melhor você ir embora -disse apontando para a porta.

-Pela primeira vez concordamos em algo. -disse Dario, enquanto descia as escadas- E só pra você saber, aquele homem que você queria defender estava apanhando porque ele bateu na esposa que quer se separar dele, porque não aguenta mais viver com inúmeras traições e com agressões emocionais. -ele olhou por um momento para mim e disse- Você até pode me achar ruim, mas eu defendo as pessoas. Quando você sai do seu mundinho, você vê o quão ferrado o mundo real é. -ele deu uma pausa- E eu te deixei em casa, na sua cama, porque você desmaiou. Eu pensei que poderia ser algo grave e que talvez precisasse de ajuda, por isso eu fiquei por aqui e dormi nessa merd* de cadeira.

-Dario, desculpa... Eu não sabia -disse tentando me corrigir.

-Não precisa pedir desculpas. Pra pessoas como você, eu sempre vou ser o cara ruim. -disse batendo a porta.

Que merd*! Eu podia ter sido menos idiota.. Talvez, ele não seja idiota.. Eu realmente fui muito burra!

(...) Horas depois.

Oi, pra você que está lendo! Hoje meu dia não foi muito bom até agora.. E olha que são só 8:00 am. A noite foi agitada.. Enfim, tô aqui pra escrever minha segunda carta! O tema da vez é "a memória mais feliz da minha infância". Bem.. Eu tenho várias memórias felizes da infância. Mas gosto em especial de uma vez que minha mãe e eu decidimos fazer massinha caseira. Na verdade, ela fez tudo HAHAHA. Mas ela me ensinou e depois brincou comigo. Foi um dos momentos que eu mais gostei e olha que tivemos muitos momentos incríveis. Faria de tudo pra voltar no tempo. E uma última coisa, pra você mãe: Você foi incrível e eu espero ser como você. Onde quer que esteja, não se esqueça de mim.

Quando terminei de escrever a carta, já estava chorando. Dobrei a carta, coloquei no envelope e depois, dentro da minha caixinha rosa.

É estranha a sensação de não ter alguém que você ama perto de você. E é pior ainda quando você sabe que não vai ver a pessoa, talvez, nunca mais. É algo que despedaça o coração.

(...) Dias depois.

Dias se passaram desde que eu o vi pela última vez.. O Dario simplesmente sumiu do mapa.. Será que foi pela discussão? Estou começando a ficar preocupada..

Hoje a Rosalina, vai vir aqui para irmos na piscina comunitária. Rosalina e eu estamos pensando em algum jeito de reativar o meu antigo projeto. Sinto saudade de ajudar as mulheres a serem empoderadas e Rosalina disse que seria uma forma de me auto-ajudar também.