Capítulo 03

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Oliver ON

Não faço idéia de onde eu esteja nesse momento, ao que parece me encontro em um corredor mal iluminado, noto que estou descalço pois sinto que o chão está molhado sob meus pés, e isso acaba que por me causar calafrios. Começo a seguir meu caminho por este corredor, ele aparentava não ter um fim e havia várias portas no decorrer do percuso, tentei abri-las, mas sem sucesso pois as mesmas estavam trancadas.

– Mas o que diabos de lugar é esse?– falo em tom baixo, quase que em um sussurro para que somente eu escutasse minha voz, e que saiu um pouco desengonçada por conta de meu aparente nervosismo.

As poucas luzes que haviam ali começaram a findar sua pouca luminosidade, e subitamente as luzes cessaram, me dando um susto que fez meu coração bater tão rápido que achei que ele iria pular pela boca. Eu não sabia o que estava acontecendo à minha volta, apenas conseguia escutar o que parecia ser água pingando, e ruídos que parecia estalos dentro de paredes também se iniciaram repentinamente. Minha respiração já estava desregulada, minha garganta seca e minhas mãos frias. Apesar da vontade instintiva de sair correndo daquele lugar, não conseguia mover minhas pernas, eu estava apavorado. Inesperadamente o som do "tic tac" de um relógio ecoou pelo local, algumas luzes acenderam e eu já não me encontrava naquele mesmo corredor. O lugar à minha volta havia se transformado em uma espécie de galeria, e suas paredes agora possuíam alguns quadros, deslumbrado comecei a observar tais quadros, o primeiro portava uma família comum, um pai, uma mãe e duas filhas, todos estavam posicionados de maneira que não mostravam suas faces; no segundo quadro tinha uma lua cheia azul maravilhosa; o terceiro continha uma grande árvore com 7 cordas de enforcamento em seus galhos, fiquei um tanto angustiado com esse quadro; no quarto quadro havia uma garota, ela chorava com as mãos sobre o rosto, seus braços e pernas continham cortes e hematomas, estranhamente essa garota me parecia familiar, não tinha certeza de onde já havia avistado ela.

Quando pretendia olhar o quadro mais de perto o som de uma porta se abrindo ecoou pelo corredor, instantaneamente olhei para a direção de onde o som parecia ter vindo, no fim do corredor havia uma porta entreaberta, me senti muito intrigado pois não havia notado que aquela porta estava ali. Fui caminhando lentamente até a porta, e conforme chegava mais perto mais apreensivo eu ficava. Quando finalmente cheguei à porta, fiquei numa grande aflição, não tinha certeza se deveria entrar no local que ficava após àquela porta, eu não sabia o que me esperava depois dela, mas me sentia com uma forte necessidade de descobrir o que tinha lá, então reuni minha pouca coragem que eu tinha e atravessei aquela passagem.

–Mas que droga é essa?!

Por detrás daquela porta havia uma espécie de salão, tudo o que iluminava o local eram velas que estavam espalhadas por todo perímetro, nas paredes haviam diversas prateleiras abarrotadas de objetos, tais como: livros, pequenas caixas de madeira, algumas estátuas de pequeno porte e até mesmo, crânios!? Sim, crânios, crânios de diversos tipos, tanto de animais quanto de humanos. Fiquei abismado com aquela visão, mas aquela sensação de descobrir tudo o que havia naquela sala estava gritando por todo o meu ser, então comecei a observar tudo à minha volta com mais atenção. No salão também continha uma grande mesa de pedra que possuía variações de símbolos que eu desconhecia, quando toquei na mesa pra verificar um certo símbolo mais de perto, senti uma energia muito ruim vindo dela, o que fez meu corpo inteiro estremecer, e então me afastei rapidamente daquela mesa que parecia ser o mal na terra.

Ainda inquieto, fiquei por um certo período apenas encarando aquela mesa. Tentando afastar o medo que tava sentindo apenas me convenci que aquilo teria sido apenas coisa da minha cabeça, então comecei a analisar algumas das pequenas caixas que estavam nas prateleiras, na maioria delas haviam espécies de amuletos, mas uma em específico portava uma adaga, seu cabo era cheio de detalhes talhados em ouro e alguns pequenos fragmentos do pareciam ser rubis. Enquanto observava aquele achado, um som algo caindo pelo chão ecoou por todo salão. Larguei a adaga e comecei a olhar por todos os lados à procura do que poderia ter causado tal som. Depois de não ter encontrado sua fonte, eu já me encontrava assustado o suficiente para achar que poderia vir a sofrer um ataque cardíaco a qualquer instante. Estava preste a tentar sair daquele tenebroso salão quando escutei outro som, dessa vez pareciam com passos que evidenciaram vir detrás de mim, estremeci por completo, não conseguia reunir coragem para ter o atrevimento de me virar e ver o que estava ali.

– Você está com medo?– A voz calma de uma garota emergiu no local– Você tem medo desse lugar? Ou será que tem medo da escuridão desse lugar?– Ela continuava falando atrás de mim.

Apesar do medo que estava sentindo, eu sentia uma forte necessidade de ver quem falava comigo, e subitamente me virei para ver quem estava ali. Na minha frente se encontrava uma garota de cabelos negros, um véu caía sobre seu rosto me impossibilitando de ver sua face, ela usava um vestido longo com característica medieval que deixava à vista apenas suas mãos que revelavam o tom pálido de sua pele. Tomado pelo medo me permaneci impossibilitado de falar qualquer coisa que fosse.

– Você está com medo de mim?

Ainda com pavor correndo nas veias, tentei negar com a cabeça. Mesmo não podendo ver sua feição, aparentemente aquela moça estava feliz. Então ela começou a andar por volta de mim, e isso me deixou desconfortável, mas tentei não deixar transparecer. Ela então chegou mais próximo do meu ouvido.

– Oliver, eu não vou te machucar.

Depois de ela dizer isso eu acordo num sobressalto desesperado, estava suando frio e meu coração acelerado. Cemecei a olhar tudo em volta espantado, eu estava no meu quarto agora, olhei para o relógio que marcava 03:20 da madrugada.

–Que sonho esquisito– Estava falando com a voz um pouco trêmula por conta do pavor que sentia e ainda não havia passado por completo.

Minha mãe ainda não havia voltado do hospital, a casa estava num completo silêncio e eu numa inquietação descomunal. A garota desse sonho, tenho certeza que é a mesma do outro sonho que tive, e certamente era a mesma garota do quadro daquele corredor. Tudo o que sonhei ficava martelando na minha cabeça e agora tinha a certeza de que não conseguiria voltar a dormir naquela noite. Minha mente inquieta só queria saber, o que era tudo isso?

Eles só queriam sonharOnde histórias criam vida. Descubra agora