Eles só queriam sonhar

Capítulo 02

Oliver ON

Já estava se aproximando o horário da minha volta para casa, e ainda estou naquele parque, aqui é sempre tão tranquilo que fico inerte com meus pensamentos, e acabo que por não ver o tempo passar.

Apesar de já ser quase pôr do sol, ainda tem bastante pessoas vagando pelo parque, consigo ver uma idosa passeando com um homem adulto que atenciosamente segura a mão da idosa para que ela possa caminhar com menos dificuldade, talvez esse homem seja seu filho, um pouco mais distante vejo um casal de namorados sorrindo como se fossem um para o outro a única razão de felidade deles, também vejo algumas crianças empinando pipas coloridas e correndo de um lado para o outro, e em outro lugar há algumas pessoas passeando com seus animais de estimação. Realmente essa é uma bela visão.

Ainda contemplando essa bela paisagem, sinto meu celular vibrar incessantemente, esse é o aviso de que está na hora de voltar para casa. Recolho minhas coisas e saio do parque. No trajeto de volta, como de costume coloco meus fones de ouvido e dou play em qualquer playlist aleatória, nesse caminho vou apenas observando a paisagem, nada de novo alcança minha visão, apenas observo as coisas com minha mente distante, sem a intenção de captar os detalhes à minha volta, apenas me deixo levar pelas batidas da música que toca.

Por conta de minha plena distração, acabo que por esbarrar em alguém. Quando deparo meus olhos sobre quem eu havia esbarrado, me senti aturdido ao reconhecer a pessoa, à minha frente estava Justine, alguns fios de seus cabelos ruivos haviam caído sobre seu rosto, e o mesmo rosto com sardas estava com uma pequena expressão de "Que merda acabou de acontecer?". Ao vislumbrar sua expressão saí subitamente de meu transe, e tenho certeza que estava fazendo uma cara muito idiota.

– D-desculpa, você está bem?– Me sinto envergonhado por está nessa situação justamente com a Justine, esse destino está tramando uma conspiração, e agora só me falta saber se é à meu favor ou contra.

– Eu estou bem sim, obrigada por perguntar– Ela faz uma pequena pausa– Ah, você é o garoto que senta atrás de mim na classe, como é mesmo, hum, Oliver certo?.

Ela realmente quase não lembrou de mim? Droga, além de envergonhado, isso me deixou ainda mais nervoso.

– S-Sim, sou e-eu m-mesmo, e você é a garota que s-senta na minha frente.– Idiota, idiota, idiota, idiota, por que eu tenho que ser tão idiota? Ela acabou de falar isso.

Ela começa a dar uma risadinha simpática. E nossa, no mínimo eu esperava um "você é babaca?".

– Foi bom encontrar você novamente Oliver. Bom, eu preciso ir,  até amanhã na escola– Ela se despede com um aceno e continua o percurso que estava fazendo, e depois de ter ficado por cerca de 3 minutos olhando para o nada e me perguntando, "O que diabos aconteceu?", continuo meu caminho para o meu lar doce lar.

Não demora muito para que eu chegue em minha casa, e como de costume não tem ninguém nela, e tenho quase certeza que minha mãe pegará um turno extra hoje. Ela tem se esforçado bastante para atender a demanda de pacientes do hospital no qual trabalha, mas seria bom poder ter ela aqui quando chego em casa. Não preciso pensar nisso agora. Afasto esses pensamentos melancólicos e me foco no presente.

– Vamos ver, onde foi que eu parei...– Começo a tatear o meus papéis e materias de artes até encontrar a coisa mais recente que desenhei, uma garota à beira de um precipício. Lembro do porquê fiz esse desenho. Eu havia sonhado com essa cena de uma garota que não mostrava seu rosto, ela dançava e ria à beira de um precipício, tudo era apenas iluminado por uma grande lua cheia que pairava pelo céu e que aparentemente não possuía estrela alguma, o vento balançava seus cabelos e a saia de seu vestido negro enquanto ela pulava e girava graciosamente. Era uma visão esplêndida, mas ao mesmo tempo perturbadora. No sonho eu me sentia numa angústia inexplicável, porém não conseguia parar de olhar a imagem daquela quem dançava no sonho, simplesmente estava petrificado.

Depois desse sonho não conseguia expulsar aquela imagem da minha cabeça, então resolvi colocá-la em uma folha de papel, porém, esse pensamento de querer saber o significado por de trás deste sonho apossou-se da minha cabeça, eu queria saber o que significava aquela garota na beira daquele precipício? Por que eu estava tão angustiado nesse sonho? Esse sentimento de querer entender tudo isso me martela por dentro.

Enquanto me via perdido em meio meus devaneios, o visor do meu celular acende, havia chegado uma notificação, especificamente era uma mensagem da minha mãe, e nela dizia que ela não voltaria para casa essa noite pois havia pegado o bendito turno extra, e que eu poderia esquentar a comida que estava na geladeira para que eu pudesse comer.

Eu já tinha quase certeza que ela pegaria esse turno extra hoje, já era costume ela fazer isso, mas espero que ela não se sobrecarregue demais. Apesar de admirar muito seu trabalho e esforço, eu quero vê-la bem, feliz, saudável e com aquele belo sorriso no rosto.

Depois de organizar a pequena bagunça que fiz enquanto procurava aquele desenho, resolvo ir para a cozinha preparar, ou melhor dizendo, requentar meu jantar. Ao abrir a geladeira me deparei com meu alvo de consumo, um frango assado, pelo menos algumas partes dele, aparentemente estava delicioso. Coloquei meu jantar no micro-ondas e apenas esperei o tempo de aquecimento da refeição para que eu pudesse comer. E realmente, o frango estava ótimo.

Depois dessa bela refeição, fui para meu quarto para resolver alguma lição de casa que estava pendente. Peguei minha agenda de lembretes de pesquisas e meus cadernos de exercícios, e então me coloquei a estudar.

Logo após algum tempo apenas resolvendo cálculos e revisando algumas matérias que eu tinha dificuldade, percebi que já se passavam das 23:00 horas. Então decidi encerrar o que estava fazendo por ali. Agora tudo o que me faltava era tomar um banho para poder esquecer os problemas e descansar devidamente em minha cama, e assim o fiz. Tudo o que eu precisava agora era de uma boa noite de sono.